Volkswagen foca em modelos híbridos em sua aposta para ressuscitar a marca Scout

Em entrevista à Bloomberg News, o CEO da linha Scout, Scott Keogh, diz que mais de 80% dos consumidores que reservaram um veículo da marca clássica optaram por modelos híbridos plug-in

Volkswagen Scout
Por Keith Naughton
26 de Novembro, 2025 | 02:45 PM

Bloomberg — A Volkswagen irá reposicionar sua nova linha de SUVs e picapes Scout — originalmente concebida para ser totalmente elétrica — como uma marca formada principalmente por híbridos a gasolina e eletricidade.

Mais de oito em cada dez consumidores que fizeram uma reserva de US$ 100 por um modelo da Scout optaram pelas versões híbridas plug-in em vez das elétricas, segundo o principal executivo da marca.

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À medida que a demanda por veículos elétricos perdeu força nos Estados Unidos no ano passado, a Scout acrescentou versões elétricas de autonomia estendida, ou EREVs, que contam com um motor a combustão abastecido a gasolina que recarrega a bateria automaticamente enquanto o veículo roda.

“O mercado se manifestou com toda clareza, sem sombra de dúvida, e gosta da tecnologia EREV — ponto final”, disse Scott Keogh, CEO da Scout, em entrevista à Bloomberg News, ressaltando que o modelo híbrido percorre 500 milhas (804,7 quilômetros) combinando eletricidade e um tanque de gasolina. “É um veículo elétrico sem o drama.”

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A VW adquiriu a Scout Motors quando comprou a Navistar, empresa sucessora da antiga controladora da marca, a International Harvester, em um negócio concluído em 2021.

Na esteira da bem-sucedida retomada do SUV Bronco pela Ford, a Volkswagen buscou ir além com uma versão elétrica do Scout retrô.

Agora a Scout está se reposicionando para acompanhar o momento, já que o presidente Donald Trump e legisladores republicanos avançaram para eliminar o crédito tributário de US$ 7.500 para consumidores que compram veículos elétricos e esvaziar, na prática, as regras de eficiência de combustível e de emissões.

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Isso fez disparar as vendas de SUVs a combustão, enquanto as vendas de veículos elétricos despencam nos Estados Unidos.

Quando chegar ao mercado no fim de 2027, a linha Scout fará uma espécie de retorno às suas origens de meados do século como um SUV e uma picape movidos a gasolina.

A Volkswagen está fazendo uma grande aposta na clássica linha de picapes americana, cuja produção terminou em 1980, numa tentativa de finalmente se tornar uma player relevante no mercado norte-americano.

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Keogh afirmou que a Scout não pretende reduzir o preço inicial — cerca de US$ 60 mil — do SUV Traveler e da picape Terra para compensar a perda do crédito tributário ao consumidor.

“Eu não vou tirar US$ 7.500 do preço do carro”, disse Keogh. “E, sinceramente, não acho que precisamos disso.”

A Scout recebeu mais de 130 mil reservas não vinculantes ao longo do último ano. Desse total, aproximadamente 73% foram para o SUV, enquanto 27% ficaram com a picape.

Volkswagen Scout

Picapes elétricas — incluindo a Cybertruck, da Tesla — têm enfrentado dificuldade para atrair compradores devido a preocupações sobre a duração da bateria quando rebocam ou transportam cargas pesadas.

A General Motors e a Stellantis reduziram seus planos para caminhonetes elétricas, enquanto a Ford estuda descontinuar sua picape elétrica F-150 Lightning, segundo informou o Wall Street Journal.

Keogh não descartou tomar uma decisão semelhante caso a picape da Scout também enfrente dificuldades.

“Certamente, é algo que podemos analisar”, disse Keogh sobre a possibilidade de cancelar a picape. “Mas não estamos tomando essa decisão agora.”

A montadora alemã também pode fabricar modelos de luxo da Audi ao lado dos veículos híbridos da Scout quando sua nova fábrica de US$ 2 bilhões, na Carolina do Sul, começar a produzir no fim de 2027.

O CEO da Audi afirmou recentemente que a marca estuda um SUV voltado ao mercado dos EUA, que, segundo reportagem da Automotive News Europe, seria construído sobre a base mecânica do SUV da Scout.

“Somos capazes de produzir modelos para outras marcas; a plataforma permite, e a fábrica também”, disse Keogh. “Mas realmente não tenho nada a confirmar sobre a Audi. A Audi pode responder isso.”

O objetivo da Volkswagen com a Scout é ampliar sua participação no mercado dos EUA, que gira em torno de 5%. Keogh afirmou que o SUV e a picape disputarão segmentos que representam cerca de 40% dos lucros da indústria automobilística americana.

“O grupo pode posicionar uma marca bem no centro do ‘pool’ de lucro dos EUA”, disse Keogh. “Independentemente de partido, acredito que os americanos querem produtos feitos nos EUA. Esses segmentos são fortemente dominados por uma mentalidade de ‘Compre Americano’.”

Keogh argumenta que o foco de Trump no “America First”, ao incentivar a fabricação doméstica, favorece a estratégia da Scout, que inclui o anúncio recente de um investimento de US$ 300 milhões em um parque de fornecedores de 200 acres ao lado da fábrica em Columbia, na Carolina do Sul.

Keogh afirma que o corte do crédito tributário de US$ 7.500 prejudica a Scout por apenas quatro anos, já que o incentivo estava previsto para expirar em 2032.

“Você não constrói uma fábrica, lança uma marca, faz os investimentos que estamos fazendo com base em um dinheiro que pode ou não estar disponível por basicamente quatro anos”, disse Keogh. “Não havia como tomarmos uma decisão de 50 anos com base nisso — e é disso que se trata a Scout.”

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