Vinci Compass negocia compra da Verde; gestora de Stuhlberger confirma conversas

Após ano de reestruturação diante do aumento de resgates e apostas de cenários que não se confirmaram, uma das mais bem-sucedidas gestoras da Faria Lima negocia incorporação

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Bloomberg Línea — A Vinci Compass está em negociações para adquirir a Verde Asset, comandada por Luis Stuhlberger, que é uma das principais e mais longevas gestoras de fundos de investimento no Brasil.

A negociação foi confirmada pela Verde à Bloomberg Línea, mas a gestora não quis fornecer informações adicionais. A Vinci Compass não respondeu aos pedidos de comentários sobre as negociações.

A informação da negociação foi noticiada pelo Brazil Journal na noite de segunda-feira (28). Segundo o Pipeline, do Valor Econômico, a expectativa é que o contrato seja assinado até setembro e que a operação fique abaixo de R$ 500 milhões.

O acordo em negociação envolve a formação de uma joint venture, por meio de troca de ações, ainda segundo o Brazil Journal.

Luis Stuhlberger e a Lumina Capital, de Daniel Goldberg, que tem uma fatia 25% na Verde, manteriam uma participação no negócio.

A equipe da Verde teria autonomia por um período de cinco anos e, depois desse prazo, a Vinci assumiria o controle do negócio, de acordo com o site.

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Em junho, a Verde tinha um patrimônio líquido de R$ 14,7 bilhões, enquanto a Vinci detinha R$ 53,8 bilhões, segundo dados da Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais).

Se concretizada, a transação pode elevar a posição do negócio de gestão da Vinci entre as maiores operações independentes no país - e reforçar a sua presença na área de fundos multimercados e de ações.

O core business da gestora fundada por Gilberto Sayão e Alessandro Horta em 2009 está em ativos alternativos - Horta é o CEO.

O negócio vem sendo costurado depois que a Verde acabou obrigada a passar por uma reestruturação de time em 2024 diante de resultados negativos de seus principais fundos.

Em outubro de 2024, a Bloomberg News detalhou a crise enfrentada por Stuhlberger em reportagem sobre as dificuldades da gestora, alvo de resgates por clientes. No auge, em 2021, a Verde teve R$ 55 bilhões sob gestão. Ao fim de junho, a gestora informava ter R$ 17 bilhões.

No ano passado, Stuhlberger demitiu traders e assumiu decisões de investimentos em fundos de ações da Verde depois de apostas erradas na alocação de capital, levando a Faria Lima a especular sobre o futuro da gestora.

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Stuhlberger tornou-se conhecido e altamente respeitado no mercado financeiro devido à sua capacidade de leitura de cenários e aos elevados retornos obtidos pelo seu principal fundo no longo prazo.

O fundo Verde, que deu nome à asset, chegou a acumular valorização de mais de 29.000% desde sua criação em 1997.

Ele liderou a fundação da Verde Asset em 2015. A origem da casa remonta aos anos 1980, com a então Hedging-Griffo, depois vendida como gestora em 2006 para o Credit Suisse, até a criação da nova casa nove anos mais tarde.

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Mais recentemente, em 2023, no primeiro ano do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a Verde - assim como muitas gestoras da Faria Lima - apostou na queda do mercado acionário devido à deterioração do quadro fiscal do país. O Ibovespa acabou fechando aquele ano com ganhos de mais de 20%.

Em abril de 2023, Stuhlberger reassumiu a gestão das decisões dos fundos de ações da Verde após registrar perdas no período anterior.

A Vinci Compass é resultado da combinação de negócios entre a Vinci Partners e a Compass, uma gestora americana especializada em investimentos na América Latina, que tinha mais de US$ 37 bilhões em ativos.

O acordo de incorporação da Compass pela Vinci foi fechado em março do ano passado, o que deu origem a uma nova instituição com mais de US$ 50 bilhões em ativos sob gestão.

-- Com informações da Bloomberg News.

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