Vale tem espaço para se tornar muito maior no mercado de cobre, diz CFO

Segundo Marcelo Bacci, a companhia tem capacidade de produzir o metal de maneira altamente competitiva, em um contexto de demanda global aquecida diante da transição energética; Ebitda do cobre avançou 53% no segundo trimestre na base anual

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Bloomberg Línea — Apesar das incertezas no cenário de transição energética global, a Vale (VALE3) tem como uma de suas principais apostas o cobre.

Segundo o vice-presidente executivo de finanças e relações com investidores, Marcelo Bacci, a companhia enxerga um crescimento expressivo tanto para o cobre quanto para o níquel.

“Esses produtos são absolutamente necessários para a transição energética, vemos uma demanda muito robusta”, disse o executivo nesta sexta-feira (1 de agosto) a jornalistas.

Em sua avaliação, o cobre passa por um momento de expansão globalmente, com potencial de melhora dos preços.

“O crescimento do cobre é muito estratégico para nós. Enxergamos que tem espaço para a Vale ser muito maior no mercado de cobre do que é hoje”, acrescentou.

No segundo trimestre do ano, a mineradora registrou um aumento de 53% da geração de caixa (Ebitda) do cobre em relação ao mesmo período do ano passado, totalizando US$ 538 milhões.

O resultado foi impulsionado principalmente por ganhos de desempenho operacional, maior diluição de custos fixos, maiores volumes de vendas e de receitas com subprodutos.

Leia mais: Vale tem menor geração de caixa no segundo trimestre e lucro recua 23%

No período, a Vale Metais Básicos obteve a licença prévia para o projeto Bacaba, que tem como objetivo estender a vida útil do complexo de Sossego, contribuindo com uma produção média anual de cobre de aproximadamente 50.000 toneladas ao longo de oito anos de operação.

A companhia também aposta no programa “Novo Carajás” para aumentar a produção do metal.

Segundo Bacci, embora o minério de ferro seja importante no desenvolvimento do projeto, o principal produto envolvido no Novo Carajás é justamente o cobre.

“Esses projetos estão, neste momento, sendo desenhados e certamente vamos seguir com eles nos próximos anos. Para este ano, os seus efeitos ainda são marginais”, disse.

Embora a companhia enxergue fundamentos positivos sobre os metais para a transição energética, Bacci relatou que no caso específico do níquel há desafios importantes.

“Hoje, temos um excesso de oferta global do níquel, o que tem feito os preços apresentarem um desempenho em patamar relativamente baixo, que não é saudável. Esse efeito vem muito mais da oferta do que da demanda”, disse.

Minério de ferro

No caso do minério de ferro, o executivo disse que a empresa enxerga um comportamento de demanda robusto no mercado global.

Bacci observou que a oferta apresentou um crescimento relativamente estável, situação que se reflete nos preços. “Quando olhamos à frente, continuamos vendo um equilíbrio”, disse.

Ele destacou que o contexto de exaustão acelerada de minas na Austrália e o crescimento modesto do consumo global, que inclui a China, contribui para a estabilização do mercado de minério de ferro.

“Temos minério com teor mais elevado e também de teor médio, o que nos permite fazer blends e adequar nosso portfólio sempre olhando para a necessidade dos clientes", disse.

Além da flexibilidade do portfólio, ponto crucial levantado pelos executivos da companhia nesta sexta-feira, a Vale também reforçou o objetivo de manter a dívida líquida expandida entre US$ 10 bilhões e US$ 20 bilhões, mas sempre com maior foco no “meio do caminho” (ponto médio de US$ 15 bilhões).

A mineradora encerrou o trimestre com o indicador no patamar de US$ 17 bilhões.

Tarifas dos EUA

Bacci disse que o peso dos Estados Unidos como destino dos produtos da Vale é pequeno.

Segundo o executivo, apenas 3% da receita da companhia vem do mercado norte-americano, com a grande maioria dos produtos, principalmente o níquel, proveniente do Canadá.

Ele ressaltou que o níquel tem tarifa zero para entrada nos Estados Unidos.

“Esse é um tema que não está nas nossas prioridades no momento, mas observamos quais podem ser os efeitos secundários”, disse Bacci. “Por ora, os efeitos para a Vale são limitados.”

Sobre a hipótese de aplicação da lei de reciprocidade do Brasil sobre os Estados Unidos, o executivo afirmou que a companhia já trabalha com alternativas para mitigar efeitos de possível aumento de custos nas importações.

Bacci relatou que, atualmente, cerca de 5% das importações de insumos e equipamentos da companhia vem dos Estados Unidos.

“Não é relevante para nós, e mesmo em relação a esses 5% estamos avaliando alternativas para minimizar possíveis impactos, caso haja reciprocidade.”

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