Bloomberg Línea — Volume não é tudo, mas é relevante e “simbólico”. Segundo o vice-presidente de finanças e relações com Investidores da Vale (VALE3), Marcelo Bacci, a companhia vem apresentando desempenho superior às suas rivais no negócio de minério de ferro neste ano, o que deve levar a mineradora à liderança do mercado global em volumes produzidos da commodity em 2025.
“Do ponto de vista de volumes, nós estamos no caminho de fechar o ano como a maior mineradora de ferro do mundo. Existe uma chance muito grande de isso acontecer, porque temos performado melhor que nossos pares”, disse o executivo a jornalistas nesta sexta-feira (31).
Ele acrescentou que a posição é importante para a companhia. “Volume não é tudo, mas no nosso negócio a escala é muito relevante e simbólica para nós.”
A produção de minério de ferro da Vale no terceiro trimestre atingiu 94,4 milhões de toneladas, o melhor resultado trimestral desde 2018, impulsionada por um novo recorde trimestral do projeto S11D, em Carajás, no Pará, e pelo avanço do ramp-up (subida de produção) dos principais projetos da companhia.
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No final de junho, o CEO da Vale, Gustavo Pimenta, afirmou publicamente que a companhia “tem que ser a maior mineradora do mundo”, devido principalmente a suas reservas.
No terceiro trimestre, a mineradora registrou um lucro líquido de US$ 2,69 bilhões, alta de 13% sobre igual período do ano passado, diante do avanço da geração de caixa.
No período, o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) ajustado somou US$ 4,36 bilhões, aumento de 21% sobre igual intervalo de 2024.
“Tivemos um trimestre muito forte de produção, com melhoria de custos nas três commodities. Nossa estratégia de portfólio levou a melhorias de prêmios e de geração de caixa, tanto de Ebitda quanto de fluxo de caixa”, disse Bacci. “Também fomos ajudados pelos preços de cobre e ferro. Já o níquel jogou contra”, acrescentou.
Pagamento de proventos
Mais cedo, executivos da Vale afirmaram em teleconferência com investidores que a companhia pode pagar dividendos extraordinários “em breve”. A empresa não forneceu detalhes sobre números.
Bacci reforçou que o guidance de dívida líquida expandida (que inclui o pagamento de reparação relativa aos desastres de Mariana e Brumadinho) está mantido para este ano, em um intervalo entre US$ 10 bilhões e US$ 20 bilhões.
“Hoje, nós estamos em US$ 16,6 bilhões [no indicador], vamos ter um número menor ao final do ano, porque o quarto trimestre é um período importante para geração de caixa”, disse o executivo. “À medida que nos aproximamos mais da metade inferior do range, temos uma tendência maior de pagar proventos, e vice-versa", acrescentou.
Para 2026, ele disse que a dinâmica será a mesma. “Obviamente muito influenciada pelos preços do minério de ferro e dos demais produtos que a gente vende, mas não vemos mudanças nesse horizonte em relação à política [de dividendos] e metodologia.”
Segundo Bacci, à medida que a Vale reduz o montante a pagar relativo a reparações de Brumadinho e Mariana, que compõem a dívida líquida expandida, a companhia cria maior flexibilidade de capital no futuro.
“Nos próximos dois anos, essa relação vai mudar um pouco e abrir espaço para que repensemos essa metodologia no futuro. Para 2026, será a mesma que aplicamos hoje”, ponderou Bacci.
Ele disse ainda que a companhia tem alternativas de crescimento orgânico, principalmente por ter uma ampla gama de direitos minerários. “As empresas que estão buscando M&As [fusões e aquisições] não têm essa alternativa de crescimento orgânico, então a opção é comprar alguém”, destacou.
Em sua avaliação, do ponto de vista de investimentos (capex), a alternativa de maior eficiência no momento para a Vale é aproveitar toda a sua base logística -- vital para a rentabilidade do negócio de mineração -- para continuar crescendo.
“Até porque os múltiplos estão mais altos no mercado porque os M&As estão aquecidos. Nossa estratégia é manter a disciplina [de capital], a rentabilidade esperada dos projetos que já temos é muito maior do que qualquer M&A”, afirmou Bacci.
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