UP2Tech atinge R$ 1 bilhão com distribuição de eletrônicos e mira expansão global

Companhia brasileira dobrou a receita nos primeiros dez meses do ano e estima encerrar 2025 com R$ 1,3 bi. Internacionalização começa pelo México e pode ser acelerada com novo sócio, diz o fundador e CEO Rodrigo Abreu à Bloomberg Línea

Un videojuego de Sony Group Corp. PlayStation 5 (PS5) y un mando expuestos en la sala de exposiciones de la compañía dentro del edificio Ginza Place en Tokio, Japón, el miércoles 27 de octubre de 2021. Está previsto que Sony publique sus cifras de resultados el 28 de octubre.
04 de Novembro, 2025 | 06:31 AM

Bloomberg Línea — Em pouco mais de dez anos de mercado, a UP2Tech passou por um ciclo de transformação quase completo. A empresa abriu as portas em 2014 com atuação na distribuição de equipamentos para telecomunicações, mercado que hoje representa apenas 5% do seu faturamento.

A venda e a distribuição de produtos eletrônicos, em um modelo iniciado em 2019, tomou a frente em relevância de um negócio que encerrou os dez primeiros meses do ano com faturamento de R$ 1 bilhão - o dobro do registrado em 2024. A nova projeção é encerrar o ano com R$ 1,3 bilhão.

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O negócio está sustentado na distribuição e na venda de produtos como smartphones, notebooks, aparelhos de som da JBL e consoles como PlayStation e Nintendo.

Na frente mais recente, o modelo 1P (em que vende seus produtos a varejistas), a UP2Tech tem clientes como Vivo, Carrefour e Havan, um negócio que responde por 30% da receita.

O carro-chefe é o 3P, com a venda de produtos de terceiros em grandes marketplaces, como Mercado Livre, Amazon, Shopee, Magalu e Casas Bahia.

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A vertical de negócios representa 60% da receita da UP2Tech e a expansão fez com que a empresa assumisse também a gestão das lojas oficiais da marcas como Playstation, Nintendo, LG e Positivo nesses espaços.

“No 3P, nosso risco é zero porque é uma venda em consignação”, afirmou o fundador e CEO Rodrigo Abreu, conhecido como Kalu.

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Mais do que isso, a divisão tem impulsionado a UP2Tech para projetos mais ambiciosos. A empresa desembarca no México em 2026, como primeiro mercado operacional - a companhia tem feito testes também nos Estados Unidos.

“A Amazon e o Mercado Livre representam hoje 50 % do nosso faturamento - a Shopee chegou forte também - e nós começamos a ter a necessidade de atender esses players fora do Brasil”, contou o executivo, formado em engenharia de telecomunicações.

A escolha pelo país, a segunda maior economia da América Latina, se deu pela similaridade com o mercado brasileiro em termos de comportamento e consumo mas também pelo potencial.

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“A renda per capita é 30% acima da brasileira, e o mercado de games é maior: o país vende 1,2 milhão de consoles por ano contra 700 mil do Brasil”, afirmou o executivo. O plano é investir US$ 5 milhões no país, com projeção de faturamento de US$ 50 milhões até dezembro de 2026.

A estratégia é replicar o modelo brasileiro: logística com DHL e vendas por meio de marketplaces como Mercado Livre e Amazon.

Hoje, com a multinacional alemã de logística e fullfilment como parceira, a UP2Tech opera com um centro de distribuição de 15.000 metros quadrados em Louveira (SP), de onde saem mais de 70.000 pedidos mensais. No ano passado, foram comercializadas mais de 1 milhão de peças.

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Até 2030, a meta da companhia é cobrir as Américas, com a presença em 18 países da América Latina para apoiar o Mercado Livre e ainda Estados Unidos e Canadá, em parceria com a Amazon.

A rápida expansão no mercado, segundo o fundador, é acelerada pelo uso do DaVinci, software proprietário baseado em inteligência artificial desenvolvido há cinco anos.

A ferramenta permite que a UPTech “ganhe os buy boxes” dos marketplaces, aparecendo como vendedor prioritário quando o consumidor busca por um produto - e deve ser usada também nos futuros mercados.

Investidor estratégico

Para sustentar o ritmo de crescimento e o ciclo de expansão, Kalu concedeu um mandato para que o Itaú BBA procure potenciais sócios para a operação. O interesse maior está em um potencial acionista estratégico, que contribua para acelerar a escala do negócio.

“Outro distribuidor internacional, que tenha recursos melhores para trazer ao Brasil e capital internacional, nos ajudaria a chegar aos R$ 5 bilhões mais rapidamente”, disse. A projeção no negócio é bater os R$ 2 bilhões no próximo ano.

Rodrigo Abreu, CEO da UP2Tech: A renda per capita no México é 30% acima da brasileira, e o mercado de games é maior. Eles vendem 1,2 milhão de consoles por ano contra 700 mil do Brasil

Até agora, toda a operação foi financiada com capital próprio e linhas de crédito bancárias, principalmente do Itaú. O nível de alavancagem é baixo: 0,5x o Ebitda, cuja margem está em 16%.

“Para 2026, devemos precisar de uma injeção de cerca de R$ 50 milhões de capital de terceiros”, projetou. “Ou vamos emitir uma debênture ou uma nota comercial.”

O executivo contou ter recebido e recusado abordagens de grupos internacionais em outros momentos. Agora, com a empresa mais madura e um faturamento considerado robusto, a conversa começa a fazer sentido.

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