Tesla diz que vai antecipar lançamento de carros mais baratos após queda nas vendas

Montadora de veículos elétricos espera ter novos modelos mais acessíveis no final deste ano ou início de 2025; ações sobem, apesar de resultado trimestral abaixo das estimativas

Tesla. A receita caiu 9% para US$ 21,3 bilhões no primeiro trimestre, abaixo dos US$ 22,3 bilhões esperados pelos analistas
Por Dana Hull - Ed Ludlow
23 de Abril, 2024 | 08:37 PM

Bloomberg — A Tesla (TSLA) disse que vai acelerar o lançamento de modelos mais acessíveis na tentativa de conter a deterioração de suas margens de lucro e vendas.

A montadora de veículos elétricos planeja lançar os carros mais baratos até o final deste ano ou no início do próximo, antes do cronograma que a empresa havia prometido anteriormente de fazer lançamentos em 2025. A companhia liderada por Elon Musk tem enfrentado uma queda nas vendas à medida que a demanda por veículos elétricos diminui.

“Atualizamos nossa linha futura de veículos para acelerar o lançamento de novos modelos antes do início da produção mencionado anteriormente para o segundo semestre de 2025. Então, esperamos que seja mais para o início de 2025, se não no final deste ano”, disse Musk em uma teleconferência com analistas.

A decisão de acelerar modelos mais baratos foi bem recebida pelos investidores e ofuscou o que, de outra forma, seria um trimestre ruim para a líder de mercado de veículos elétricos. Ela não atingiu as estimativas de Wall Street para lucros, vendas e margens, e alertou para um crescimento lento ao longo do ano.

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As ações da Tesla subiram 11% até as 18h06 de Nova York, após o fechamento. As ações despencaram 42% este ano até o fechamento de terça-feira (23) e têm o pior desempenho no índice S&P 500.

Leia também: Tesla corta preço de carro-chefe em US$ 2.000 após vender menos e estoque subir

O CEO também alfinetou rivais como a General Motors (GM) e a Ford (F), que reduziram a produção de elétricos e passaram a apostar novamente em híbridos a gasolina.

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“A taxa de adoção de veículos elétricos globalmente está sob pressão e muitos outros fabricantes de automóveis estão recuando e buscando híbridos plug-in em vez disso. Acreditamos que esta não é a estratégia correta”, disse ele.

A própria estratégia da Tesla tem sido confusa na maior parte de 2024. A empresa passou o último ano reduzindo os preços em toda a sua linha na tentativa de aumentar o volume de vendas, mas a demanda por seus veículos diminuiu.

Além disso, a decisão abrupta de Musk de apostar “com tudo” em um táxi-robô, para o qual a empresa não tem aprovação regulatória e possivelmente a capacidade tecnológica, contribuiu para os problemas da empresa. Os investidores esperavam que a empresa se concentrasse em um novo modelo de US$ 25.000 que Musk havia prometido colocar em produção antes do final do ano que vem.

Não estava imediatamente claro se o compromisso da Tesla com “modelos mais acessíveis” era uma referência ao carro de baixo custo já discutido, às vezes chamado de Model 2. Muitos investidores veem isso como uma forma de ajudar a renovar o entusiasmo em torno de sua linha de produtos e atrair novos clientes.

“Acho que já dissemos tudo o que vamos dizer sobre isso”, disse Musk quando perguntado sobre os modelos acessíveis.

A Tesla não deu um cronograma, mas disse que continua a perseguir um novo processo de fabricação “desempacotado”, baseado em módulos, para seu modelo de táxi-robô prometido. Refletindo tempos mais magros, a Tesla ressaltou que esses novos modelos serão construídos em linhas de produção existentes nas fábricas atuais para maximizar a capacidade e crescer “prudentemente”.

Balanço da Tesla no primeiro trimestre

O fabricante de automóveis continua sendo o principal fabricante de veículos elétricos no mercado dos Estados Unidos, mas seus lucros têm sido pressionados há vários trimestres.

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A margem bruta automotiva da Tesla — uma medida-chave de lucratividade — foi de 16,4% no primeiro trimestre, menor do que os 17,6% esperados por Wall Street. Isso está longe da margem de pico de 30% que a empresa registrou no início de 2022.

O lucro ajustado por ação da Tesla foi de 45 centavos nos primeiros três meses do ano, em comparação com a expectativa de 52 centavos por ação de Wall Street.

A receita caiu 9% para US$ 21,3 bilhões, de acordo com um comunicado divulgado na terça-feira, em linha com sua primeira queda anual nas entregas desde 2020. O resultado ficou aquém dos US$ 22,3 bilhões esperados pelos analistas.

Enquanto isso, o estoque global de veículos da Tesla subiu para 28 dias, um aumento significativo em relação aos 15 dias no final do último trimestre.

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A métrica captura quanto tempo uma montadora leva para mover os veículos de seus lotes. A Tesla vende seus carros diretamente aos consumidores e não possui uma rede de concessionárias.

A Tesla não está sozinha em sentir o aperto de uma grande oferta em meio à demanda em declínio. Os estoques médios de veículos novos em toda a indústria nos EUA subiram para 72 dias no início de abril, segundo a Cox Automotive.

O diretor financeiro da Tesla, Vaibhav Taneja, disse aos investidores na ligação que o aumento nos estoques é um contratempo temporário. “Esperamos que a construção de estoques se reverta no segundo trimestre e que o fluxo de caixa livre retorne ao território positivo”, disse Taneja.

A fabricante de elétricos com sede em Austin, no Texas, manteve suas expectativas de crescimento de curto prazo sob controle, dizendo que as entregas podem ser menores do que no ano passado.

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“Em 2024, nossa taxa de crescimento do volume de veículos pode ser significativamente menor do que a taxa de crescimento alcançada em 2023, enquanto nossas equipes trabalham no lançamento do veículo de próxima geração e outros produtos”, disse a empresa.

No início deste mês, a Tesla iniciou sua maior rodada de demissões da história, cortando mais de 10% dos cargos — embora a Bloomberg tenha relatado que a empresa pode acabar dispensando cerca de 20% de sua equipe. Ao mesmo tempo, dois executivos seniores renunciaram, levantando questões sobre quem está no comando de iniciativas-chave.

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-- Com a colaboração de Richard Clough.

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