Termômetro do luxo, LVMH volta a crescer após aperto na China e anima mercado premium

Vendas do grupo interromperam dois trimestres de declínio e aumentaram 1% em uma base orgânica, com uma demanda encorajadora na China, apesar do quadro macroeconômico global

Vendas do grupo interromperam dois trimestres de declínio e aumentaram 1% em uma base orgânica (Foto: Jose Sarmento Matos/Bloomberg)
Por Angelina Rascouet
14 de Outubro, 2025 | 05:14 PM

Bloomberg — As vendas da LVMH voltaram inesperadamente a crescer no terceiro trimestre, à medida que os compradores se esbanjaram em champanhe Moët & Chandon e perfumes Dior, sugerindo que uma queda persistente na demanda de luxo está diminuindo.

As vendas do grupo aumentaram 1% em uma base orgânica, interrompendo dois trimestres de declínio, informou a LVMH Moët Hennessy Louis Vuitton na terça-feira (14).

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A receita de todas as divisões da empresa superou as estimativas dos analistas, incluindo a unidade de moda e artigos de couro, que caiu 2%, menos do que o esperado.

“No geral, consideramos esses resultados como um passo na direção certa”, disse o analista da RBC Capital Markets, Piral Dadhania, em uma nota.

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Os American Depositary Receipts (ADRs) da LVMH subiram até 8,8% em Nova York após a divulgação, enquanto os ADRs da Kering, proprietária da Gucci, da Hermès e da Richemont, proprietária da Cartier, também subiram, já que a LVMH é geralmente considerada um termômetro.

O maior grupo de luxo do mundo, liderado pelo bilionário Bernard Arnault, sofreu uma retração prolongada, particularmente na China, que há muito tempo vinha sendo um motor de crescimento.

Em um sinal positivo para a empresa e para o setor de luxo em geral, as vendas da LVMH na região que inclui a China aumentaram 2% no último trimestre, depois de terem caído 9% no primeiro semestre.

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Potencial da China

A empresa está observando uma demanda encorajadora na China, apesar do quadro macroeconômico, disse a diretora financeira da LVMH, Cecile Cabanis, aos analistas em uma ligação na terça-feira.

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Há mais potencial para uma retomada na China, onde os consumidores “ainda estão sentados em uma grande quantidade de economias pós-Covid”, disse a analista da Morningstar, Jelena Sokolova, em um e-mail.

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O retorno da LVMH ao crescimento nessa região deve apoiar o sentimento do setor, acrescentou ela.

Até mesmo a divisão de vinhos e destilados, que passou por dois anos e meio de queda na receita, registrou crescimento, ajudada por um reabastecimento de champanhe nos EUA e pelas vendas de vinho rosé.

As vendas nos EUA aumentaram em geral 3%, enquanto a receita na Europa e no Japão caiu 2% e 13%, respectivamente. As vendas no Japão aumentaram no ano passado, pois os turistas chineses fizeram compras no país para aproveitar o iene fraco, mas a situação voltou ao normal desde então.

Cabanis advertiu que a base comparável para seu desempenho será mais difícil no quarto trimestre do que no terceiro. Em 2026, essas bases de comparação serão mais fáceis, acrescentou.

Mudanças criativas

Em meio à recessão, a LVMH realizou mudanças em algumas de suas principais marcas, incluindo a Christian Dior Couture.

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No início deste ano, a empresa nomeou Jonathan Anderson como o novo estilista, supervisionando a moda feminina, a alta costura e a moda masculina.

O ex-diretor criativo da Loewe apresentou seu primeiro desfile de moda feminina este mês em Paris. Seus novos modelos masculinos devem chegar às lojas em janeiro, e os femininos a partir do segundo trimestre.

Enquanto isso, a marca Fendi, da LVMH, nomeou a ex-designer de moda feminina da Dior, Maria Grazia Chiuri, como sua nova diretora de criação, informou a marca na terça-feira. Chiuri apresentará sua primeira coleção em Milão em fevereiro.

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