Tecnologia ou criação e empatia? Este vencedor de Nobel aconselha novas gerações

Christopher Pissarides diz que profissionais em certas funções de TI podem enfrentar ‘autodestruição’ e que habilidades socioemocionais terão demanda maior no mercado de trabalho

Nobel Prize Winner Cautions on Rush Into STEM After Rise of AI; Christopher Pissarides. Photographer: Simon Dawson/Bloomberg
Por Tom Rees
03 de Janeiro, 2024 | 09:07 AM

Bloomberg — Um economista especializado em mercado de trabalho, vencedor do Prêmio Nobel de Economia, alertou as gerações mais jovens sobre a preferência por disciplinas no campo da ciência, da tecnologia, da engenharia e da matemática (STEM, na sigla em inglês), dizendo que habilidades “empáticas” e criativas podem prosperar em um mundo dominado pela Inteligência Artificial (IA).

Christopher Pissarides, professor de economia na London School of Economics, disse que profissionais em determinadas funções de TI correm o risco de semear suas “próprias sementes de autodestruição” ao promoverem a IA, que acabará por desempenhar os mesmos empregos no futuro.

Embora Pissarides, vencedor do Nobel em 2010 junto com Peter Diamond e Dale Mortensen, seja otimista quanto ao impacto global da IA no mercado de trabalho, ele destacou suas preocupações sobre pessoas que cursam disciplinas nas áreas citadas na expectativa de aproveitar os avanços tecnológicos.

Ele explicou que, apesar do rápido crescimento da demanda por habilidades em ciência, tecnologia, engenharia e matemática atualmente, os empregos que exigem competências presenciais mais tradicionais, como hotelaria e saúde, continuarão a dominar o mercado de trabalho.

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“As habilidades que são necessárias agora – para coletar dados, agrupá-los, desenvolvê-los e usá-los para desenvolver a próxima fase da inteligência artificial ou mais, a ponto de tornar a IA mais aplicável aos empregos – tornarão obsoletas as competências necessárias atualmente, porque estarão fazendo o trabalho”, disse em entrevista à Bloomberg News.

“Apesar do fato de vermos crescimento, elas ainda não são tão numerosas quanto o necessário para ter empregos para todos os graduados que estão saindo com STEM, porque é isso que querem fazer.”

E acrescentou: “Essa demanda por novas habilidades de TI contém suas próprias sementes de autodestruição”.

A popularidade das disciplinas em STEM, como a ciência da computação, cresceu nos últimos anos, diante da expectativa de estudantes de melhorar as chances de emprego para o futuro mundo do trabalho. A rápida ascensão da IA poderá transformar as competências necessárias aos trabalhadores, uma vez que torna obsoletas algumas tarefas e funções.

No entanto, a longo prazo, as competências de gestão, criativas e empáticas, incluindo comunicações, serviços ao cliente e assistência médica, continuarão provavelmente em alta demanda, uma vez que são menos substituíveis pela tecnologia, especialmente pela IA.

“Quando se diz que a maioria dos empregos envolverá cuidados pessoais, comunicação, boas relações sociais, as pessoas podem dizer ‘Oh, Deus, é isso que devemos esperar no futuro?’”, disse Pissarides. “Não deveríamos desprezar esses empregos. Eles são melhores do que os empregos que os que abandonaram a escola costumavam ter.”

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