‘Taxa das blusinhas’: vendas de Shein e Temu caem nos EUA após alta de preços

A Shein registrou uma queda de 23% nas vendas nos EUA durante a semana de 25 de abril a 1º de maio; as vendas da Temu caíram 17% no mesmo período

Sede da Shein no Brasil, no edifício Veracruz II, na Faria Lima
Por Bloomberg News
07 de Maio, 2025 | 08:36 AM

Bloomberg — Shein e Temu registraram quedas de dois dígitos nas vendas na semana seguinte ao aumento dos preços de varejo para cobrir os custos do aumento das tarifas dos EUA, um sinal inicial de que as medidas comerciais punitivas de Donald Trump afetaram a popularidade das plataformas de compras.

A Shein registrou uma queda de 23% nas vendas observadas nos EUA durante a semana de 25 de abril a 1º de maio, em comparação com os sete dias anteriores, quando os aumentos de preços não haviam sido aplicados, de acordo com a Bloomberg Second Measure, que analisa dados de cartões de crédito e débito.

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As vendas da Temu, de propriedade da PDD, caíram 17% no mesmo período, segundo os dados.

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A queda nas vendas observada em ambos os mercados online contrastou com um aumento nas vendas em março e no início de abril, quando os consumidores acumularam produtos, desde utensílios de cozinha até roupas, antecipando os próximos aumentos de preços.

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A queda inicial nas vendas é uma das primeiras reações dos consumidores norte-americanos aos aumentos de preços induzidos pela decisão de Trump de remover a chamada brecha fiscal “de minimis”, com a qual Temu e Shein contam há muito tempo para enviar pequenas encomendas isentas de impostos da China para os consumidores norte-americanos.

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Trump também aumentou as tarifas sobre as importações chinesas para 145%, com a confiança do consumidor dos EUA - já pressionada pelas pressões sobre o custo de vida - caindo para uma baixa de quase cinco anos em abril. Há cada vez mais evidências de que a inflação ao consumidor já se instalou e só tende a crescer.

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(Fonte: Bloomberg Second Measure)

O risco de novos aumentos de preços também paira sobre os principais varejistas dos EUA.

Empresas como o Walmart e a Target ainda não aumentaram os preços, mas alguns fornecedores chineses dizem que se recusarão a absorver o custo das tarifas, alimentando a incerteza sobre se os varejistas e compradores poderão ser forçados a pagar a conta.

A decisão da Amazon de não exibir o custo das tarifas em seus produtos após uma reclamação de Trump mostrou um novo dilema enfrentado pelos varejistas: Repassar os aumentos de custo para o consumidor ou ver as margens de lucro diminuírem.

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A Temu e a Shein dependem muito da cadeia de suprimentos da China. Ambas as empresas ajustaram seus preços a partir de 25 de abril, uma vez que as despesas operacionais aumentaram devido às tarifas, e a Temu, desde então, repassou quase todos os novos impostos de importação de Trump para os consumidores americanos em produtos enviados diretamente da China, com o custo de algumas mercadorias quase dobrando.

O preço médio dos 100 principais produtos de beleza e saúde da Shein mais do que dobrou em comparação com 15 de abril, quando a Bloomberg começou a monitorar os preços de centenas de produtos diariamente.

O custo médio dos itens na categoria de brinquedos e jogos subiu mais de 60%, os produtos para casa e cozinha aumentaram quase 40% e as roupas femininas subiram 10%.

(Fonte: Bloomberg)

O impacto das tarifas sobre a Shein vai além dos preços, com seu plano de oferta pública inicial desacelerando à medida que a varejista avalia o impacto sobre seus negócios e aguarda as aprovações regulatórias, informou a Bloomberg este mês.

A Temu agora planeja abandonar seu modelo de sucesso centrado em importações chinesas baratas e mudar para um modelo de “atendimento local”. De acordo com o plano, o objetivo será vender apenas produtos de comerciantes locais no mercado dos EUA em um futuro próximo, uma forma de evitar as tarifas de importação.

A Temu começou a exibir mais produtos de armazéns locais em suas páginas de mais vendidos depois de 25 de abril.

Os preços desses produtos permaneceram praticamente estáveis desde então, como mostram os dados compilados pela Bloomberg, pois eles já estão armazenados nos EUA e não estão sujeitos a tarifas. A partir de 30 de abril, centenas de produtos monitorados pela Bloomberg News passaram a ser enviados localmente.

--Com a ajuda de Denise Lu.

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