SoftBank vê valuations mais realistas e investimento maior em startups em LatAm

Juan Franck, managing partner para fundos do grupo japonês na região, diz à Bloomberg News que conta com ‘pipeline saudável de oportunidades’, mas que continuarão criteriosos

SoftBank Stores Ahead of Group Earnings
Por Zijia Song - Giovanna Bellotti Azevedo
28 de Fevereiro, 2024 | 03:41 PM

Bloomberg — O SoftBank, que impulsionou a “febre” de venture capital na América Latina em anos recentes, espera que os investimentos aumentem na região novamente neste ano, à medida que os valuations diminuem para níveis mais realistas como parte de uma correção difícil para as startups de tecnologia.

Juan Franck, managing partner do SoftBank Latin America Funds, disse que espera um aumento na atividade depois de anos de cautela elevada devido às altas taxas de juros e à escassez de negócios atrativos.

“Continuamos com um pipeline saudável de oportunidades, mas continuaremos criteriosos nos valuations”, disse Franck em uma entrevista à Bloomberg News.

Ele acrescentou que o mercado se recuperou no segundo semestre de 2023, à medida que a diferença entre as expectativas dos fundadores e os valuations que os investidores estavam dispostos a oferecer “diminuiu significativamente”.

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O SoftBank causou um grande impacto a partir de 2019, após lançar um fundo de US$ 5 bilhões dedicado à América Latina. Posteriormente, alocou mais US$ 3 bilhões para a região e foi um grande apoiador de empresas como Nubank (NU), Gympass, Kavak e Rappi.

Depois que a equipe anterior saiu no início de 2022, o SoftBank reorientou sua estratégia de investimento, em grande parte, gerenciando seu portfólio atual, uma vez que os mercados de capitais continuam em grande parte fechados para saídas - exits -, como ofertas públicas iniciais.

Em 2023, a equipe de investimentos do SoftBank para a América Latina analisou mais de 100 empresas, mas fez apenas sete investimentos, disse Franck.

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O grupo também vendeu alguns de seus investimentos na região pela primeira vez. O SoftBank estava entre os vendedores da Pismo, fintech brasileira que a Visa (V) adquiriu por US$ 1 bilhão em junho.

Outros desinvestimentos incluíram participações na Avenue Holding Cayman, adquirida pelo Itaú Unibanco (ITUB4), e na empresa de pagamentos mexicana Yaydoo, adquirida pela PayStand.

Em 31 de dezembro, os fundos haviam alocado US$ 7,8 bilhões para a América Latina, com o valor justo desses investimentos avaliado em US$ 6,3 bilhões. Isso representa um aumento de US$ 600 milhões em relação a março de 2023.

‘Amplo grupo de empreendedores’

“Estamos animados porque ainda temos um amplo grupo de empreendedores e os grandes problemas a serem resolvidos ainda estão lá”, disse Franck. “2024 será um ano muito interessante porque as expectativas em termos de valuations são muito mais razoáveis para empresas muito fortes.”

Se o SoftBank precisar de capital adicional para investir na América Latina no futuro, pode contar com o Vision Fund 2, que tem cerca de US$ 8 bilhões, disse Franck.

O grupo japonês se junta a alguns dos maiores fundos da região, que afirmaram estar prontos para fazer novos investimentos em startups de tecnologia após ficarem “de escanteio” em 2023.

Considerando que o capital ainda é caro e escasso em geral, Franck afirmou que o SoftBank prefere empresas que requerem relativamente pouco capital inicial para começar e têm boas margens brutas, como as de software e infraestrutura financeira.

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“Preferimos investir em empresas com baixo uso de capital”, disse. “Continuaremos muito disciplinados.”

- Com a colaboração de Cristiane Lucchesi.

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