Sabesp: leilão terá duas etapas e 15% das ações irão para ‘acionista estratégico’

Segundo secretária, modelo escolhido para follow-on decorre da necessidade do governo de atingir um bom negócio para a empresa e focar em governança

Sabesp
Por Barbara Nascimento
18 de Abril, 2024 | 07:39 AM

Bloomberg — O governo de São Paulo finalizou os detalhes do modelo para o follow-on e a definição do acionista estratégico para a privatização da Sabesp (SBSP3).

O processo será dividido em duas etapas: primeiro, a empresa selecionará dois chamados “acionistas estratégicos”, com base em quem oferecer o preço mais alto.

Esses investidores irão então ancorar uma continuação no mercado mais amplo, no qual dois “books” separados serão construídos e competirão pelo maior número de propostas.

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A precificação para essa etapa seguirá a proposta do detentor estratégico, e quem tiver o maior volume será escolhido como vencedor e passará a deter 15% das ações da nova empresa, diz a secretária de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística de São Paulo, Natalia Resende.

O novo modelo de venda baseia-se na premissa de que os investidores escolherão a melhor empresa para administrar a Sabesp, e não apenas o preço.

Natália explica que o percentual de ações que serão vendidas na segunda etapa do leilão não foi fixado, mas ponderou que o governo, que hoje detém fatia de 50,3%, quer manter ao menos 18% das ações da Sabesp – o que significaria uma oferta de R$ 18 bilhões.

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A decisão por esse modelo decorre da necessidade do governo de atingir um bom negócio para a empresa, ao mesmo tempo em que garante um acionista âncora que foque em governança, explica a secretária. “É um olhar associado”, disse Natalia.

O modelo escolhido para o follow-on da Sabesp era uma das maiores dúvidas dos investidores, dado que, por se tratar de uma estatal, o processo de entrada do acionista estratégico poderia ser facilmente questionado pelo Tribunal de Contas do Estado. A privatização é amplamente aguardada pelo mercado e promete ser a maior no setor de saneamento no país.

Conselho

O futuro acionista estratégico terá um período de “lock-up” até 2029 no qual ambos, comprador e governo, não poderão se desfazer das ações. Depois disso, o contrato será mantido se o acionista seguir com ao menos 10% da empresa.

O modelo fixado também determina três assentos no conselho para o estratégico, três para o governo e três escolhidos em comum acordo.

O governo incluiu ainda uma golden share no processo, que dá poder de veto em decisões estratégicas como mudança de nome e sede, e estabelece poison pills. Uma assembleia para votar o contrato com as prefeituras submetidas ao serviço da Sabesp será convocada para 20 de maio, de acordo com a secretária.

Números como valuation, preço mínimo e a regra para definição de CEO ainda serão definidos, disse ela.

O follow-on da Sabesp está previsto para acontecer em meados do ano, segundo o cronograma do governo.

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