Reag vende gestora Empírica por R$ 75 mi e troca chairman após Operação Carbono Oculto

Negócio faz parte de reestruturação diante de investigação da Justiça e da Polícia Federal sobre suposto envolvimento com crime organizado; mudanças na gestão incluem saída do presidente do conselho e da diretora financeira

Região da Avenida Faria Lima, em São Paulo: venda da Empírica representa uma redução no portfólio da Reag durante um período de reestruturação. (Foto: Bloomberg)
10 de Setembro, 2025 | 01:27 PM

Bloomberg Línea — A Reag Investimentos (REAG3) fechou acordo para vender sua participação na Empírica Holding para a Smart Hub Participações. A operação faz parte da estratégia de venda de ativos da Reag após grupo ser alvo na Operação Carbono Oculto, que investiga envolvimento de empresas com a organização criminosa PCC.

O negócio pela Empírica, que trabalha com gestão de investimentos e ativos financeiros, pode chegar a R$ 75 milhões.

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A Smart Hub tem como sócios Marcos Mansur e Salim Mansur. Os irmãos comandam a gestora de crédito SRM, cuja controladora é a Smart Hub. Apesar do sobrenome, não têm parentesco com o fundador da Reag, João Carlos Mansur.

A Reag, considerada a maior gestora independente do Brasil, com R$ 340 bilhões sob gestão, foi envolvida em supostas irregularidades investigadas no âmbito da Operação Carbono Oculto, com suspeitas de ter fundos de investimentos usados para ocultar patrimônio do crime organizado. A companhia nega.

O pagamento por parte da Smart Hub pela compra da Empírica será feito em duas partes, segundo fato relevante divulgado na noite de terça-feira (9).

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A primeira é de R$ 25 milhões, divididos em seis parcelas a cada seis meses durante três anos. A segunda parte envolve dívidas que a Smart Hub vai assumir, estimadas entre R$ 36 milhões e R$ 50 milhões.

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As parcelas seguem uma ordem crescente. As duas primeiras representam 10% cada uma do valor total. As duas seguintes sobem para 15% cada. As duas últimas ficam em 25% cada uma.

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A Smart Hub vai pagar dívidas que a Reag devia por causa da compra anterior da Empírica em 2024. Esses valores dependem de quanto a Empírica faturar nos próximos três anos, especificamente até maio de 2026, 2027 e 2028.

O acordo ainda é preliminar, segundo a empresa. O contrato final pode ter mudanças no preço baseadas no desempenho da Empírica nos próximos anos. Isso significa que o valor pode ser ajustado para cima ou para baixo.

Redução do portfólio

A venda da Empírica representa uma redução no portfólio da Reag durante um período de reestruturação.

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Os antigos donos da Empírica vão assinar um documento liberando a Reag de qualquer cobrança futura. Isso elimina possíveis problemas jurídicos relacionados a pagamentos pendentes, segundo o fato relevante.

“Estamos muito entusiasmados com as sinergias que esta união irá gerar”, disso Leonardo Calixto, um dos fundadores da Empírica Investimentos, em comunicado divulgado pela SRM, do grupo da Smart Hub.

Para o negócio ser finalizado, várias condições precisam ser cumpridas. Entre elas estão aprovações de órgãos reguladores, incluindo análise antitruste, e uma auditoria detalhada da Empírica. A transação poderá estar sujeita à aprovação do Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica), detalhou a SRM.

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A Smart Hub vai fazer uma análise da situação financeira da Empírica antes de fechar o negócio.

“O acordo prevê 60 dias para due diligence, após os quais serão finalizados os documentos da transação”, informou a SRM em comunicado.

Com essa operação, os ativos sob gestão da SRM atingirão R$ 7 bilhões, reforçando sua posição como pioneira em FIDCs (Fundos de Investimento em Direito Creditório) no país, segundo o comunicado.

Também é necessário negociar e assinar os contratos definitivos. O acordo atual estabelece apenas os termos principais, sem todos os detalhes contratuais.

O pagamento parcelado reduz a pressão sobre o caixa da Smart Hub. Dividir o valor em três anos facilita o planejamento financeiro da compradora.

Ao assumir as dívidas relacionadas ao desempenho futuro da Empírica, a Smart Hub fica responsável pelos riscos do negócio. Isso protege a Reag de obrigações que dependem de resultados futuros.

Desmonte

O desmonte do grupo Reag também envolve a Ciabrasf (Companhia Brasileira de Serviços Financeiros), da Reag Capital Holding. Hoje a B100, holding da Planner Corretora, anunciou a assinatura de um protocolo de intenções para a aquisição da Ciabrasf.

“A B100 terá 60 dias de exclusividade para aquisição da Ciabrasf, que deixará de fazer parte do grupo Reag”, informou nota divulgada pela Planner.

Com mais de R$ 340 bilhões em fundos administrados, a Ciabrasf é apresentada como “a maior provedora independente de soluções fiduciárias do Brasil”.

“Caso a transação se confirme, os atuais controladores deixam a companhia, que passará a ser gerida pela B100″, complementou o comunicado.

Nova direção do conselho

A venda desses ativos ocorre junto com uma reformulação da direção da Reag. João Carlos Mansur deixou a presidência do conselho de administração. Felipe Oppenheimer Pitanga Borges assumiu o cargo.

Fabiana Franco saiu do cargo de diretora financeira, e Edson Inácio da Silva foi escolhido para substituí-la. As mudanças foram aprovadas em reunião do conselho na segunda-feira (8).

No dia seguinte, Silvano Gersztel também renunciou ao cargo de conselheiro. A empresa informou que vai escolher dois novos membros para o conselho em breve.

As vagas abertas incluem as que eram de Altair Tadeu Rossato e Silvano Gersztel. A Reag não disse quando vai anunciar os substitutos nem quais critérios vai usar para escolhê-los.

Dario Tanure continua como diretor-presidente e responsável pelas relações com investidores da Reag. Ele mantém o cargo durante as mudanças na empresa.

As mudanças na direção acontecem em resposta a uma solicitação da CVM (Comissão de Valores Mobiliários).

Atualiza às 15h15 com a nota da B100 sobre acordo para aquisição da Ciabrasf

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