Quem são os donos da 123Milhas, agência de viagens que suspendeu pacotes promocionais

Empresa surgiu como uma intermediadora entre o contato de pessoas que queriam vender milhas e clientes em busca de viagens de avião mais baratas; fundadores não responderam

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25 de Agosto, 2023 | 10:26 AM

Bloomberg Línea — No fim de semana, a 123Milhas chamou a atenção após a empresa suspender as emissões de bilhetes aéreos e pacotes da linha “PROMO” com embarques previstos de setembro e dezembro. Em comunicado, a agência de viagens cita a “pressão de demanda no mercado doméstico” como a razão para a decisão.

A empresa, fundada em 2016 em Belo Horizonte, surgiu como uma intermediadora entre pessoas que queriam vender milhas e clientes que estavam em busca de passagens de avião mais baratas. Anos depois, a 123Milhas passou a oferecer também opções de reservas de hotéis, pacotes de viagens, aluguel de carro e seguro viagem.

Os fundadores e sócios da companhia são os irmãos Ramiro Julio Soares Madureira e Augusto Julio Soares Madureira, de acordo com registros da Receita Federal. A startup conta ainda com a sociedade da Novum Investimentos e Participações, da qual Augusto e Ramiro são diretores. Eles também aparecem como sócio-administradores da HotMilhas, plataforma de venda de pontos acumulados em programas de milhagem no atacado, que tem um modelo de negócio semelhante.

Procurada pela reportagem, a empresa não respondeu aos pedidos de comentários até a publicação.

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A origem da 123Milhas tem ligação com um dos principais produtos exportados por Minas Gerais: o café. A família de Augusto e Ramiro tinha fazendas de café e apoiou a empreitada dos dois e outros parentes no segmento de turismo.

O início do negócio coincide com o crescimento de redes sociais como Twitter e Facebook, quando usuários passaram a oferecer suas milhas para venda na internet. Eles começaram a visitar a agências de viagens da capital mineira oferecendo uma tabela de preços para a venda de milhas.

Em janeiro deste ano, a 123Milhas e a MaxMilhas anunciaram uma fusão, mas continuam com operações independentes. No ano passado, segundo uma fonte próxima à MaxMilhas, que pediu anonimato, pois suas informações não são públicas, disse a Bloomberg Línea que a 123Milhas seria uma “copycat” da MaxMilhas, uma plataforma também surgida na capital mineira que começou bem antes, em 2013, comprando milhas de usuários para vender passagens mais baratas.

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O incentivo à venda de milhas pelos consumidores ainda é um assunto polêmico. Uma fonte do setor diz que as regras dos programas de milhagem, como o Smiles, da Gol (GOLL4), e o TudoAzul, da Azul (AZUL4), proíbem esse tipo de negócio, mas as companhias aéreas se beneficiam desse mercado, pois essas plataformas ajudam a vender passagens.

Nos últimos dias, as reclamações de clientes da 123Milhas nas redes sociais e no site Reclame Aqui aumentaram substancialmente. Segundo relatos, a empresa cancelou viagens sem aviso prévio e consumidores alegam que não estão conseguindo falar com a empresa.

A 123Milhas disse em nota que “os valores pagos pelos clientes que adquiriram produtos da linha PROMO com embarque previsto para setembro, outubro, novembro e dezembro de 2023 serão integralmente devolvidos em vouchers, com correção equivalente a 150% do CDI. Os vouchers podem ser usados para compra de outros produtos da 123Milhas.”

--Com colaboração de Sergio Ripardo e Juliana Estigarríbia

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Tamires Vitorio

Jornalista formada pela FAPCOM, com experiência em mercados, economia, negócios e tecnologia. Foi repórter da EXAME e CNN e editora no Money Times.