Porto mira topo e base da pirâmide para acelerar expansão, diz futura CEO em seguros

Hipersegmentação é uma das estratégias para 2026, disse à Bloomberg Línea Patricia Chacon, que será a nova CEO da vertical de seguros a partir de janeiro; cobertura para eventos como alagamentos é outra avenida de crescimento

Patrícia Chacon, nova CEO da Porto Seguro
03 de Dezembro, 2025 | 05:32 AM

Bloomberg Línea — Há três anos, a holding Porto tirou o “Seguro” do nome da empresa para reforçar sua estratégia de diversificação, atualmente dividida em quatro frentes: seguros, banking, saúde e serviços. O negócio inicial ainda é o carro-chefe: a atividade seguradora representa 56% do resultado do grupo.

E a vertical de seguros está próxima de uma mudança de gestão. A partir de janeiro, a COO Patricia Chacon irá assumir como CEO da Porto Seguro, em substituição a Rivaldo Leite, que está há 45 anos na companhia e vai migrar para o conselho de administração. Paulo Kakinoff segue como CEO da Porto (grupo).

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À Bloomberg Línea, a executiva disse que a estratégia para a transição é de continuidade e de aprofundar o movimento de diversificação do grupo também dentro da vertical de seguros do ponto de vista de produtos.

A principal mudança já em curso. Há pouco mais de uma década, a Porto Seguro tinha concentração de 80% do portfólio em seguros de automóveis. Atualmente, o segmento representa menos de um terço do portfólio.

A maior aposta da diversificação, no entanto, virá da hipersegmentação, segundo Chacon. A alavanca de crescimento deve vir de clientes no topo e na base da pirâmide.

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“Estamos investindo tanto em produtos de entrada quanto nas linhas premium. A visão é olhar os nichos de mercado e desenhar produtos adequados para eles”, afirmou a executiva.

A Porto não abre o tamanho das duas frentes dentro da base, mas Chacon afirmou que as linhas voltadas para o público de menor e maior poder aquisitivo já crescem ao “ritmo de dois dígitos”.

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Segmentação na Porto Seguro

O segmento de alto padrão da Porto Seguro foi reformulado há pouco mais de um mês com o lançamento de duas novas vertentes para seguros de automóveis e residenciais.

A categoria premium vai cobrir veículos de R$ 350 mil a R$ 1,2 milhão, enquanto a private será voltada para carros com valor acima de R$ 1,2 milhão.

O seguro cobre também track days, para uso dos carros de luxo em eventos especializados, realizados em pistas de automobilismo e autódromos.

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No residencial, o segmento premium cobre imóveis de R$ 2 milhões a R$ 5 milhões, enquanto o private atende propriedades acima de R$ 5 milhões.

A principal mudança é oferecer o seguro para itens que estão dentro do imóvel, como obras de arte, joias, relógios e bolsas, além de equipamentos esportivos e musicais.

Para os clientes de baixa renda, a meta é deixar os seguros cada vez mais acessíveis e aumentar a penetração com a oferta de versões “enxutas” dos produtos, uma estratégia definida internamente como “inclusão securitária”.

Entre os exemplos, Chacón destacou a marca Azul, detida desde 2003, que oferece preços mais competitivos para auto e residencial, além de alternativas dentro da própria marca Porto, como o seguro Vida On, que é mais flexível e acessível comparado a outras alternativas de seguro de vida da casa.

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Demanda climática

Outra alavanca de crescimento da Porto para os próximos anos deve vir do aumento da demanda por seguros diante de desafios climáticos.

“Nossa estimativa é que isso representaria R$ 13 bilhões em receita para a Porto até 2030. Mais do que uma avenida de crescimento de negócios, para nós é um imperativo de desenvolvimento social. Que sejamos capazes de endereçar essa lacuna de proteção”, disse Chacon.

O foco não é lançar um novo produto mas aumentar a penetração dos seguros existentes para a população brasileira.

Atualmente, apenas 17% das residências brasileiras são seguradas, segundo levantamento da Federação Nacional de Seguros Gerais (FenSeg) de 2021 – o mais recente realizado pela entidade.

A cobertura obrigatória no seguro residencial é contra incêndio, e, segundo a FenSeg, alguns dos segmentos mais comercializados são contra danos elétricos, vendaval e roubo.

Estimativa de 2023 da FenSeg aponta que apenas 10% das apólices contratadas incluíam a cobertura de desmoronamento, enquanto a de alagamentos representava menos de 1% do total.

A Porto Seguro não abre dados internos das modalidades mais contratadas, mas Chacon destacou a proteção contra alagamentos como uma das avenidas de crescimento.

“Já temos a solução completa [de portfólio contra as mudanças climáticas], mas as pessoas às vezes não têm a cobertura para enchente, por exemplo. Nossa meta é deixar os seguros mais acessíveis para aumentar a penetração”, afirmou.

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