Bloomberg — A Pfizer concordou em comprar a Metsera por até US$ 10 bilhões. A empresa prevaleceu sobre a Novo Nordisk em uma tumultuada disputa de ofertas depois que a oposição regulatória dos EUA frustrou a oferta rival da farmacêutica dinamarquesa pela startup de medicamentos para obesidade.
A Pfizer aumentou sua oferta para até US$ 86,25 por ação, igualando uma oferta revisada da Novo em 6 de novembro. A empresa norte-americana concordou em pagar US$ 65,60 por ação em dinheiro e até US$ 20,65 por ação, dependendo de certos marcos, disse a Metsera em um comunicado na sexta-feira (7).
A Metsera citou um telefonema da Comissão Federal de Comércio dos EUA sobre os riscos potenciais de prosseguir com a estrutura de negociação proposta pela Novo. Por sua vez, a Pfizer já havia obtido autorização da FTC para sua oferta.
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Após “cuidadosa consideração”, a Novo não pretende aumentar sua oferta, disse a empresa dinamarquesa em um comunicado no sábado, acrescentando que acredita que a estrutura de seu acordo de fusão estava “em conformidade com as leis antitruste”.
A Novo “continuará a avaliar oportunidades de desenvolvimento de negócios e aquisições que atendam a seus critérios de retorno e alocação de capital e que promovam seus objetivos estratégicos”, disse.
Uma compra pela Novo teria apresentado “riscos legais e regulatórios inaceitavelmente altos para a Metsera e seus acionistas” devido a preocupações antitruste dos EUA, disse a Metsera.
Seu conselho determinou que a nova oferta da Pfizer era “a melhor transação para os acionistas, tanto do ponto de vista do valor quanto da certeza do fechamento”, disse a empresa-alvo.
A Pfizer disse que espera fechar a transação logo após uma reunião de acionistas da Metsera em 13 de novembro.
Guerra de ofertas
A decisão encerra uma notável disputa de ofertas entre duas das maiores empresas farmacêuticas do mundo, cada uma de olho na Metsera como um antídoto para problemas maiores que assolam seus negócios.
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A Novo, que fez uma oferta não solicitada pela Metsera em outubro, tem tentado acompanhar a rival Eli Lilly e aumentar o preço de suas ações, enquanto a Pfizer tem procurado uma maneira viável de entrar no negócio da obesidade, que está em alta, depois de várias tentativas frustradas com medicamentos para perda de peso.
O CEO da Pfizer, Albert Bourla, um negociador agressivo, não gosta de perder e há muito tempo cobiça um medicamento para obesidade que possa proporcionar uma grande vitória e substituir as vendas cada vez menores de seu negócio de Covid.
Com a expectativa de que a expiração de patentes diminua as vendas em mais de US$ 15 bilhões até o final da década, ele tem sido pressionado a reabastecer o pipeline da Pfizer.
As ações da empresa caíram vertiginosamente em relação ao seu pico pandêmico e várias tentativas de desenvolver pílulas contra a obesidade a partir do próprio pipeline da Pfizer fracassaram nos testes.
O acordo com a Metsera tem como objetivo conquistar a próxima geração de medicamentos para obesidade em um mercado que deve chegar a US$ 100 bilhões até 2030.
Espera-se que a próxima rodada de medicamentos tenha a mesma eficácia ou uma eficácia melhor do que a injeção semanal Zepbound da Lilly, mas poderia ser injetada com menos frequência ou ter taxas menores de náusea e vômito.
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Um fabricante de medicamentos que pudesse oferecer esses tipos de melhorias incrementais, mas práticas, poderia conquistar uma fatia significativa do mercado no longo prazo.
A Metsera, fundada em 2022, tem três medicamentos em estágios iniciais e intermediários de desenvolvimento, incluindo medicamentos que podem ter menos efeitos colaterais ou durar mais do que os medicamentos existentes, como o Wegovy da Novo.
A Pfizer concordou inicialmente em comprar a Metsera, sediada em Nova York, por US$ 70 por ação em setembro, antes que a Novo chocasse Wall Street com uma oferta mais alta pela empresa. A Pfizer, que não conseguiu obter uma ordem judicial bloqueando a oferta da Novo, aumentou sua oferta na segunda-feira, apenas para que a Novo melhorasse sua proposta.
Enquanto a Pfizer e a Novo continuavam a aumentar a aposta, as ações da Metsera dispararam. As ações da Metsera subiram cerca de 150% desde antes do acordo de venda original para a Pfizer. As ações subiram 2% para US$ 83,18 nas negociações de Nova York na sexta-feira, dando à empresa um valor de mercado de cerca de US$ 8,75 bilhões.
No Tribunal de Chancelaria de Delaware, a Pfizer argumentou que a oferta da Novo violava os termos de seu acordo original porque não se qualificava como uma proposta “superior”. Um juiz negou o pedido da Pfizer para bloquear temporariamente a oferta da Novo. A Pfizer também processou a Novo por motivos antitruste em um tribunal federal em Delaware, com argumentos que Metsera chamou de “absurdos”.
Na sexta-feira, a Bloomberg News informou que a Pfizer havia aumentado sua oferta, que ficou 5 centavos de dólar por ação acima da proposta anterior da empresa. O preço anunciado de US$ 86,25 por ação representa um prêmio de 159% em relação aos US$ 33,32 que as ações da Metasera fecharam no último dia de negociação antes do anúncio do acordo com a Pfizer, em 22 de setembro.
A graça salvadora da Pfizer veio por meio da FTC, que levantou preocupações de que a proposta de oferta da Novo “pode violar as disposições processuais” da lei que exige uma análise antes da fusão. A FTC disse que não tinha problemas com a oferta da Pfizer pela Metsera.
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