Petrobras reduz em 2% o plano de investimentos 2026-2030 diante da baixa do petróleo

Ajuste da estatal ocorre em meio à queda do Brent e à pressão para equilibrar expansão, dividendos e interesses do governo às vésperas de 2026

Estatal segue pressionada a pagar dividendos aos investidores mesmo diante cenário mais desafiador (Foto: Bloomberg)
Por Mariana Durao
28 de Novembro, 2025 | 08:25 AM

Bloomberg — A Petrobras anunciou uma redução de 2% em seu próximo plano de investimento de cinco anos, entre 2026 e 2030, para US$ 109 bilhões, em um movimento que busca proteger seu fluxo de caixa diante dos preços internacionais mais baixos do petróleo.

A companhia estatal direcionará US$ 91 bilhões do total de despesas de capital para projetos em implementação, dos quais US$ 10 bilhões ainda precisarão de confirmação orçamentária sujeita a uma análise de financiamento.

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O restante ainda está em análise “com um grau menor de maturidade”, disse a empresa em um documento na quinta-feira.

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O produtor de petróleo brasileiro, controlado pelo Estado, está preso entre o desejo do governo de fazer a economia crescer - especialmente antes da eleição presidencial de 2026 - e os investidores que exigem dividendos altos e dívida baixa.

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A redução dos gastos de capital poderia reforçar a resistência aos preços mais fracos do petróleo e apoiar os pagamentos aos acionistas.

(Fonte: Petrobras)

O plano de gastos está sendo observado de perto pelos investidores, pois tem uma dimensão política importante no Brasil.

A empresa é uma importante fonte de caixa para o orçamento federal. É a primeira vez que a Petrobras reduz seu orçamento de cinco anos depois que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva assumiu o cargo em 2023.

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O plano anterior baseava-se em uma estimativa de preço do petróleo de US$ 83 por barril, enquanto o petróleo Brent está sendo negociado atualmente perto de US$ 63.

A Petrobras destinou 71,6% do plano 2026/2030, ou US$ 78 bilhões, para exploração e produção.

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Isso inclui o aumento da produção em seus campos de águas profundas na chamada região do pré-sal, além da exploração de novas áreas no Brasil e no exterior.

O plano da empresa sediada no Rio de Janeiro inclui oito novas unidades de produção offshore até 2030 e mais 10 embarcações de produção que estão sendo consideradas para depois de 2030.

A empresa espera perfurar 15 poços na Margem Equatorial do Brasil - uma região offshore onde recentemente obteve uma autorização para seu primeiro poço - e espera encontrar descobertas semelhantes às que a Exxon Mobil Corp. fez na costa da Guiana.

Produção de petróleo

A expectativa é que a produção de petróleo atinja um pico de 2,7 milhões de barris por dia até 2028, acima do teto do plano anterior.

A Petrobras também aumentou a meta de curto prazo para 2,5 milhões de barris de petróleo por dia no próximo ano, em comparação com os 2,4 milhões anteriores, o que pode aumentar o excesso global em um momento em que a Agência Internacional de Energia está preocupada com o excesso de oferta.

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O refino e as linhas de negócios relacionadas, como fertilizantes e logística, serão responsáveis por cerca de US$ 20 bilhões de gastos nos próximos cinco anos.

A Petrobras está desenvolvendo um portfólio de combustíveis renováveis em um esforço para descarbonizar os setores, incluindo transporte marítimo e aviação. A empresa disse que não construirá novas refinarias.

Os gastos planejados em projetos de gás e baixo carbono são de US$ 4 bilhões, impulsionados por biocombustíveis, biometano e um retorno à produção de etanol.

A Petrobras está buscando preferencialmente parcerias estratégicas minoritárias ou controle compartilhado com participantes relevantes nessas áreas, disse.

A empresa brasileira propôs um pagamento regular de dividendos de pelo menos US$ 45 bilhões para o período de 2026 a 2030, semelhante ao plano anterior.

A Petrobras manteve seu teto de endividamento em US$ 75 bilhões.

A produtora de petróleo não se comprometeu a pagar nenhum pagamento extraordinário aos acionistas durante o período de cinco anos.

A empresa está sob pressão para continuar pagando dividendos, o que a tornou atraente para os investidores nos últimos anos. Os pagamentos também reforçam os cofres do governo, já que o estado é o maior acionista da empresa.

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