Bloomberg Línea — A Petrobras (PETR3, PETR4) se prepara para dar os próximos passos com o objetivo de garantir a perenidade da produção de petróleo da companhia após obter a licença ambiental para explorar a região da Margem Equatorial.
A empresa já iniciou a nova fase de perfuração do poço batizado “Morpho”, o quinto mais profundo da Petrobras, de acordo com executivos da empresa.
“É uma área nova, por isso tomamos muito mais cuidado. Poço pioneiro é isso, você estima o que existe, mas não necessariamente vai ter aquilo que foi traçado no planejamento, mas todos os cuidados são tomados”, disse a diretora executiva de exploração e produção, Sylvia dos Anjos, a jornalistas nesta sexta-feira (7).
A estatal recebeu no final de outubro a licença de operação do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) para a perfuração de um poço exploratório no bloco FZA-M-059, localizado em águas profundas do Amapá, a 500 quilômetros da foz do rio Amazonas e a 175 km da costa.
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Após a concessão da licença, a petroleira iniciou a perfuração do poço, um trabalho que deve durar aproximadamente cinco meses.
Não há produção de petróleo nessa fase e os dados obtidos com a exploração serão avaliados pela equipe técnica da companhia para avaliar a viabilidade econômica da área. “Qualquer imprevisibilidade leva a um tempo maior [de exploração]”, destacou a executiva.
Sylvia dos Anjos disse que a perfuração vai a uma profundidade superior a 7.000 metros, em uma lâmina d’água de 2.880 metros, além da maior coluna de rocha já perfurada pela companhia. “A coluna de rocha desse poço é superior a que temos no pré-sal, então tudo isso leva mais tempo, com mais trocas de fases. É um prazo que vemos com mais segurança”, afirmou.
Dos Anjos reforçou que somente se os resultados forem positivos haverá uma área de produção de fato na Margem Equatorial. “Só assim a companhia poderá dimensionar melhor o potencial da área e avaliar qual unidade de produção pode atender a esse volume.”
Ela ressaltou que, diferentemente dos bilhões de barris do pré-sal, agora a companhia tem que fazer um ajuste para ter plataformas mais compactas, para volumes menores. “Isso é um desafio que está lançado para nossas equipes.”
O diretor executivo financeiro e de relacionamento com investidores (CFO), Fernando Melgarejo, acrescentou que a complexidade técnica do projeto reforça a capacidade tecnológica e operacional da Petrobras. “Vamos operar a Margem Equatorial com total segurança e responsabilidade”, disse a investidores na manhã desta sexta-feira.
Dos Anjos observou ainda que, na Bacia de Campos, a Petrobras só foi exitosa após diversas tentativas. “Estamos esperando encontrar petróleo nesse poço, mas se não for nesse, pode ser em outro. Lembrando que na Bacia de Campos só encontramos no nono poço.”
Dividendos extraordinários
Melgarejo afirmou que o princípio para a Petrobras poder distribuir dividendos extraordinários é ter caixa suficiente e resultado.
Ele esclareceu que, do ponto de vista de caixa, embora a companhia tenha registrado uma produção positiva no terceiro trimestre, isso apenas compensou o patamar de preço do Brent.
“Com isso, não temos caixa excedente capaz de fazer distribuição de dividendos extraordinários, a probabilidade para este ano é muito baixa”, salientou.
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