Patria adquire controle da Solis para reforçar liderança em FIDCs na América Latina

Solis administra R$ 28 bi e atende 30 mil cotistas com especialização em crédito estruturado multisacado; transação prevê integração total em três anos e eleva ativos em crédito do Patria para R$ 44,6 bi

Patria Investimentos administra mais de US$ 50 bilhões em ativos alternativos e passa a liderar também mercado de FIDCs com aquisição da Solis. (Foto: Victor Moriyama/Bloomberg)
26 de Novembro, 2025 | 05:55 PM

Bloomberg Línea — O Patria Investimentos assinou a aquisição de 51% da Solis Investimentos, gestora cearense especializada em estruturação de FIDCs (Fundos de Investimento em Direitos Creditórios), em transação que não teve valores divulgados. O acordo prevê a compra dos 49% restantes em três anos.

A Solis administra fundos no total bruto de R$ 28 bilhões, ou R$ 19 bilhões excluindo investimentos dos fundos de cota em fundos de originação própria.

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A gestora tinha R$ 20 bilhões em ativos sob gestão em 2024 e projeta alcançar R$ 29 bilhões este ano, segundo comunicado divulgado nesta quarta-feira (26).

Com a operação, o Patria eleva seus ativos em crédito para R$ 44,6 bilhões no terceiro trimestre de 2025, cerca de 16% dos R$ 272 bilhões totais administrados.

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Fundada em 2015 por Delano Macêdo e Ricardo Binelli, a Solis estruturou operações com mais de 100 originadores e mantém 120 fundos sob gestão atendendo 30 mil cotistas. Dois terços dos 100 funcionários atuam em Fortaleza, onde opera a principal estrutura analítica da gestora.

José Augusto Teixeira, sócio do Patria, disse em nota que um dos interesses na Solis são os fundos multisacados — formados por diversos devedores e múltiplos cedentes — como forma de pulverizar risco. O executivo citou demanda por crédito no Brasil estimada em R$ 9 trilhões.

Teixeira afirmou que o mercado brasileiro que poderia gerar crédito via FIDCs é superior a R$ 4 trilhões. A Solis atua em segmentos que vão de maquininhas de cartão a consignado e estruturas imobiliárias, incluindo loteamentos.

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Binelli observou que FIDCs podem ser estruturados para atender tomadores como times de futebol, consórcios e financiamento de painéis solares. O FIDC mais antigo da Solis se aproxima de 14 anos.

Os fundadores permanecem na liderança da Solis, que seguirá operando normalmente. O time e os escritórios em Fortaleza e São Paulo serão mantidos. A base de investidores inclui gestoras, tesourarias de bancos, family offices e outros investidores institucionais.

Mercado em expansão

O mercado de FIDCs registrou crescimento em 2024, com patrimônio líquido de R$ 635,74 bilhões, aumento de 42,11% sobre 2023, segundo dados da plataforma de finanças Uqbar.

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Em 2025, esse mercado já abriga R$ 814 bilhões, com expansão de 27,5% entre janeiro e setembro. Há quatro anos, o mercado de FIDCs no Brasil era de R$ 200 bilhões.

A Solis registrou crescimento aproximado de 45% em 2025, acima da média anual do mercado. Nos últimos cinco anos, multiplicou por sete seu patrimônio sob gestão.

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Teixeira afirmou que o Patria já era líder em FIPs (Fundos de Investimento em Participações) e que, com a transação, se torna líder em FIDCs.

O Patria administra mais de US$ 50 bilhões em diversas classes de investimentos, incluindo private equity, infraestrutura, capital de risco, crédito e imóveis.

Macêdo disse que um objetivo após o negócio é avaliar o ecossistema do Patria para extrair valor. A plataforma combina capacidade de captação local e internacional do Patria com expertise em originação da Solis.

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