Para a Petrobras, Braskem não é a única saída para investir no setor petroquímico

Sergio Caetano Leite, diretor financeiro, afirmou em call com investidores que há diretriz para estudar a posição da petroleira no negócio, em meio a ofertas pela fatia da Novonor

instalações da petroquímica Braskem
11 de Novembro, 2023 | 11:06 AM

Bloomberg Línea — O diretor financeiro e de relacionamento com investidores da Petrobras (PETR3, PETR4), Sergio Caetano Leite, disse nesta sexta-feira (10) que a companhia está avaliando a Braskem (BRKM5), em meio a ofertas pela fatia da Novonor (ex-Odebrecht) na petroquímica.

O executivo explicou que há um direcionador estratégico para que a Petrobras estude sua expansão no setor petroquímico, que em sua avaliação contribui para a transição energética. Segundo ele, a estatal e o conselho de administração preveem uma resiliência maior no médio e longo prazo no consumo da indústria petroquímica em detrimento da gasolina.

“É um movimento lógico e estratégico das empresas integradas de óleo e gás de olhar para o setor. Para a Petrobras, o crescimento em petroquímica é relevante e é óbvio que a Braskem é um atalho, há complementaridade, mas não é a única saída para nós”, disse o executivo em teleconferência com investidores.

Ele reforçou que as ofertas que têm sido feitas pela fatia da Novonor na Braskem, até o momento, não são vinculantes. “A decisão de venda não é da Petrobras. A companhia tem direito de preferência sobre a compra e de tag along, que é o direito de venda se achar que o preço compensa para sair do negócio.”

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Leite não descartou que o fato de o conselho de administração ter aprovado um direcionador estratégico para expansão no setor petroquímico no Brasil e no mundo pode reforçar a decisão de compra da fatia da Novonor na Braskem.

“A Petrobras, neste momento, está avaliando a Braskem, até por um dever de diligência. Se houver alguma proposta que se torne vinculante, a companhia vai ter que deliberar sobre seus direitos de preferência de compra ou de tag along.”

A Novonor tem 50,1% do capital votante da Braskem e, a Petrobras, 47%.

Plano de negócios

O executivo salientou que a companhia está finalizando o plano de negócios para o período de 2024 a 2028, mas evitou dar detalhes sobre números de investimentos.

“O plano estratégico está em plena discussão, existem [diversas] linhas de abordagem para exploração e produção, refino, transição energética, fertilizantes, petroquímica. Não é possível prever no momento esse ou aquele investimento”, disse Leite.

Ele acrescentou que o planejamento deve incorporar o tema da internacionalização. “A Petrobras vai voltar a ocupar espaços no território nacional e também no exterior”, afirmou.

Perguntado sobre possíveis investimentos na Venezuela, Leite disse que, por ora, não há negociações nesse sentido em curso. “Uma empresa da dimensão da Petrobras está sempre recebendo propostas. A Venezuela tem uma das maiores reservas do mundo, próximas ao Brasil, mas não há negociações em curso.”

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Nesta quinta-feira (09), a Petrobras anunciou a revisão do guidance de investimentos em 2023, de US$ 16 bilhões para US$ 13 bilhões, “em razão do cenário desafiador enfrentado pelo mercado fornecedor no contexto inflacionário pós-pandemia”, junto do resultado financeiro trimestral.

Executivos justificaram que a principal razão para redução de capex são os desafios do mercado em relação a fornecedores, principalmente de exploração e produção de petróleo. Por outro lado, a companhia revisou para cima a projeção de curva de produção.

No terceiro trimestre de 2023, o lucro líquido da Petrobras foi de R$ 26,6 bilhões, uma queda de 42% sobre igual período do ano passado. De acordo com a petroleira, o resultado do período foi impactado pela queda do barril de petróleo do tipo Brent em comparação com os valores de 2022 e também pela redução das margens dos derivados no mercado internacional.

A companhia acrescentou no documento que “essas variáveis afetaram não só a Petrobras, mas a indústria de óleo, gás e derivados como um todo”.

A estatal justificou que o desempenho do mesmo período do ano passado reflete “um cenário atípico de preço alto de Brent que levou a resultados financeiros recordes para as companhias de petróleo”.

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Juliana Estigarríbia

Jornalista brasileira, cobre negócios há mais de 12 anos, com experiência em tempo real, site, revista e jornal impresso. Tem passagens pelo Broadcast, da Agência Estado/Estadão, revista Exame e jornal DCI. Anteriormente, atuou em produção e reportagem de política por 7 anos para veículos de rádio e TV.