Novela continua: Grupo Toky, de Mobly e Tok&Stok, tem novos acionistas de referência

Alemã Home24, que tinha 42,75% do Grupo Toky, fecha acordo para venda de sua participação acionária para investidores não revelados; sócio da gestora Latache e a Quartzo Capital estão entre as compradoras, dizem fontes à Bloomberg Línea

Loja Mobly, do Grupo Toky
30 de Julho, 2025 | 07:04 PM

Bloomberg Línea — O Grupo Toky (TOKY3), empresa resultante da compra da Tok&Stok pela Mobly, anunciou nesta quarta-feira (30) uma importante mudança em seu quadro acionário — o que fez a ação da companhia fechar em alta de 8,9% na B3.

A companhia, comandada pelo CEO Victor Noda, tem enfrentado uma conturbada troca de controle e disputas societárias intensas, que envolve especialmente a família Dubrule, fundadora da Tok&Stok.

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A alemã Home24, especializada no comércio eletrônico de móveis e artigos de decoração, deixará de ser acionista de referência da varejista de móveis — líder do mercado nacional — após executar o acordo de venda de 42,75% do capital, segundo fato relevante divulgado hoje.

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Os nomes dos investidores que adquiriram as participações não foram revelados — nem se eles estão alinhados para atuar e votar em conjunto.

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Entre os compradores estariam Renato Azevedo, sócio fundador e gestor da Latache, especializado em ativos estressados, e a Quartzo Capital, de Marcel Malczewsk, segundo duas pessoas que falaram com a Bloomberg Línea e pediram anonimato, pois o assunto é privado.

A venda das ações foi organizada pela Quartzo, gestora resultante da fusão entre a TM3 Capital e a CTM Investimentos — esta última já era minoritária da Toky com 11,90% do capital, desde os tempos de Mobly apenas.

Em junho, a Quartzo, que tem R$ 1,4 bilhão sob gestão, anunciou a fusão de sua operação de venture capital com a Invisto, gestora especializada em startups da região Sul do Brasil.

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A operação da Home24 envolve a venda de 52.482.042 ações ordinárias do Grupo Toky e está estruturada em duas etapas. Na primeira fase, o grupo europeu se comprometeu a vender o lote principal de ações.

A transação ocorrerá após o cumprimento de determinadas condições precedentes. Em paralelo, a Home24 informou estar em processo de venda das demais 2 milhões de ações.

A Home24 informou que essas condições precedentes não incluem qualquer pedido de waiver sobre eventual antecipação de dívidas, já que a alemã não possui status de acionista controladora da companhia brasileira.

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A operação representa uma das maiores movimentações acionárias na história recente da Toky desde a fusão entre Mobly e Tok&Stok em 2024.

A venda pode impactar significativamente a estrutura de governança e as decisões estratégicas da companhia brasileira, que enfrentou embate recente com a família Dubrule, que era contra a venda da Tok&Stok para a Mobly e tenta retomar o controle da companhia desde o ano passado.

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A Home24 havia adquirido sua participação na Toky como parte de uma estratégia de expansão internacional no mercado latino-americano. A decisão de sair completamente do investimento sugere uma mudança no portfólio global.

A Home24 é controlada pelo grupo austríaco XXXLutz. No embate com a família Dubrule, o Grupo Toky citou “indícios de conluio e fraude” para aquisição da fatia detida pela Home24 diante da análise de documentos e trocas de e-mails. A família Dubrule negou quaisquer supostas irregularidades.

O timing da operação da Home24 coincide com um momento de transformação no setor de e-commerce brasileiro, marcado por consolidações e M&As.

A saída de um acionista estratégico internacional pode abrir espaço para novos investidores ou permitir maior concentração acionária entre os demais sócios da Toky.

A gestora SPX, à frente dos interesses da firma de private equity norte-americana Carlyle, detém 13,04% do capital do Grupo Toky, segundo dados da B3.

O mercado aguarda a divulgação de detalhes adicionais sobre os compradores das ações, os valores envolvidos na transação e os possíveis impactos na estratégia de negócios da Toky, que não respondeu a um pedido de comentário.

O Grupo Toky está avaliado em R$ 120 milhões e acumula desvalorização de 37,5% em 2025 e de 66,7% em 12 meses.

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Sérgio Ripardo

Jornalista brasileiro com mais de 29 anos de experiência, com passagem por sites de alcance nacional como Folha e R7, cobrindo indicadores econômicos, mercado financeiro e companhias abertas.