Natura: venda da Avon International alivia preocupação de investidor com foco da marca

Ações da empresa tiveram seu maior salto em mais de dois anos depois do anúncio da venda da unidade da Avon fora da América Latina com o objetivo de concentrar as atenções na marca principal

Ações da empresa tiveram seu maior salto em mais de dois anos depois do anúncio da venda da unidade da Avon fora da América Latina (Bloomberg Photo/Dado Galdieri)
Por Rachel Gamarski - Leda Alvim
18 de Setembro, 2025 | 01:51 PM

Bloomberg — A Natura deu o maior salto em mais de dois anos depois que anunciou a venda de sua unidade Avon International, um movimento que eliminará uma dor de cabeça operacional de longa data e permitirá que a empresa se concentre em sua marca e produtos principais.

As ações subiram até 15% em São Paulo, o maior ganho intradiário em mais de dois anos, depois que a Natura concordou em vender a Avon International para um veículo de aquisição afiliado à Regent.

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A Natura disse que seu pagamento inicial será de apenas £1 no fechamento da transação, com pagamentos futuros de até US$81 milhões vinculados a condições específicas.

A empresa continuará a ser proprietária da marca Avon na América Latina.

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Natura tem a maior alta desde 2023 com a venda da Avon International

A venda da Avon dará à Natura mais flexibilidade para outras oportunidades de aquisição, disse o CEO João Paulo Ferreira no início deste ano.

A remoção do peso da Avon e de sua dívida também permitirá mais pagamentos aos acionistas no futuro, com Ferreira dizendo que a Natura quer voltar a ser uma empresa de “alto rendimento de dividendos”.

“O ganho de ações faz todo o sentido, uma vez que a aquisição da Avon provou ser um desafio muito maior do que o esperado”, disse Murilo Arruda, sócio e gestor de fundos da Morada Capital, em uma entrevista à Bloomberg News na quinta-feira.

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“Quando analisamos a evolução da dívida líquida da Natura, ficou claro que a Avon Internacional era o maior entrave de caixa para a empresa consolidada.”

A Natura adquiriu a Avon em 2020, e o valor de suas ações caiu mais de 80% desde o final daquele ano.

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A Avon Products entrou com pedido de recuperação judicial em agosto de 2024, depois de enfrentar processos judiciais alegando que o talco em seus produtos causava câncer.

A Natura agora trabalha para reconquistar a confiança dos investidores, reformulou sua estrutura corporativa e intensificou seu foco nos principais mercados da América Latina, incluindo México e Colômbia.

No início da semana, a Natura assinou um acordo com o Grupo PDC para vender as operações da Avon na Guatemala, Nicarágua, Panamá, Honduras, El Salvador e República Dominicana.

A expectativa é que o negócio seja fechado até 30 de outubro.

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A maior parte dos recebíveis de empréstimos mantidos pela Natura contra a Avon International será capitalizada antes do fechamento do negócio, e o saldo restante será transferido para o comprador.

A Natura também concordou em fornecer uma linha de crédito garantida à Avon International de até US$ 25 milhões, com vencimento cinco anos após o primeiro desembolso, de acordo com o comunicado.

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