Bloomberg — A Natura deu o maior salto em mais de dois anos depois que anunciou a venda de sua unidade Avon International, um movimento que eliminará uma dor de cabeça operacional de longa data e permitirá que a empresa se concentre em sua marca e produtos principais.
As ações subiram até 15% em São Paulo, o maior ganho intradiário em mais de dois anos, depois que a Natura concordou em vender a Avon International para um veículo de aquisição afiliado à Regent.
A Natura disse que seu pagamento inicial será de apenas £1 no fechamento da transação, com pagamentos futuros de até US$81 milhões vinculados a condições específicas.
A empresa continuará a ser proprietária da marca Avon na América Latina.
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A venda da Avon dará à Natura mais flexibilidade para outras oportunidades de aquisição, disse o CEO João Paulo Ferreira no início deste ano.
A remoção do peso da Avon e de sua dívida também permitirá mais pagamentos aos acionistas no futuro, com Ferreira dizendo que a Natura quer voltar a ser uma empresa de “alto rendimento de dividendos”.
“O ganho de ações faz todo o sentido, uma vez que a aquisição da Avon provou ser um desafio muito maior do que o esperado”, disse Murilo Arruda, sócio e gestor de fundos da Morada Capital, em uma entrevista à Bloomberg News na quinta-feira.
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“Quando analisamos a evolução da dívida líquida da Natura, ficou claro que a Avon Internacional era o maior entrave de caixa para a empresa consolidada.”
A Natura adquiriu a Avon em 2020, e o valor de suas ações caiu mais de 80% desde o final daquele ano.
A Avon Products entrou com pedido de recuperação judicial em agosto de 2024, depois de enfrentar processos judiciais alegando que o talco em seus produtos causava câncer.
A Natura agora trabalha para reconquistar a confiança dos investidores, reformulou sua estrutura corporativa e intensificou seu foco nos principais mercados da América Latina, incluindo México e Colômbia.
No início da semana, a Natura assinou um acordo com o Grupo PDC para vender as operações da Avon na Guatemala, Nicarágua, Panamá, Honduras, El Salvador e República Dominicana.
A expectativa é que o negócio seja fechado até 30 de outubro.
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A maior parte dos recebíveis de empréstimos mantidos pela Natura contra a Avon International será capitalizada antes do fechamento do negócio, e o saldo restante será transferido para o comprador.
A Natura também concordou em fornecer uma linha de crédito garantida à Avon International de até US$ 25 milhões, com vencimento cinco anos após o primeiro desembolso, de acordo com o comunicado.
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