‘Não sacrificamos o investimento para garantir corte de custos’, diz CFO do Itaú

Alexsandro Broedel afirmou em evento com a imprensa que o banco segue investindo em digitalização e aposta em novo app para clientes e não correntistas

Itaú deu mais informações sobre a política de distribuição de dividendos em evento nesta terça (6)
06 de Fevereiro, 2024 | 10:50 AM

Bloomberg Línea — O Itaú Unibanco (ITUB4) não irá sacrificar os investimentos na operação para garantir cortes de custos e vai manter os planos em direção à digitalização e ao lançamento de um novo aplicativo esperado para o primeiro trimestre deste ano, segundo o CFO Alexsandro Broedel, em entrevista a jornalistas nesta terça-feira (6).

“É muito fácil cortar custos sacrificando investimento. Nossa abordagem não é essa. Estamos preocupados com gestão de custos mas buscando eficiência. Estamos reforçando o foco do banco em digitalização, não estamos sacrificando investimento para garantir corte de custos”, disse Broedel.

Segundo ele e outros executivos presentes, o novo aplicativo será voltado tanto para correntistas quanto não-correntistas. Em um momento em que as instituições financeiras enfrentam concorrência crescente de bancos digitais e fintechs, o objetivo é atender mais de 15 milhões de clientes que atualmente não desfrutam de uma experiência bancária completa.

O CEO Milton Maluhy reforçou a visão de crescimento sustentável e projetou um ambiente de juros mais baixos com oportunidades de crescimento no crédito, enquanto mantém o foco na eficiência e na rentabilidade para os acionistas.

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Ao apresentar os resultados do quarto trimestre, o CEO disse ainda que o banco pagará R$ 21,5 bilhões em dividendos em relação a 2023 e espera que a política de payout para este ano se mantenha.

O banco pagará R$ 4,3 bilhões - já declarados - em juros sobre capital próprio que serão pagos em 8 de março. Além disso, o conselho administrativo do banco deliberou sobre um dividendo adicional - que também será pago no dia 8 de março - no valor de R$ 11 bilhões, equivalente a um payout de 60,3% (percentual do nosso resultado para o acionista).

“Temos um payout mínimo por volta de 30%. Ao longo do ano vamos observar uma movimentação no balanço. Temos conseguido alocar o capital com rentabilidade. O payout deste ano vai depender do resultado do ano e do que vamos gerar de capital. Se não houver nenhum evento, distribuiremos o excesso com uma visão mais prospectiva”, afirmou.

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Maluhy disse ainda que “não é interesse do banco ter excesso de capital”.

“Para fins de dividendos, nunca olhamos a visão da fotografia, mas o horizonte de tempo mais longo: levamos em consideração incertezas. Sempre há revisões de Basileia, e nesse caso esperamos impacto negativo, mas isso já está contemplado no capital”, disse o CEO.

“Faremos novas distribuições extraordinárias. Tem que olhar isso como uma política ao longo do tempo, uma sinalização de que voltamos para um patamar confortável e distribuiremos isso em dividendos.”

Qualidade do crédito

O CFO Alexsandro Broedel destacou, em relação à qualidade do crédito, a queda do índice de inadimplência para pessoa física.

A expectativa do banco para 2024 é que a carteira de crédito cresça entre 6,5% e 9,5% e a um custo do crédito entre R$ 33,5 bilhões e R$ 36,5 bilhões. O banco ainda espera um crescimento de 5% a 8% na receita de prestação de serviços e resultados de seguros.

Quanto às projeções para 2024, Maluhy expressou otimismo. Ele destacou a gestão ativa em relação à inadimplência e disse que espera uma redução desses índices ao longo de 2024, embora próximo aos patamares atuais.

Broedel destacou a performance positiva do último trimestre, com a margem financeira crescendo 3%, e um avanço em serviços de seguros em comparação com o trimestre anterior.

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A qualidade de crédito foi ressaltada como muito positiva. A carteira de crédito do banco registrou crescimento de 5,3% ano contra ano, embora ligeiramente abaixo do guidance original, principalmente devido a variações cambiais.

Maluhy disse ainda que a gestão ativa e disciplinada refletiu-se na diminuição de R$ 1,9 bilhão na carteira renegociada, evidenciando um crescimento saudável, especialmente nos segmentos Uniclass e Personnalité.

O “apetite de risco do banco é vivo. Estamos sempre monitorando [...] com a redução da taxa de juros e o mercado de capitais reabrindo com força, havendo momentos mais difíceis, o balanço do banco será utilizado. Se houver o mercado de capitais, vamos aproveitar. Temos uma visão de principalidade e engajamento”, disse.

No âmbito dos serviços, a área de adquirência cresceu 20,4% em receitas, e a de seguros apresentou crescimento relevante tanto em prêmios quanto em resultados recorrentes.

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Os executivos enfatizaram ainda a eficiência operacional do banco, que atingiu 37%, o melhor quarto trimestre da série histórica. Broedel mencionou ainda a busca por manter a eficiência para níveis em torno de 35%.

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Isabela  Fleischmann

Jornalista brasileira especializada na cobertura de tecnologia, inovação e startups