Bloomberg — O CEO da Starbucks, Brian Niccol, disse que a rede de cafeterias está progredindo na retomada do crescimento, mas a queda nas vendas no último trimestre e um cenário macroeconômico em decadência aumentaram a pressão sobre a nova administração da empresa para que ela cumpra o prometido.
As vendas caíram 1% no trimestre encerrado em 30 de março, e ficaram abaixo das estimativas de Wall Street. O lucro por ação também não atendeu às expectativas.
As ações da empresa caíram cerca de 8% nas negociações do pré-mercado em Nova York. As ações haviam caído 7% este ano até o fechamento de terça-feira, um pouco mais do que a queda do índice S&P 500 no mesmo período.
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“Eu seria negligente se não mencionasse primeiro o fato concreto que temos diante de nós, ou seja, que nossos resultados financeiros foram decepcionantes”, disse o CEO da empresa Brian Niccol.
“O que eu quero que vocês saibam é que, nos bastidores, estamos realmente mostrando muitos sinais de progresso.”
Sob o comando de Niccol, que começou em setembro, a Starbucks deu início a uma reformulação de suas cafeterias para torná-las mais acolhedoras e impulsionar o crescimento depois que aumentos de preços, longas filas e boicotes relacionados à posição percebida da empresa sobre a guerra no Oriente Médio afastaram os clientes.
Estratégias de loja
A empresa está trabalhando para acelerar o atendimento, adicionando mais funcionários às lojas e testando um algoritmo para priorizar quais pedidos devem ser preparados primeiro.
O tempo para despachar pedidos na loja caiu em média dois minutos nos locais participantes, disse Niccol em uma ligação com analistas.
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A Starbucks também estuda mudanças adicionais em suas lojas e operações, o que poderia resultar em encargos de reestruturação, além de despesas como indenizações para trabalhadores que foram demitidos no início deste ano.
Devido aos custos, ele pediu aos investidores que olhassem para além dos números de lucro da empresa “para acompanhar o progresso que estamos fazendo para dar uma guinada nos negócios”, disse o executivo.
A Starbucks está no caminho certo, mas “os resultados financeiros desejados levarão algum tempo”, disse a diretora financeira da companhia Cathy Smith.
As tarifas comerciais de Trump, que aumenta os preços e abala a confiança do consumidor, também não ajudam o turnaround da Starbucks.
Empresas que vão desde a Kraft Heinz até a JetBlue Airways e a Chipotle Mexican Grill alertaram que as preocupações econômicas estão estimulando os consumidores a se retraírem.
“Dois passos à frente, um passo atrás”, disse Peter Saleh, analista da BTIG, em uma nota aos clientes.
“O ambiente de consumo para consumidores de renda média e alta claramente se suavizou ultimamente, como evidenciado pelos resultados da Chipotle na semana passada e, agora, da Starbucks.”
Niccol reiterou a promessa de manter os preços para os clientes estáveis até o final do ano fiscal da empresa, que geralmente termina no final de setembro.
Impacto das tarifas
Para minimizar o impacto das tarifas, a Starbucks informou que está tomando medidas como a diversificação de suas fontes de café e o redirecionamento de remessas.
A empresa está aumentando seu estoque de café, entre outras medidas, para lidar com a volatilidade dos preços dos grãos arábica.
“Parece que as coisas que o novo CEO pode controlar estão dando certo para eles, em termos de redução do cardápio e tentativa de se tornarem mais eficientes”, disse Don Nesbitt, gerente sênior de portfólio da F/m Investments, que possui ações da Starbucks.
Na América do Norte, o maior mercado da Starbucks, um declínio nas transações levou a uma queda maior do que a esperada nas vendas comparáveis. O negócio internacional teve um desempenho melhor, com um aumento de 2% nas vendas comparáveis.
A China também foi um ponto positivo, com as vendas fixas sendo melhores do que o esperado em relação ao trimestre anterior.
Os resultados globais de vendas comparáveis representam uma melhora em relação ao trimestre anterior da empresa, quando a medida caiu 4%. É a quinta queda consecutiva.
A paciência dos investidores pode ser testada por um esforço prolongado de recuperação, “especialmente em um mercado em baixa”, disse Michael Halen, analista da Bloomberg Intelligence.
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