Na Shopee, entrega rápida e lojas oficiais reforçam estratégia para avançar no Brasil

Varejista asiática, que tem o Mercado Livre e a Amazon como principais rivais no mercado brasileiro, tem buscado parcerias para estabelecer lojas oficiais na plataforma - e elevar o ticket médio

Varejista aumentou em 25% o número de lojas oficiais, alcançando 1.000 parceiros nessa frente. (Foto: Lauryn Ishak/Bloomberg)
10 de Outubro, 2025 | 06:00 AM

Bloomberg Línea — Uma das principais plataformas de e-commerce no Brasil, a asiática Shopee tem adotado uma estratégia que combina investir em entregas mais rápidas e a criação de lojas oficiais de marcas, em uma forma de competir com outros gigantes globais, como Mercado Livre e Amazon.

No primeiro semestre, a varejista controlada pela holding Sea, de Cingapura, aumentou em 25% o número de lojas oficiais, alcançando 1.000 parceiros nessa frente.

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Entre as novatas por lá, estão empresas como Samsung, Electrolux, Calvin Klein, Simple Organic e GoPro.

É uma maneira encontrada pela empresa para aumentar a diversidade de produtos disponíveis e ganhar mercado também entre os tickets maiores, uma vez que as próprias marcas já estabelecidas vendem seus produtos por meio da Shopee e têm produtos de maior valor.

Segundo a empresa, os pedidos feitos nas lojas oficiais realizados entre janeiro e setembro dobraram na comparação anual.

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Há, no entanto, espaço para avançar. Felipe Piringer, head de marketing da Shopee, diz que apesar das lojas oficiais terem peso “relevante” no fluxo total da varejista, “alguns consumidores não conhecem ou não usam de forma ativa essa frente”.

Uma das estratégias para atrair os consumidores é a campanha anual direcionada para as lojas oficiais. A companhia aproveita as já tradicionais promoções em datas duplas e reserva a promoção de outubro, em 10/10, para focar nas lojas oficiais.

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“O objetivo da campanha é aumentar o awareness da ferramenta entre os consumidores e, para quem já usa, elevar a frequência de compra”, afirmou Piringer em entrevista à Bloomberg Línea.

Entre os segmentos das lojas oficiais, o executivo destaca que o setor de tecnologia é o mais forte, seguido por moda e beleza.

A Shopee não abre números das movimentações, mas informa que houve uma mudança entre os itens mais adquiridos na plataforma para produtos de ticket médio mais elevado.

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Nos primeiros anos, itens como ring light, máscara descartável e máquina de cortar cabelo lideravam o ranking. O cenário já era bem diferente no ano passado, quando os campeões de venda foram fritadeira elétrica, smartphone e console de videogame.

Listada nos Estados Unidos, a Sea (SE), proprietária da Shopee, não abre números e projeções da operação brasileira. O Itaú BBA estima que a empresa dobrou seu valor de mercadoria bruta (GMV, na sigla em inglês) no Brasil ao longo de 2024, alcançando a marca de R$ 60 bilhões.

Investimento em logística

Ao mesmo tempo, a Shopee tem investido na expansão logística. A companhia anunciou na segunda-feira (6) a inauguração de seu 14º centro de distribuição no Brasil, a pouco mais de um mês da Black Friday, maior evento de varejo do ano.

A inauguração faz parte da estratégia em ganhar competitividade logística. A Shopee estima que entrega uma em cada quatro encomendas até o dia seguinte à compra na região metropolitana de São Paulo, maior mercado consumidor do país, enquanto 40% são entregues em até dois dias.

A varejista também expandiu a modalidade de entrega rápida (para entregas no mesmo dia útil ou no seguinte), que atualmente está disponível em mais de 75 cidades nas regiões de São Paulo, Belo Horizonte e Rio de Janeiro.

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A companhia anunciou ainda, no primeiro semestre deste ano, a criação da rota aérea São Paulo–Manaus para entrega de mercadorias, com expectativa de reduzir em 60% o tempo médio das encomendas para a região Norte.

As movimentações têm rendido frutos entre os consumidores, segundo o UBS BB. Uma pesquisa do time de análise do banco mostrou um incremento de 9 pontos percentuais, para 52%, entre aqueles que percebem a Shopee como um player forte no critério é velocidade de entrega.

As líderes na categoria são Mercado Livre, com 67%, e Amazon, com 61%.

A Shopee ganha destaque especialmente em preços competitivos e custo de envio – a varejista é a melhor avaliada entre os pares nessas categorias.

O resultado é fruto de pesquisa anual do UBS BB sobre consumo online na América Latina. A oitava edição do estudo foi realizada com cerca de mil consumidores em julho deste ano e divulgada no início de outubro.

O estudo do UBS BB apontou ainda que a Shopee tem a melhor taxa de recorrência entre os clientes: 29% deles compram de duas a três vezes no mês, enquanto 21% tem a mesma frequência de compra no Mercado Livre.

No entanto, a Shopee está atrás quando se analisa o valor gasto por cliente na plataforma.

A empresa não abre esses números, mas analistas do Itaú BBA estimaram, em relatório de fevereiro deste ano, que o preço médio de venda da Shopee é de US$ 7, três vezes menor que o do Mercado Livre, o líder do setor, com US$ 21.

Caso a aposta nas lojas oficiais se mostre acertada, esta é uma realidade que a empresa busca mudar.

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