Bloomberg Línea — A guerra do delivery saiu dos restaurantes, dos entregadores e das casas dos consumidores foi parar no Conar. O iFood denunciou uma campanha publicitária em que o 99Food anunciou os benefícios de seus serviços para restaurantes parceiros, batizada de “taxa zero por 2 anos”.
O Conar, Conselho Nacional de Autorregulamentação do mercado publicitário, julgou a denúncia procedente, em termos, e sugeriu alterações na peça veiculada.
Por unanimidade, o conselho avaliou que expressões como “com 100% dos seus ganhos” e “0% de taxas” ferem o Código Brasileiro de Autorregulamentação Publicitária (CBAP).
O órgão decidiu pelo arquivamento, por maioria dos votos, de uma segunda representação quanto ao uso do termo “maximização de lucros”.
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O Conar não tem poder impositivo, não pode multar ou impor outras medidas coercitivas - o seu papel é promover melhores práticas do setor.
A campanha que foi objeto de análise não está mais no ar desde junho, segundo a 99Food. De acordo com a plataforma, há ainda duas oportunidades de recurso a serem exercidas.
“A 99Food informa que as recomendações do Conar eram aplicadas a uma campanha que já havia sido encerrada e que ajustes sugeridos coincidem com as atuais campanhas antes mesmo da decisão proferida” (veja mais abaixo).
Na denúncia protocolada no órgão do mercado de publicidade, o iFood afirmou que os anúncios da concorrente seriam enganosos ao prometer a oferta do benefício de taxa zero por dois anos, com isenção da comissão e da mensalidade, como se fosse algo amplo; e ainda que havia divergência de informações, com anúncios com o período de 24 meses e outros com 12 meses.
A plataforma líder do mercado nacional também questionou o que chamou de falta de informação sobre a incidência de outras taxas, como entrega e processamento de pagamento.
Os argumentos apresentados pela defesa da 99Food, relacionados ao fato de a campanha ser diferenciada a pessoas jurídicas e demandar novos passos, como entrar na plataforma e fazer cadastros, o que contribuiria para o conhecimento sobre o serviço ofertado, não foram aceitos pelos conselheiros.
De acordo com o parecer, a campanha “não atende plenamente aos princípios de clareza, veracidade e honestidade, podendo induzir os restaurantes parceiros a uma interpretação equivocada sobre as vantagens financeiras oferecidas”.
O texto, assinado pela relatora Fabiana Soriano, recomendou que os pontos críticos “sejam ajustados e as informações reflitam de maneira precisa as condições comerciais aplicáveis”.
Atualmente, em substituição a mensagens de “taxa zero”, a plataforma de cadastro da 99Food, tem usado “0% de comissão” e “zero de mensalidade”.
Em simulação de um pedido de refeição de R$ 100,00 enviado à Bloomberg Línea, a 99Food cobra uma taxa delivery de 4,5% + 3,2% pela transação de pagamento. No exemplo, o restaurante ficaria com R$ 92,30.
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O retorno da divisão de delivery foi anunciado nos últimos e prevê R$ 1 bilhão em investimentos ao longo de 2025. Atualmente, opera apenas em Goiânia, cidade que funcionou como campo de teste para a operação. O próximo destino é São Paulo. O plano da empresa é levar o seu modelo de delivery para pelo menos cem municípios até meados do ano que vem.
O que diz a 99Food
“A 99Food informa que as recomendações do Conar eram aplicadas a uma campanha que já havia sido encerrada e que ajustes sugeridos coincidem com as atuais campanhas antes mesmo da decisão proferida.”
“A 99Food implantou no Brasil uma revolução no delivery de comida, com isenção de comissões e mensalidades promovendo um modelo de negócio que dá mais ganhos aos comerciantes e gera mais economia aos consumidores.”
“A isenção de comissões e mensalidade [...] devolve aos restaurantes a possibilidade de reduzir custos e oferecer a entrega de seus pratos com preço de balcão.”
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