Na batalha dos VRs, esta empresa busca crescer com benefícios para os parceiros

Enquanto o governo adia mudanças para o setor, players como a ValeCard aceleram planos de expansão e apostam em serviços para empresas, de olho em um mercado de R$ 150 bi

Restaurante na avenida Paulista, em São Paulo: mercado de benefícios de alimentação movimenta cerca de R$ 150 bilhões por ano (Foto: Jonne Roriz/Bloomberg)
19 de Julho, 2023 | 09:30 AM

Bloomberg Línea — O mercado de pagamento de benefícios de alimentação, que movimenta estimados R$ 150 bilhões que são gastos por 24 milhões de trabalhadores no Brasil, aguarda por mudanças de regras vindas de Brasília.

Um projeto de lei aprovado no ano passado com novas regras para o chamado Programa de Alimentação do Trabalhador (PAT) demandava regulamentação até maio. A regulação não só não veio como o governo Lula decidiu adiar o prazo por mais um ano, até maio de 2024, apesar de protestos de parte do setor.

É um dos setores mais aquecidos da economia, dominado por players globais como as francesas Sodexo e Ticket Edenred e as brasileiras Alelo e VR, além de entrantes de peso como o iFood Benefícios e as startups Flash, Caju e Swile (esta também de origem francesa).

Outro dos grandes players é a ValeCard, que movimentou R$ 4,2 bilhões em 2022 em volume total de pagamentos (TPV, na sigla em inglês) e que acaba de acelerar mudanças no comando.

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Depois de trocar o CEO no fim do ano passado, com a nomeação de Alan Ávila, um profissional que fez carreira na casa, a empresa mineira acaba de contratar um executivo de um dos principais concorrentes para executar um plano de expansão e liderar a área comercial: Eduardo Távora, novo CSO (Chief Sales Officer).

O executivo, um veterano do setor de benefícios, foi contratado da Ticket Edenred, empresa na qual atuou por 23 anos e em que ocupava posição semelhante como diretor de vendas.

“Temos buscado ampliar o portfólio de benefícios seja para abastecimento – no caso de um cliente contratante de frota, em que na outra ponta está o posto de combustível – ou para restaurante”, disse Távora à Bloomberg Línea em referência a uma das principais frentes de negócios da casa: soluções para frotas.

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Segundo o executivo, o objetivo é aprofundar o relacionamento. “Nos questionamos como conseguimos ajudar os clientes. Por exemplo, ao fazer a gestão do seu negócio. Estamos agregando uma série de features que podem gerar valor para eles, que também são nossos parceiros.”

Távora explicou que a oferta de novas soluções passa também pelo desenvolvimento de tecnologia, como uma interface por meio de aplicativo que permita ao dono do estabelecimento fazer a gestão de seus recebíveis para pagamento de despesas, por exemplo. Há também planos para oferecer capacitação aos parceiros.

Nesse contexto, a empresa pretende investir R$ 50 milhões em tecnologia em dois anos.

Há também soluções financeiras. “Hoje conseguimos antecipar com custo zero para o dono de um restaurante, por exemplo, o valor que ele receberia só daqui a alguns dias”, disse o CSO.

A Valecard conta hoje com uma base de mais de 3 milhões de usuários e de 600 mil veículos ativos em sua plataforma e compartilha de uma parte da receita gerada pelas vendas para os postos.

Outras empresas do setor também se movimentam. No começo do mês, a Alelo anunciou uma parceria com a WeWork para permitir a reserva de estações de trabalho em prédios do grupo americano para trabalhadores de empresas atendidas pelo player brasileiro.

As mudanças adotadas por ValeCard e Alelo são apenas dois exemplos de um mercado que, a exemplo de outros setores da economia, reivindica maior flexibilidade em prol dos trabalhadores, que são a principal razão de ser dos programas de benefícios.

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O Congresso, por ora, segue em compasso de discussão diante da decisão do governo federal de adiar a regulamentação da lei aprovada.

Uma das principais reivindicações é o direito à portabilidade do benefício de uma empresa de alimentação para outra; outra é a ampliação do uso de outros serviços que vão além de restaurantes e bares.

Para Távora, as mudanças devem levar em conta o usuário e sua jornada de uso do benefício. “Houve um momento em que ficou evidente que precisava ser resgatada a figura do usuário na discussão das normas do setor. Hoje, por exemplo, o portador de um programa de benefício de alimentação consegue direcionar uma parte dos recursos para programas preventivos de saúde”, disse o executivo.

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