Na Ambev, a estrela da vez é a Corona, que cresceu 70%. E terá mais investimento

Segmento com margens mais altas, que inclui também marcas como Spaten, Stella Artois e Original, cresce mais de 10% no primeiro trimestre e ganha market share

Bottles of Constellation Brands Inc. Corona beer sit on display for sale inside a BevMo Holdings LLC store in Walnut Creek, California, U.S., on Wednesday, Jan. 3, 2018. Constellation Brands Inc. is scheduled to release earnings figures on January 5. Photographer: David Paul Morris/Bloomberg
08 de Maio, 2024 | 06:01 AM

Bloomberg Línea — O segmento de marcas premium de cerveja da Ambev foi um dos destaques do resultado do primeiro trimestre, divulgado nesta manhã de quarta-feira (8). As vendas cresceram acima de 10% na base anual, o que levou a maior companhia de bebidas do país a ganhar market share na categoria, segundo suas estimativas, em números divulgados pela empresa à Bloomberg Línea.

O desempenho mais destacado foi o da marca mexicana Corona, cujas vendas avançaram 70%. O segmento premium, que conta também com marcas como Spaten, Stella Artois e Original, tem sido fundamental para o resultado da companhia porque apresenta margens mais elevadas.

Os números acima da média de vendas de cerveja da própria companhia e de mercado devem ter continuidade. Segundo a Ambev (ABEV3), os investimentos neste ano para promover a Corona entre consumidores serão maiores do que o praticado normalmente pelas marcas da categoria.

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Além disso, haverá aumento da variedade e do que a indústria de alimentos e bebidas chama de “ocasiões de consumo”: a marca lança neste mês novas versões de embalagens até então inéditas no Brasil, com garrafas de 600 ml e latas de 473 ml e 269 ml - a garrafa long neck é a principal versão.

No mês passado, a companhia anunciou um investimento de R$ 150 milhões em sua fábrica em Anápolis, no estado de Goiás, para ampliar a capacidade de produção de marcas premium como Spaten e Corona.

Essa cervejaria em Anápolis é responsável pelo abastecimento de sete estados das regiões Centro-Oeste e Norte, além do Distrito Federal.

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A Ambev também vai adicionar a Corona Cero, a versão sem álcool de Corona, ao seu portfólio no Brasil. A marca será patrocinadora oficial da Olimpíada de Paris, em julho e agosto. Na Europa, essa versão da cerveja já está presente em 22 mercados e entregou crescimento “forte em dois dígitos” no primeiro trimestre.

A Corona tem sido a marca da Ambev em eventos mais associados à vida mais leve (como seu sabor, versus o amargor da Spaten e da Beck’s, por exemplo) e temas como natureza e praia.

É uma das patrocinadoras da WSL (World Surf League) desde 2016, com contrato renovado até 2025 - dá o nome a algumas das principais etapas, como a de Saquarema, no estado do Rio de Janeiro. E também esteve como uma das marcas da edição brasileira do festival de música Primavera Sound.

Desde 2019, o volume de vendas de cerveja premium da Ambev no Brasil cresceu mais de 200%. No ano passado, a expansão de vendas da categoria ficou na casa de 25%.

O desempenho mais forte da marca mexicana foi registrado também globalmente. As receitas das vendas de Corona cresceram 15,5% (fora do seu mercado doméstico) no primeiro trimestre e lideraram o resultado das chamadas “megabrands” (+6,7%), segundo os números da AB InBev (BUD) divulgados também nesta quarta.

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Brasil compensa queda em outras regiões

Os números do primeiro trimestre mostraram um desempenho praticamente estável (+0,1%) no volume consolidado de cervejas para a Ambev em relação ao mesmo período de 2023.

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As vendas de cerveja no Brasil cresceram 3,6%, um avanço que compensou a queda em outras regiões, tanto na chamada América Latina Sul, que inclui Argentina, Uruguai, Chile, Bolívia e Paraguai (-12,7%), como no Canadá (-7,7%), que a empresa classificou como “indústrias em declínio”.

O Ebitda ajustado - métrica de geração de caixa operacional - cresceu 12,4% na base anual, com impulso de América Central e Caribe (+20,4%), o segmento de bebidas não-alcoólicas (+17,7%), cervejas no Brasil (+13,3%) e América Latina Sul (+8,3%).

“Nosso contínuo momentum comercial entregou um forte início de ano, com crescimento de dois dígitos do Ebitda Ajustado, com expansão de margem”, disse o CEO da Ambev, Jean Jereissati, no release de resultados do primeiro trimestre.

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Marcelo Sakate

Marcelo Sakate é editor-chefe da Bloomberg Línea no Brasil. Anteriormente, foi editor da EXAME e do CNN Brasil Business, repórter sênior da Veja e chefe de reportagem de economia da Folha de S. Paulo.