Bloomberg — A Merck concordou em comprar a fabricante de medicamentos respiratórios Verona Pharma por cerca de US$ 10 bilhões, como parte de sua busca contínua por alternativas para preencher o vazio deixado pelo Keytruda nos próximos anos.
A farmacêutica, com sede em Nova Jersey, vem buscando aquisições diante da expectativa de perda de patentes que deve corroer cerca de US$ 18 bilhões em vendas nos próximos cinco anos.
A Merck concordou em pagar US$ 107 por recibo de depósito americano (ADR) da Verona — um prêmio de 23% em relação ao fechamento da empresa na terça-feira. Trata-se do terceiro maior negócio da Merck em décadas, segundo dados compilados pela Bloomberg.
Os ADRs da Verona subiram 20,7%, para US$ 104,85, no pré-mercado desta quarta-feira. As ações da Merck pouco oscilaram, enquanto analistas destacaram que o acordo pouco faz para resolver o problema de longo prazo com a expiração da patente do Keytruda.
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“Embora o acordo deva beneficiar imediatamente a linha de receita da Merck, ainda achamos que há mais trabalho a ser feito para preparar a empresa para a perda de exclusividade do Keytruda e tranquilizar os investidores sobre uma transição de receitas sem quedas acentuadas”, escreveu Evan David Seigerman, do BMO Capital Markets, em nota.
A Merck enfrenta a expiração da patente do Keytruda em 2028 — o medicamento mais vendido da história da indústria farmacêutica, que respondeu por quase metade das vendas da empresa no ano passado.
A Verona lançou recentemente um medicamento para doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC), com vendas anuais de pico estimadas por analistas em até US$ 4 bilhões. Para efeito de comparação, o Keytruda gerou US$ 29,5 bilhões em vendas no ano passado.
O Ohtuvayre, medicamento da Verona, recebeu aprovação nos EUA no ano passado para tratar DPOC — uma doença respiratória inflamatória grave que dificulta o fluxo de ar.
Segundo a Merck, o Ohtuvayre é o primeiro mecanismo inalatório novo para DPOC em mais de 20 anos. O banco Jefferies classificou o lançamento como “um dos mais fortes da história para DPOC”.
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A DPOC, uma doença que passou décadas sem inovação farmacêutica, está se tornando um mercado aquecido, com empresas como Sanofi e GSK Plc também lançando novos tratamentos.
Para a Merck, a compra da Verona é um dos “vários componentes” que a empresa tem ou planeja implementar para reduzir o impacto financeiro da perda da patente do Keytruda, disse John Murphy, analista da Bloomberg Intelligence.
A Merck já possui outros tratamentos respiratórios, incluindo um anticorpo aprovado recentemente para prevenir infecções por vírus sincicial respiratório em recém-nascidos. A Verona também está testando seu medicamento para outras doenças respiratórias, como asma e fibrose cística.
A transação deve ser concluída no quarto trimestre.
O acordo será realizado por meio de um scheme of arrangement, um processo jurídico britânico que geralmente exige apenas a aprovação da maioria dos acionistas, e não de todos, e é frequentemente utilizado quando o conselho da empresa-alvo apoia a proposta.
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