Bloomberg Línea — O Mercado Livre (MELI) tem enfrentado uma concorrência mais acirrada com o avanço da Shopee e o lançamento do Tik Tok Shop no Brasil, o que levou a uma recente mudança no seu modelo de custo de frete no país, segundo análise do Itaú BBA em relatório a clientes nesta semana.
A companhia adotou uma “atualização significativa”, com a mudança para uma estrutura de taxa variável. Agora, os vendedores podem receber descontos de até 40% nos custos de frete, segundo relatório, assinado por Rodrigo Gastim.
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Os descontos são determinados com base na reputação do vendedor, no valor do produto e no peso. Isso visa reduzir a lacuna de custos de frete para produtos abaixo do limite de “frete grátis” de R$ 79 e acima desse valor.
“A Shopee é vista como o concorrente mais disruptivo, com um movimento deliberado para cima na faixa de preço. A mudança do Mercado Livre visa fortalecer sua competitividade nessa faixa de preço”, avaliou o analista.
Na visão de Gastim, a mudança é vista como uma resposta à concorrência intensificada no mercado brasileiro, especialmente com o avanço da Shopee.
“O Mercado Livre busca fortalecer sua proposta de valor para os vendedores”, observou o analista do Itaú BBA.
Gastim estimou que essa mudança terá um impacto negativo de cerca de 3% na receita líquida anualizada de 2025. No entanto o potencial de aceleração do GMV (valor bruto de mercadorias transacionada) devido à redução de custos para os vendedores pode ajudar a compensar esse impacto, ressalvou.
Segundo o relatório, a forte performance da Argentina pode potencialmente compensar os investimentos no Brasil e no México.
A dominante posição do Mercado Livre na Argentina, com alta margem de contribuição, pode ajudar a equilibrar a pressão sobre as margens no Brasil, escreveu o analista.
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O Itaú BBA reiterou sua recomendação de outperform (acima da média do mercado) para a ação da companhia, com preço-alvo de US$ 3.133. Na Nasdaq, o papel fechou nesta quinta-feira a US$ 2.606, alta de 0,16%.
Isso significa que o Itaú BBA vê um upside de 20%.
“Acreditamos que o Mercado Livre continuará a ter um bom desempenho, impulsionada pelo crescimento forte na Argentina e pela expansão no mercado brasileiro, apesar da concorrência intensificada”, concluiu Gastim.
Na última quarta-feira (21), o Mercado Livre anunciou que o cofundador Ariel Szarfsztejn vai ocupar o cargo de CEO a partir de 1º de janeiro de 2026, em substituição a Marcos Galperin, que se tornará chairman.
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