Marca de dermocosméticos esportivos, Pink Cheeks ganha tração com onda do bem-estar

Uma das marca pioneiras no setor dobrou a receita no último ano e projeta crescer 50% em 2025; o próximo passo inclui a entrada de um investidor para acelerar o ganho de escala, contam as sócias Corina Godoy e Gisele Violin à Bloomberg Línea

No mercado desde 2023, a Pink Cheeks dobrou o faturamento no último ano e projeta crescer 50% em 2025, encerrando com R$ 75 milhões
29 de Setembro, 2025 | 05:19 AM

Bloomberg Línea — Tudo começou com as dores – literalmente - das práticas esportivas.

Assaduras, manchas e cabelos danificados foram os gatilhos para que Corina Godoy, farmacêutica e triatleta, desenvolvesse em 2009 os primeiros protótipos de produtos de cuidados pessoais pensados para quem pratica esportes.

PUBLICIDADE

Com a administradora Gisele Violin e a publicitária Renata Chaim, amigas de infância e parceiras de treino, Corina testava os cosméticos, enquanto criava, dentro da própria farmácia de manipulação, soluções para problemas comuns a quem corre, pedala ou nada.

A experimentação evoluiu para negócio em 2013, quando nasceu oficialmente a Pink Cheeks – nome que batizava, originalmente, apenas o trio de corredoras nas provas de que participavam. Mais de uma década depois, a marca de cosméticos funcionais para esporte tornou-se uma referência para quem pratica esportes - e, inclusive, usa o apelo de durabilidade - e tem atraído um público ainda mais amplo.

Leia mais: A Moriah decidiu investir na tese do bem-estar. O seu portfólio já vale R$ 1,86 bi

PUBLICIDADE

Com os novos hábitos no pós-pandemia, a Pink Cheeks acelerou o ritmo. Em 2024, cresceu 100% sobre o ano anterior e alcançou a marca de R$ 50 milhões em faturamento. Para este ano, a estimativa é repetir o feito, mas os ventos econômicos - e o inverno mais rigoroso - têm diminuído a velocidade.

A nova expectativa é a de uma expansão de 50%, para R$ 75 milhões.

Os itens de proteção solar são o carro-chefe da empresa desde o início. Os produtos buscam unir a proteção contra raios solares com resistência ao suor, praticidade e acabamento agradável.

PUBLICIDADE

“Na época, o irmão da Gisele, que era triatleta, testava os produtos para nós. Eles tinham que durar um Ironman, não uma maratona”, lembrou Corina, co-CEO da Pink Cheeks, em referência à prova de triatlo que costuma durar perto de dez horas.

Pioneira em produtos nos formato bastão no país, a marca conta hoje com um portfólio com mais de 100 produtos, entre itens que trazem soluções antiatritos, maquiagem e capilares, além de protetores para corpo e rosto.

Leia mais: Decathlon aposta em novo modelo de lojas para acompanhar febre do esporte no Brasil

PUBLICIDADE

Nos últimos anos, a Pink Cheeks reposicionou sua imagem para além do universo das competições.

Após a pandemia, adotou um novo logo, mais neutro e com apelo unissex, e passou a mirar consumidores que buscam praticidade e proteção no cotidiano – mesmo que não sejam atletas amadores ou de alta performance.

Corina Godoy e Gisele Violin, da Pink Cheeks: o que oferecemos serve tanto para quem faz um Ironman quanto para quem enfrenta a maratona diária da vida

“O que a marca oferece serve tanto para quem faz um Ironman quanto para quem enfrenta a maratona diária da vida”, disse Violin.

“Nossos produtos têm alta proteção solar, acabamento com toque de maquiagem e são muito usados no dia a dia por causa da praticidade.”

Um desafio que ainda persiste é conseguir atrair o público masculino e fazer com que usem os produtos - 90% das compras são feitas pelas mulheres.

“Antigamente, eles nem entravam nos nossos estandes em provas. Hoje, está muito melhor e acabam entrando em busca do antiatrito e também de protetores em bastão, por exemplo”, disse Violin.

Um novo sócio

Para continuar a crescer entre o público dos atletas amadores e além, a Pink Cheeks tem reforçado a sua presença em eventos, além de trabalhar a comunicação de marca com influenciadores.

A empresa fechou um contrato de licenciamento com a Maratona do Rio, realizada no mês de junho, com duração de um ano - prazo que está sendo renegociado. E prevê novos acordos ainda neste ano.

Os esforços incluem a ampliação dos canais de distribuição, com a entrada no ano passado no varejo farmacêutico, com redes como Raia Drogasil e Drogaria Iguatemi.

O varejo físico, que soma a venda por meio de consultores e grandes varejistas, além das farmácias de rede e de manipulação, responde por 70% da receita.

O restante vem do canal digital, que inclui de e-commerce próprio a marketplaces.

Fora do Brasil, a Pink Cheeks já tem registro e atuação no Paraguai por meio de um distribuidor local.

Desde a fundação, a empresa cresceu com caixa próprio, reinvestindo o lucro para expandir a operação. Mas, segundo as sócias, essa fórmula não será suficiente para explorar as novas oportunidades que batem à porta atualmente.

Com a expansão e a demanda em alta, a marca estuda abrir o negócio para a entrada de um novo sócio capitalista ou estratégico.

“Nós já tivemos no passado muitas empresas nos abordando, mas naquele momento achamos que não era o momento. Agora, sim”, disse Godoy. As conversas ainda estão dentro de casa e não envolvem nenhuma negociação formal.

A ambição, com a chegada de um novo sócio, é dar um salto de escala: fortalecer a presença em provas esportivas, expandir os canais digitais e físicos e ampliar o portfólio com produtos que mantenham o DNA funcional do negócio.

Leia também

De parceira das maiores maratonas à relação com CEOs: a estratégia da TCS na corrida

Mensalidades a R$ 1.800: Bio Ritmo quer dominar segmento de academias high-end

Clubes de surfe para a elite cobram até R$ 1 milhão de novos sócios em São Paulo