Bloomberg Línea — Tudo começou com as dores – literalmente - das práticas esportivas.
Assaduras, manchas e cabelos danificados foram os gatilhos para que Corina Godoy, farmacêutica e triatleta, desenvolvesse em 2009 os primeiros protótipos de produtos de cuidados pessoais pensados para quem pratica esportes.
Com a administradora Gisele Violin e a publicitária Renata Chaim, amigas de infância e parceiras de treino, Corina testava os cosméticos, enquanto criava, dentro da própria farmácia de manipulação, soluções para problemas comuns a quem corre, pedala ou nada.
A experimentação evoluiu para negócio em 2013, quando nasceu oficialmente a Pink Cheeks – nome que batizava, originalmente, apenas o trio de corredoras nas provas de que participavam. Mais de uma década depois, a marca de cosméticos funcionais para esporte tornou-se uma referência para quem pratica esportes - e, inclusive, usa o apelo de durabilidade - e tem atraído um público ainda mais amplo.
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Com os novos hábitos no pós-pandemia, a Pink Cheeks acelerou o ritmo. Em 2024, cresceu 100% sobre o ano anterior e alcançou a marca de R$ 50 milhões em faturamento. Para este ano, a estimativa é repetir o feito, mas os ventos econômicos - e o inverno mais rigoroso - têm diminuído a velocidade.
A nova expectativa é a de uma expansão de 50%, para R$ 75 milhões.
Os itens de proteção solar são o carro-chefe da empresa desde o início. Os produtos buscam unir a proteção contra raios solares com resistência ao suor, praticidade e acabamento agradável.
“Na época, o irmão da Gisele, que era triatleta, testava os produtos para nós. Eles tinham que durar um Ironman, não uma maratona”, lembrou Corina, co-CEO da Pink Cheeks, em referência à prova de triatlo que costuma durar perto de dez horas.
Pioneira em produtos nos formato bastão no país, a marca conta hoje com um portfólio com mais de 100 produtos, entre itens que trazem soluções antiatritos, maquiagem e capilares, além de protetores para corpo e rosto.
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Nos últimos anos, a Pink Cheeks reposicionou sua imagem para além do universo das competições.
Após a pandemia, adotou um novo logo, mais neutro e com apelo unissex, e passou a mirar consumidores que buscam praticidade e proteção no cotidiano – mesmo que não sejam atletas amadores ou de alta performance.

“O que a marca oferece serve tanto para quem faz um Ironman quanto para quem enfrenta a maratona diária da vida”, disse Violin.
“Nossos produtos têm alta proteção solar, acabamento com toque de maquiagem e são muito usados no dia a dia por causa da praticidade.”
Um desafio que ainda persiste é conseguir atrair o público masculino e fazer com que usem os produtos - 90% das compras são feitas pelas mulheres.
“Antigamente, eles nem entravam nos nossos estandes em provas. Hoje, está muito melhor e acabam entrando em busca do antiatrito e também de protetores em bastão, por exemplo”, disse Violin.
Um novo sócio
Para continuar a crescer entre o público dos atletas amadores e além, a Pink Cheeks tem reforçado a sua presença em eventos, além de trabalhar a comunicação de marca com influenciadores.
A empresa fechou um contrato de licenciamento com a Maratona do Rio, realizada no mês de junho, com duração de um ano - prazo que está sendo renegociado. E prevê novos acordos ainda neste ano.
Os esforços incluem a ampliação dos canais de distribuição, com a entrada no ano passado no varejo farmacêutico, com redes como Raia Drogasil e Drogaria Iguatemi.
O varejo físico, que soma a venda por meio de consultores e grandes varejistas, além das farmácias de rede e de manipulação, responde por 70% da receita.
O restante vem do canal digital, que inclui de e-commerce próprio a marketplaces.
Fora do Brasil, a Pink Cheeks já tem registro e atuação no Paraguai por meio de um distribuidor local.
Desde a fundação, a empresa cresceu com caixa próprio, reinvestindo o lucro para expandir a operação. Mas, segundo as sócias, essa fórmula não será suficiente para explorar as novas oportunidades que batem à porta atualmente.
Com a expansão e a demanda em alta, a marca estuda abrir o negócio para a entrada de um novo sócio capitalista ou estratégico.
“Nós já tivemos no passado muitas empresas nos abordando, mas naquele momento achamos que não era o momento. Agora, sim”, disse Godoy. As conversas ainda estão dentro de casa e não envolvem nenhuma negociação formal.
A ambição, com a chegada de um novo sócio, é dar um salto de escala: fortalecer a presença em provas esportivas, expandir os canais digitais e físicos e ampliar o portfólio com produtos que mantenham o DNA funcional do negócio.
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