Bloomberg Línea — Fundada por Mate Pencz e Florian Hagenbuch em agosto de 2018 como uma empresa que comprava, reformava e vendia imóveis com uso de tecnologia para agilizar as operações, a Loft se transformou em um dos players líderes de mercado em aluguel, compra e venda e produtos financeiros para tais transações.
E atravessa um momento em que a tecnologia aplicada de forma transversal e o efeito de rede aceleram seus negócios. No primeiro semestre, a companhia realizou mais de 300 mil transações imobiliárias - contando todos os seus produtos -, o que representou um crescimento de 32% na comparação anual.
O número aproximado de 306 mil transações, que dá a dimensão do tamanho da operação, é um KPI (Key Performance Indicator) divulgado pela primeira vez pela Loft e antecipado em primeira mão pela Bloomberg Línea.
“Esse número significa um impacto para cerca de 1,2 milhão de pessoas por meio da plataforma da Loft”, disse Sandro Westphal, vice-presidente de Alianças e Parcerias Estratégicas na Loft, em entrevista à Bloomberg Línea.
O executivo fez referência ao cálculo que leva em conta o número médio de pessoas por imóvel no Brasil. “Sem contar a Caixa, que é um banco público, temos a segurança de dizer que a Loft foi o agente de mercado que mais proporciona acesso a moradias no país, contando aluguel, compra e financiamento”, disse.
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Os números refletem uma plataforma que busca aumentar o giro de negócios imobiliários por meio de soluções financeiras e de tecnologia, como o uso de Inteligência Artificial em precificação mais assertiva de imóveis e, em breve, para reforçar o “match” entre os lides gerados e as imobiliárias parceiras.
Segundo ele, é uma das metas da empresa ampliar o uso de IA na jornada da moradia, a tal ponto que o time de tecnologia busca entregar uma nova aplicação por mês.
Essa frente das parcerias, que é parte fundamental do modelo de negócios da Loft, superou a marca de 10.000 imobiliárias ativas, ou seja, que fizeram uso de ao menos um produto da plataforma. Mais de 6.000 passaram a consumir pela primeira vez ao menos um serviço de janeiro a julho.
“A cada ano crescemos mais e geramos um backlog [de futuros negócios] mais relevante”, disse o VP da Loft.
Segundo Westphal, o momento tem sido particularmente desafiador, com juros básicos agora na casa de 15% ao ano, o que “empurra” o mercado em direção ao aluguel, em detrimento da compra de imóvel com financiamento.
Para a Loft, isso significa demanda maior pelo produto de garantia (fiança) locatícia.
Esse produto voltado para o aluguel cresceu 34% nos seis primeiros meses deste ano em relação ao mesmo período de 2024, enquanto a empresa de tecnologia avança também com outras ferramentas que aumentam a assertividade das transações: o uso do CRM proprietário aumentou 84% no período.
A empresa fechou o ano de 2024 com 500 mil contratos ativos de fiança aluguel e deve chegar a 650 mil até o fim de 2025, segundo projeções internas.
Essa expansão em particular contou com a incorporação, como solução de mercado, de estimados 80% dos contratos da QuintoCred, operação do QuintoAndar para esse tipo de produto que foi encerrada no início de junho.
Segundo Westphal, a Loft estruturou uma espécie de força-tarefa para acolher imobiliárias e inquilinos impactados, o que permitiu a continuidade de contratos de locação.
Avanço do home equity
De forma isolada, o produto que mais cresceu - 370% na base anual - também foi influenciado pelo momento de financiamento habitacional mais caro: o home equity, modalidade de crédito em que o imóvel entra como garantia e isso permite a cobrança de juros mais baixos, gerou originação perto de R$ 500 milhões no semestre.
O crescimento tem sido alavancado também por novas soluções levadas ao público, algumas das quais representam inovações no mercado imobiliário.
É o caso do Garantia Investe, modalidade que utiliza investimentos em títulos do Tesouro Direto, por parte do inquilino, como garantia no aluguel.
O produto lançado no fim do ano passado foi desenvolvido em parceria entre Loft, Banco Central, Tesouro Nacional, Warren e B3.
Cerca de 3.000 imobiliárias já estão habilitadas a oferecer essa solução a seus clientes, número que cresce em cerca de 100 imobiliárias a cada semana.
“Ao longo dos anos, pudemos aprender sobre comportamento dos clientes, padrões de risco e em outras frentes e usamos essas informações para desenvolver produtos que façam sentido para as pessoas e ajudam a destravar o mercado”, disse.
“É uma parte que nem sempre as pessoas enxergam, que eu chamo de ‘encanamento’, mas toda essa frente de desenvolvimento de motor de crédito nos deu mais capacidade de crescer de maneira mais saudável”, completou.
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Ao mesmo tempo em que cresce no momento de juros mais elevados, o modelo construído pela Loft se beneficia do aquecimento do mercado de compra e venda quando as taxas recuam - a empresa se tornou a maior fonte de originação de crédito imobiliário para os três maiores bancos privados do país, Itaú, Bradesco e Santander.
Novas soluções e parcerias a caminho
Ao olhar para frente, o VP da Loft disse que serão anunciadas em breve novas parcerias tanto na frente de crédito como de serviços.
“Nós entendemos que nem tudo vamos desenvolver dentro de casa, porque há a curva de aprendizado e o tempo para escalar. Ao mesmo tempo, vamos permitir que outras grandes empresas, também disruptoras em suas atividades, aproveitem o canal da Loft e o nível de tecnologia que construímos”, contou.
Westphal acaba de entrar para o “Conselhão”, o Conselho de Desenvolvimento Econômico Social Sustentável do governo federal, órgão que reúne representantes do setor privado em diferentes áreas para ajudar em uma agenda para o país.
Ele é o único representante tech com atuação no mercado imobiliário e disse que pretende contribuir com pautas como a do “aluguel consignado”.
Trata-se de uma solução que permitiria o desconto do aluguel diretamente na folha de pagamento de um trabalhador, o que reduziria a inadimplência e fomentaria essa modalidade de moradia.
Westphal está na Loft desde meados de 2021, quando a fintech CredPago, da qual foi sócio-fundador, foi incorporada, em negócio que naquele momento levou o então acionista BTG Pactual para o cap table da proptech.
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