Kellanova quer reforçar a relação com o pequeno varejo. A IA é o atalho

Empresa das marcas Pringles, Sucrilhos e Parati desenvolve ferramenta para facilitar o contato e auxiliar o trabalho dos vendedores em diferentes regiões do país, diz o diretor comercial da Kellanova no Brasil, Ricardo Roza, à Bloomberg Línea

Batatas Pringles, da Kellanova
05 de Setembro, 2025 | 11:53 AM

Bloomberg Línea — A Kellanova, empresa das marcas Pringles, Sucrilhos e Parati, vai incorporar uma ferramenta de inteligência artificial integrada ao WhatsApp para fortalecer a relação com o pequeno varejo.

Batizada de “Kell”, a assistente virtual foi desenvolvida em parceria com a Yalo, plataforma que atua com IA e agentes virtuais.

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A ferramenta está em fase piloto em lojas no interior de São Paulo e tem a expansão prevista também para Curitiba. A expectativa é que a implementação para toda a base de atendimento da empresa aconteça até o início de 2026.

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Segundo Ricardo Roza, diretor comercial da Kellanova, o projeto foi concebido para somar, e não substituir, o trabalho da equipe de vendas. É a primeira vez que a companhia investe em um canal direto de pedidos via WhatsApp no país, em uma iniciativa que busca complementar a visita presencial de vendedores.

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“Nós reconhecemos o vendedor como uma pessoa física, que tem uma relação próxima, recorrente, histórica com os nossos clientes. Mas, ao mesmo tempo, há inúmeras iniciativas de tecnologia que ajudam nessa relação, para que você possa ter um processo de venda mais rápido, mais prático, mais eficiente. E a ferramenta entrega isso”, disse Roza em entrevista à Bloomberg Línea.

Em 2023, a empresa desmembrou os negócios de cereais na América do Norte, o que gerou o nascimento da WK Kellogg (Foto: Tiffany Hagler-Geard/Bloomberg)

Até o momento, segundo o diretor comercial da empresa, “o feedback geral, tanto dos vendedores como dos pontos de venda”, é positivo.

Roza lidera há cinco anos o setor comercial da Kellanova no país. Antes disso, ele foi diretor comercial do Rappi e da Ambev.

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“Esse é um negócio vivo. Se eu olhar o que poderia ser feito em 2020 em termos de tecnologia, e se eu olhar agora em 2025, é totalmente diferente”, disse.

A companhia emprega cerca de 1.300 profissionais dedicados ao atendimento direto nos pontos de venda no país, com foco especial para o interior paulista, o Rio de Janeiro e a região Sul do país.

Essa estrutura é reforçada por distribuidores em regiões mais afastadas dos centros urbanos e por contratos com grandes redes como Atacadão, Assaí e Carrefour.

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A nova solução, segundo o executivo, amplia o alcance da área comercial e possibilita que o revendedor possa fazer um pedido durante a janela de visita dos vendedores, por exemplo.

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A adoção da IA no WhatsApp foi pensada justamente para facilitar o acesso no cotidiano. Para a adesão, o varejista deve habilitar o recurso com seu CNPJ.

“O fato de estar debaixo do guarda-chuva do WhatsApp elimina qualquer tipo de bloqueio técnico. Você não precisa ensinar uma nova tecnologia para o ponto de venda”, explicou Roza.

A próxima fase do projeto prevê a adoção de QR codes em embalagens, notas fiscais, uniformes de representantes e em ações nos pontos de venda.

Expansão e mercado

A Kellanova enxerga espaço para crescimento em todo o país.

O Sul segue como região estratégica, sobretudo após a aquisição da Parati, em 2016, mas outras áreas estão no radar, como o Nordeste - a empresa expandiu a atuação para essa região neste ano.

Segundo Roza, a maior maturidade no Sul ocorre nas categorias de biscoitos e massas herdadas da Parati, marca que nasceu justamente na região.

“Sempre que você abre um mercado, sua participação é mais baixa. E isso significa uma oportunidade maior”, disse Roza ao explicar o interesse de expandir os negócios para o Nordeste.

Na América Latina, o maior parque industrial da empresa está localizado em São Loureço do Oeste, em Santa Catarina. No início do ano, a companhia anunciou R$ 360 milhões em investimentos para ampliar esse complexo industrial.

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Com um portfólio que vai de pacotes unitários de sucos em pó da marca Trink vendidos a menos de R$ 1 a latas de Pringles próximas de R$ 14, a companhia se vê bem posicionada para atender diferentes perfis de consumidores, afirmou o executivo.

“O nosso desafio é ter um modelo de distribuição e de atendimento que consiga atender os diversos ambientes de varejo. Mas é um mercado consumidor enorme e ainda temos muita oportunidade de market share em todas as categorias”, disse.

Aquisição pela Mars

No ano passado, foi anunciado a aquisição da Kellanova pela Mars por cerca de US$ 36 bilhões. Na época, a empresa de chocolates e doces informou que pagaria o equivalente a US$ 83,50 por ação. O processo de compra ainda não foi concluído.

Um ano antes, em 2023, a empresa desmembrou os negócios de cereais na América do Norte, o que gerou o nascimento da WK Kellogg. No mesmo ano, a Kellanova reportou US$ 13 bilhões em vendas.

A WK Kellogg despertou o interesse da fabricante italiana de chocolates Ferrero, que acertou em julho deste ano a aquisição da empresa por cerca de US$ 3 bilhões.

No Brasil, Roza disse que não houve alterações na operação após o anúncio da compra pela Mars, e a companhia segue com sua estratégia então aprovada.

Para o executivo, a perspectiva é a de que, no futuro, a união dos portfólios possa abrir novas oportunidades, mas, no curto prazo, “não há nenhum impacto prático no negócio”.

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