Bloomberg Línea — Avançar na concessão de crédito é a prioridade do Inter para ganhar espaço na acirrada competição bancária pela “principalidade” dos clientes.
Atualmente o banco tem pouco menos de 60% de clientes ativos em sua base de 42 milhões, um número que pode crescer para 70% ancorado na concessão de crédito, segundo o CEO do Inter&Co (INTR) para o Brasil, Alexandre Riccio.
“Vemos a concessão de crédito como um dos grandes indutores desse aumento percentual”, afirmou Riccio em entrevista a jornalistas nesta quarta-feira (3).
“A natureza das operações de crédito tende a ser mais duradoura, e com isso usamos nosso ecossistema para aproveitar essa relação de forma mais fértil”, disse.
A nova aposta do Inter para conquistar os clientes e engajar sua base é o lançamento da ferramenta “Meu Crédito”, que concentra recursos para ajudar o usuário a entender seu status e aumentar sua capacidade de tomar empréstimos.
O objetivo é facilitar e “gamificar” a jornada de compra do cliente que deseja um empréstimo.
A ferramenta faz isso ao agregar informações como dados de score de crédito, explicação sobre por que determinada solicitação foi negada, prazo para que seja feita uma nova análise de concessão e orientações sobre o que precisa ser feito para a obtenção de uma aprovação com o banco.
“O que vemos na concorrência são pedaços do que temos aqui. Portanto, acredito que podemos nos tornar um benchmark para o mercado ao juntar tudo isso em um só lugar e dar mais transparência para o cliente”, disse Mauro Rangel, diretor de crédito e recuperação do Inter, na mesma entrevista.
Leia também: Inter pode triplicar de tamanho com expansão em investimento na própria base, diz CEO
O lançamento faz parte da estratégia do Inter para manter um crescimento acelerado no crédito apesar do cenário macroeconômico que segue desafiador, com juros básicos em dois dígitos.
O banco digital cresceu a carteira em 30% no terceiro trimestre na base anual – um ritmo de alta ao menos três vezes superior ao dos grandes bancos de varejo, mas ainda atrás de pares como o Nubank, que avançou 42% no mesmo período.
“O estágio de maturidade do negócio ainda nos pede e nos permite querer crescer muito [na concessão de crédito]”, resumiu Riccio.
O Inter tem uma fatia de mercado considerada pequena nos principais produtos de crédito, em torno de 2% para o cartão de crédito, por exemplo. Na modalidade mais avançada, de home equity, está na casa dos 8%.
A meta, segundo o CEO, é mirar a faixa dos 9% que hoje o Inter já tem no Pix.\
“Sabemos que não vamos ganhar dois ou três pontos de share em um período muito curto. Mas o objetivo é que o banco continue crescendo de forma desproporcional ao mercado”, afirmou.
A ferramenta “Meu crédito” estará disponível para todos os clientes pessoa física do Inter até o fim deste ano, e para pessoa jurídica a partir do início de 2026.
Leia também
Nubank vai buscar licença bancária no Brasil: ‘marca não muda’, diz CEO no país
Inter expande operação para a Argentina com conta global por meio de parceria
Como Rubens Menin montou uma vinícola no Douro e já investiu € 55 milhões