Bloomberg Línea — O Inter nasceu há pouco mais de 30 anos, mas foi apenas em 2018, com a virada para o digital, que o banco iniciou uma guinada e se consolidou como uma empresa de growth.
A base de clientes cresceu quase 300% entre 2017 e 2018 e alcançou o primeiro milhão. De lá para cá, a expansão ganhou tração: o banco tem hoje 40 milhões de clientes e pretende alcançar a marca dos 60 milhões até 2027.
Para o CEO do Inter&Co (INTR) no Brasil, Alexandre Riccio, por outro lado, o banco digital tem condições de alavancar o negócio sem precisar expandir a base na mesma velocidade.
“A meta é que o negócio cresça em torno de 30% ao ano, mas não necessariamente a base de clientes cresce [na mesma proporção]”, afirmou em recente conversa com jornalistas.
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A principal meta é aumentar o relacionamento com o cliente a ponto de se tornar seu banco principal – a chamada “principalidade” - e assim turbinar o próprio resultado.
Uma das frentes em que o Inter, listado na Nasdaq, passou a dedicar maior atenção para aprofundar a conexão com seus clientes são os investimentos.
O banco passou de R$ 122 bilhões em ativos sob custódia em setembro do ano passado para R$ 160 bilhões neste ano até aqui. Dos 40 milhões de clientes do banco, 8 milhões são investidores.
“Vemos essa vertical como essencial do ponto de vista de negócio e também para suportar a vida financeira das pessoas de forma completa”, afirmou o CEO.
Questionado sobre a possibilidade de crescer na frente de investimentos dentro da base, Riccio disse que a ambição é alta. “É possível triplicar o tamanho da companhia sem trazer novos clientes.”
Rafaela Vitória, economista-chefe e diretora de RI (Relações com Investidores) do Inter, defendeu a perspectiva de que o banco digital controlado por Rubens Menin tem uma vantagem sobre os principais players de varejo.
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“Os bancos incumbentes têm uma média de 10% da base de investidores [contra 20% do Inter]. Mostra como a plataforma é relevante aqui”, afirmou a economista na mesma entrevista.
A base dos concorrentes, por outro lado, é maior: Itaú e Bradesco, além do digital Nubank, estão na faixa dos players com mais de 100 milhões de clientes.
Há ainda players que nasceram com a atuação em investimentos como core business, caso de BTG Pactual e XP Inc., em dois casos mais notórios.
O peso da frente de investimentos para o Inter foi refletido na primeira edição do Inter Invest Summit, realizada no último dia 20, “dentro de casa”, na Arena MRV em Belo Horizonte (Minas Gerais).
O estádio foi um projeto idealizado pelo fundador e presidente do conselho do Inter e da MRV - também é majoritário da SAF (Sociedade Anônima do Futebol) do Clube Atlético Mineiro.
O foco do evento foi 100% voltado para pessoas físicas.
“O Inter Invest Summit foi pensado mais como uma frente de conteúdo do que uma feira de negócios”, afirmou Monica Saccarelli, diretora de investimentos do Inter e idealizadora do evento.
O plano é que o encontro seja realizado anualmente, segundo o CEO, tornando-se um ponto de conexão com os principais perfis de investidores do Inter.
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