IA, cibersegurança, alta renda e PME: as apostas da Visa para crescer em 2026

Principais executivos da gigante de pagamentos no Brasil apontam em evento o que deve nortear a estratégia em termos de novas soluções e tecnologias para clientes corporativos, com benefícios indiretos a pessoas físicas

A touch screen display during a media tour at Visa's new office in San Francisco, California, US, on Tuesday, May 28, 2024. Visa Inc. is opening it's new office this week in the Mission Rock development in San Francisco. Photographer: Philip Pacheco/Bloomberg
01 de Dezembro, 2025 | 11:00 AM

Bloomberg Línea — A Visa definiu inteligência artificial, cibersegurança e clientes de alta renda como prioridades para 2026 no Brasil.

A gigante mundial de pagamentos apresentou a estratégia durante evento realizado na última quinta-feira (27) em São Paulo, com foco em transformação digital, prevenção de fraudes e hiperpersonalização de produtos.

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Thiago Moherdaui, vice-presidente da Visa Consulting & Analytics Brasil, disse que a IA deixou de ser tema de estudo para entrar no centro das decisões.

“Todos os clientes agora estão focados assim, tanto para redução de custo como em benefício de resultado podem ter ao aplicar AI”, afirmou.

Moherdaui identificou aplicações em disputas e gestão de risco como áreas que geram resultados concretos e imediatos.

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A Visa desenvolveu o Lab AI em 2025, com foco em capacitação e treinamento. Para 2026, a iniciativa passa à execução de projetos.

A área de consultoria da Visa tem mais de 1.500 profissionais globalmente, entre consultores e cientistas de dados.

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Cibersegurança aparece como segunda prioridade, e Moherdaui afirmou que o tema “vai ser muito forte” em 2026.

A empresa começou uma prática de cibersegurança dentro da consultoria, com trabalhos de assessment (avaliações que comparam as práticas de segurança dos clientes com os padrões de mercado).

Gustavo Carvalho, vice-presidente de Serviços de Valor Agregado, apresentou dados sobre ameaças digitais.

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Menções à inteligência artificial na dark web cresceram 450% entre janeiro e junho. Transações iniciadas por bots aumentaram 25% globalmente - os Estados Unidos registraram crescimento de 40%.

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Carvalho informou que ataques de enumeração, em que fraudadores tentam adivinhar números de cartão, cresceram 15%. A América Latina concentra 11% desses ataques.

“Por causa da inteligência artificial, esse tipo de ataque vem sendo mais eficiente para o fraudador”, disse Carvalho.

Segundo ele, a Visa investiu mais de US$ 13 bilhões nos últimos cinco anos em tecnologia e infraestrutura de segurança.

PMEs e alta renda no radar

O mercado de PME concentra parte da estratégia: a Visa cresceu 22% em volume de pagamentos domésticos para o segmento no ano fiscal de 2025.

Marcela Pinori, vice-presidente de Soluções Comerciais, apresentou pesquisa com mais de 2.000 PMEs brasileiras, que indicam as oportunidades em soluções de pagamento e de inteligência de mercado.

Segundo o levantamento, 59% consideram o crédito ferramenta para crescimento, mas 43% tiveram algum pedido negado por bancos.

Diante desse descasamento, a empresa desenvolveu um score com base em recebimentos que aumenta a taxa de aprovação de limite.

Moherdaui informou que a Visa tem mais de 20 pilotos de score de crédito transacional (nota de risco de crédito) com clientes. Os projetos conseguem aumentar em dois pontos percentuais a aprovação de transações.

“Cada ponto representa cerca de R$ 1,2 bilhão de faturamento”, disse o VP de Visa Consulting & Analytics Brasil.

O segmento de alta renda complementa as prioridades estratégicas.

Rodrigo Cury, presidente da Visa Brasil desde outubro, destacou o lançamento do cartão Visa Infinite Privilege em 2025 para clientes de altíssima renda. O produto começou com três emissores - Itaú, XP e Unicred.

“Já temos mais alguns emissores que estão lançando”, afirmou Cury.

Antônia Souza, diretora de Blockchain e Criptomoedas para América Latina, por sua vez, confirmou que existem conversas com bancos brasileiros sobre stablecoins (ativos digitais atreladas a moedas tradicionais como dólar ou real).

“Para 2026, vamos ver muito mais produtos na rua”, afirmou.

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