Hertz vai devolver 20 mil carros elétricos e investir em modelos a combustão

Gigante de locação de veículos, que fez encomenda de 100 mil Teslas em 2021, citou fraca demanda e custos de manutenção elevados para tomar a decisão, além da depreciação

Por

Bloomberg — A Hertz Global (HTZ), uma das maiores empresas de locação do mundo, disse que planeja vender um terço de sua frota de veículos elétricos nos Estados Unidos e reinvestir em carros movidos a combustão devido à fraca demanda e aos altos custos de reparo para seus modelos movidos a bateria.

As vendas de 20.000 veículos elétricos começaram no mês passado e continuarão ao longo de 2024, informou a gigante de locação nesta quinta-feira (11) em um documento regulatório.

A Hertz registrará uma despesa não monetária em seus resultados do quarto trimestre de cerca de US$ 245 milhões relacionada a despesas incrementais de depreciação líquida.

A reversão dramática, após a Hertz anunciar planos em 2021 de comprar 100 mil veículos da Tesla (TSLA), destaca a demanda decrescente por carros totalmente elétricos nos EUA. As vendas de veículos elétricos desaceleraram acentuadamente ao longo de 2023, subindo apenas 1,3% no último trimestre.

“A empresa espera reinvestir uma parte dos recursos da venda de veículos elétricos na compra de veículos a motor de combustão interna para atender à demanda dos clientes”, segundo o documento.

A Hertz disse que “espera que essa ação equilibre melhor o fornecimento em relação à demanda esperada de veículos elétricos”.

As ações da Hertz caíam perto de 5% na Nasdaq por volta das 13h (de Brasília). A ação caiu 32% no ano passado.

A mudança de volta para carros mais convencionais marca uma reversão da estratégia do CEO da Hertz, Stephen Scherr, centrada em veículos elétricos, nos quais a empresa esperava obter preços mais altos nas tarifas de balcão e manter seu valor.

Os cortes de preços da Tesla, em estratégia de Elon Musk, ao longo do último ano reduziram o valor dos carros na frota da Hertz e, com o crescimento das vendas de veículos elétricos em desaceleração, não está claro se os consumidores terão apetite por eles no mercado de carros usados.

O que a Bloomberg Intelligence disse:

“A Hertz registrou custos elevados de sua frota de veículos elétricos no segundo semestre de 2023. A administração disse que a reversão poderia impulsionar o fluxo de caixa livre em US$ 250 milhões a US$ 300 milhões em 2024-2025 e melhorar o Ebitda corporativo, mas vemos a reorganização como dores de crescimento material.” — Jody Lurie, analista sênior de crédito da Bloomberg Intelligence.

A Hertz disse que a venda de alguns veículos elétricos deve melhorar o fluxo de caixa e os ganhos neste ano e no próximo. Até o final de 2025, a empresa espera resultados financeiros impulsionados por uma receita mais alta por dia e menores despesas de depreciação e operacionais. A empresa vê um fluxo de caixa livre incremental de até US$ 300 milhões no agregado ao longo de 2024 e 2025.

Scherr sinalizou que essa mudança ocorreria, dizendo em outubro que a empresa reduziria os veículos elétricos, que representavam 11% de sua frota total. Teslas representavam 80% disso.

Os cortes de preço da Tesla aumentaram os custos de depreciação de sua empresa, disse Scherr. Os veículos elétricos também têm custos de reparo mais altos em comparação com o restante de seus carros, o que prejudicou o seu lucro e desempenhou um grande papel para que a empresa não conseguisse atingir as estimativas de ganhos do terceiro trimestre.

“Os veículos elétricos serão mais lentos [no resultado] do que nossas expectativas anteriores”, disse ele durante a teleconferência de resultados do terceiro trimestre da empresa.

Veja mais em Bloomberg.com

Leia também

Stellantis negocia participação na Leapmotor, montadora chinesa de elétricos

BYD: da fama de ‘falida’ à queridinha da Berkshire Hathaway, de Buffett

Localiza: por que a líder em locação de veículos vai precisar de R$ 4,5 bi