Bloomberg — Um herdeiro da Hermès abriu um processo contra o conglomerado LVMH e seu bilionário CEO Bernard Arnault em um tribunal civil de Paris, numa tentativa de recuperar cerca de € 14 bilhões (US$ 16,3 bilhões) referentes a ações que ele afirma ter perdido na fabricante das bolsas Birkin.
Nicolas Puech alega que seu ex-gestor de patrimônio, o falecido Eric Freymond, vendeu suas ações na Hermès International para Arnault sem o seu conhecimento, num momento em que Arnault tentava comprar a rival.
Ele entrou com a ação civil contra Freymond, LVMH Moët Hennessy Louis Vuitton SE e Arnault em maio, segundo pessoas familiarizadas com o caso que falaram com a Bloomberg News e pediram anonimato.
Leia também: De Prada a Richemont: cinco marcas de luxo para investir em 2026, segundo o JPMorgan
A ação — revelada primeiro pelo diário francês Libération — acrescenta um novo capítulo à saga sobre o destino das ações de Puech.
O herdeiro de quinta geração de uma das maiores empresas de luxo do mundo afirma não estar mais em posse de cerca de seis milhões de ações da Hermès que lhe pertenciam e cuja gestão ele havia transferido a Freymond.
Quando apresentou a ação civil, Puech estimou que as ações perdidas valiam cerca de € 14,3 bilhões, segundo essas pessoas.
Apesar de ter ingressado com a ação cível, Puech quer primeiro que a polícia identifique quem possa ser responsável pela perda das ações, como parte de um processo paralelo, afirmaram as fontes.
Por esse motivo, o herdeiro da Hermès pediu que o processo civil fique suspenso enquanto avança a investigação criminal.
Em comunicado, a LVMH e seu acionista controlador, Bernard Arnault, negaram as acusações de Puech, afirmando que nunca desviaram nem foram proprietários, em qualquer momento, de ações “ocultas” da Hermès. A LVMH acrescentou que tem sido alvo de uma “campanha de imprensa coordenada” nas últimas semanas e que poderá tomar medidas legais para defender seus direitos.
Um advogado de Puech preferiu não comentar. Freymond morreu em julho, na Suíça.
O avanço mais recente na disputa judicial ocorre 15 anos após Arnault revelar que a LVMH havia construído silenciosamente uma participação na Hermès. Os herdeiros que controlam a grife se uniram e conseguiram barrar a investida indesejada.
O destino das ações de Puech nunca foi esclarecido, nem mesmo após o acordo firmado em 2014 entre Arnault e o clã Hermès para começar a desfazer a fatia de 23% da LVMH na Hermès.
O enigma aumentou quando Puech acusou Freymond de má administração de seus ativos. Embora as autoridades suíças tenham arquivado as acusações no ano passado, investigadores franceses conduzem seu próprio processo criminal.
O Le Canard Enchaîné informou nesta quarta-feira (3) que Arnault deverá ser ouvido pelos juízes no caso criminal francês, sem fornecer uma data.
-- Com a colaboração de Tara Patel. Reportagem atualizada às 16h38 para incluir o comentário da LVMH e de Bernard Arnault.
Veja mais em Bloomberg.com
Leia também
LVMH adia decisão sobre sucessão de Arnault e dá mais poder na moda a Pietro Beccari
Clã imobiliário da região de Miami compra área comercial para criar novo polo de luxo
©2025 Bloomberg L.P.








