Bloomberg Línea — A Gol (GOLL4) negociou acordo preliminar com parte dos credores para avançar no que espera que seja o processo de saída do Chapter 11 nos Estados Unidos (equivalente à recuperação judicial no Brasil).
Na noite desta quinta-feira (1), a companhia aérea informou por meio de fato relevante que um grupo de credores se comprometeu a adquirir US$ 125 milhões em “notas de financiamento de saída”, que compõem parte do US$ 1,9 bilhão previstos para a saída da companhia do Chapter 11.
O grupo detém parte das “Senior Secured Notes com vencimento em 2026”, títulos de dívida emitidos pela Gol com vencimento para o ano que vem.
A empresa informou que o acordo preliminar resolve “consensualmente a controvérsia relacionada ao tratamento a ser conferido a todos os detentores das Senior Secured Notes 2026 no âmbito do plano de reorganização da companhia submetido ao procedimento de Chapter 11”.
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Com a adesão do grupo, a Gol assegura compromissos de financiamento de saída do processo no total de US$ 1,375 bilhão.
A empresa precisará apresentar uma versão atualizada do plano para a Corte americana, incluindo a negociação com o grupo de credores.
As alterações incluem, entre outros pontos, que os detentores das Senior Secured Notes 2026 que não participarem do financiamento de saída receberão, proporcionalmente, até US$ 100 milhões em novas notas (“take-back notes”) não conversíveis em ações. Eles terão ainda o direito de subscrever, no total, até US$ 50 milhões do financiamento de saída.
No documento, a companhia destacou que o plano “promoverá uma redução significativa de seu endividamento”, mediante a conversão em capital ou extinção de até aproximadamente US$ 1,7 bilhão em dívidas financeiras pré-Chapter 11 e até US$ 850 milhões em outras obrigações.
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O Chapter 11 é um mecanismo da lei norte-americana que permite às empresas reestruturar dívidas, levantar capital e manter as operações em funcionamento. A Gol aderiu ao processo em janeiro de 2024. A concorrente Latam aderiu ao mecanismo em 2020 e concluiu em 2022.
Em paralelo, a Azul (AZUL4) e o grupo Abra, principal acionista da Gol, assinaram em janeiro deste ano um Memorando de Entendimento (MoU) não vinculante com a intenção de combinar seus negócios no Brasil.
Em entrevista à Bloomberg Línea logo após o anúncio, o CEO da Azul, John Rodgerson, afirmou que o negócio representa uma “grande oportunidade para os investidores e para os clientes”.
A Gol reiterou no fato relevante que espera concluir o processo de Chapter 11 em junho de 2025, ou seja, no próximo mês.
As ações da Gol sobem cerca de 4% nesta sexta-feira (2) na B3.
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