Bloomberg Línea — O Globoplay chega aos 10 anos de vida nesta segunda-feira (3 de novembro) com 30 milhões de usuários ativos mensais e liderança em engajamento no Brasil. Mas enfrenta um desafio relevante: romper a barreira da concentração demográfica que dificulta que a plataforma de de streaming do Grupo Globo consiga superar os rivais internacionais Netflix e Amazon Prime Video.
Tatiana Costa, responsável pelo conteúdo da plataforma, revelou que 65% do público é composto por mulheres acima de 35 anos. A executiva listou os três principais desafios para 2026: atrair mais o público jovem, expandir para além do eixo Rio-São Paulo e conquistar também a audiência masculina.
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Depois de uma década de operação, essas lacunas chamam atenção. A plataforma se apresenta como líder em engajamento e concorrente das gigantes internacionais no mercado local.
A resposta do streaming do maior grupo de mídia do Brasil vem por meio de volume: o Globoplay anunciou que vai ampliar em 68% o conteúdo original no ano que vem.
Serão mais de 8 séries premium, 10 microdramas, 12 documentários e uma novela original. A executiva explicou que a curadoria está a serviço dos desafios do negócio.
A aposta para conquistar o público jovem é a parceria com o roteirista Ron Levinson, criador da série Euphoria, um sucesso na HBO.
Costa disse que o profissional, entre outros projetos no mundo, escolheu trabalhar com o Globoplay. A futura série Paranoia vai trazer o DNA do criador, que dialoga com a audiência jovem.
A produção tem oito episódios, é ambientada no Rio de Janeiro e voltada para a Geração Z, segundo a revista Variety, que antecipou a parceria da Globo com Levinson em 12 de outubro.
Para o público masculino, a plataforma reforça o conteúdo de esporte.
A diretora executiva do Globoplay, Júlia Rueff, destacou a cobertura da Copa Libertadores, do Brasileirão, da Copa do Brasil e do Mundial de Clubes, além das temporadas da NFL e da Fórmula 1 no ano que vem. Mas reconheceu que tudo isso ainda não bastou: mesmo com um portfólio recheado de transmissões esportivas, a plataforma continua sendo feminina do ponto de vista do público.
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Outra novidade é o Globorama, formato de novelas com 40 episódios que mira o público jovem. “Vidas Paralelas”, do autor Walcyr Carrasco, inaugura a estratégia. Costa justificou a decisão observando o avanço das novelas turcas e dos doramas e fazendo uma provocação aos colegas dos estúdios Globo.
A ideia é disputar os mesmos públicos que migraram para produções asiáticas e turcas nas plataformas concorrentes - como na Netflix. A novela terá 40 episódios, em parceria com a TV Globo. O formato promete romance e histórias de superação.
Números que importam
A plataforma apresentou crescimento de 30% na base de assinantes neste ano. O consumo marca 2 horas e 9 minutos por usuário ao dia, segundo dados da Kantar citados durante entrevista coletiva na sede da emissora em São Paulo.
Mas quando questionada sobre quantos dos 30 milhões efetivamente pagam pelo serviço, a resposta foi evasiva. Rueff justificou que o número de base pagante não é declarado porque nenhum outro competidor divulga essa informação.
A explicação levanta questões, levando em conta parcerias como a que existe com a Claro, que oferece o Globoplay gratuitamente para sua base de banda larga.
Manoel Belmar, CFO da Globo e também responsável pela área de produtos digitais, destacou a saúde econômica do negócio. Ele afirmou que a empresa tem capacidade de investir e revelou que a margem operacional já está em dois dígitos.
A publicidade sustenta o modelo. Rueff informou que a receita publicitária cresceu 86% no ano passado. A plataforma lidera em lembrança de marca com 5,3 pontos, acima do segundo colocado no ranking.
Caminho pela frente
Questionada sobre o que o Globoplay ainda precisa fazer para se tornar líder do mercado, Rueff foi direta: falta tempo. Depois de dez anos, a plataforma ainda não superou as gigantes internacionais no Brasil, em essência a Netflix.
Belmar resumiu a estratégia afirmando que a visão precisa ser de ecossistema, porque seria “tolo” achar que as partes valeriam mais do que o todo. Em outras palavras: o Globoplay ainda depende da TV Globo para se sustentar.
Aos 10 anos de exisência, a plataforma tem conteúdo premiado internacionalmente e investe em produção. Mas precisa ainda provar que consegue atrair uma audiência tão diversa quanto o Brasil que diz representar.
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