‘Foco é crescer na América Latina e avançar no México’, diz CEO da Localiza

Bruno Lasansky afirma em entrevista à Bloomberg Línea que a meta é buscar a liderança em todos os mercados em que atua; na segunda maior economia da região, plano prevê oferecer todos os serviços, incluindo frota e carro por assinatura

Bruno Lasansky CEO Localiza
06 de Junho, 2025 | 05:00 AM
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Bloomberg Línea — Com uma frota de 630 mil veículos e 700 agências físicas em sete países, a Localiza (RENT3) tem como planos alcançar a liderança em todos os mercados em que atua. A operação mais recente da gigante de locação, no México, é uma das principais apostas para os próximos anos.

“Certamente o nosso foco é crescer na América Latina”, afirmou o CEO da Localiza, Bruno Lasansky, em entrevista à Bloomberg Línea (leia a seguir a primeira parte).

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A Localiza atua no Brasil, na Argentina, no Uruguai, no Paraguai, no Equador, na Colômbia e no México, onde a companhia iniciou as operações em 2023. Segundo o executivo, a entrada na segunda maior economia da América Latina representa um investimento de longo prazo.

“O México é um país extremamente interessante, com mais de 100 milhões de habitantes, 45 milhões de turistas e que produz cerca de três milhões de carros por ano”, disse Lasansky.

“Queremos desenvolver os segmentos de aluguel, de terceirização de frota e de carro por assinatura, assim como temos feito em outros países, especialmente no Brasil.”

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Em sua avaliação, a receita para avançar de forma eficaz em diversos países é dispor de uma atitude de curiosidade, com a cabeça de “eterno aprendiz” para entender a cultura local, a regulação e as necessidades dos clientes.

“Cada operação tem suas características e necessidades específicas. Ao mesmo tempo, carregamos valores culturais, princípios que norteiam nossas decisões, assim como todo o conhecimento de uma empresa que tem 52 anos de experiência”, afirmou.

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O executivo reforçou a visão de que é preciso humildade para tomar decisões de precificação, alocação de capital, processos e desenvolvimento de tecnologia, bem como gerenciar a experiência dos clientes e da operação em novos países.

“Para cada mercado, começamos tudo de novo, com um olhar jovem e curioso. Com o tempo, vamos afinando as competências e a proposta de valor, e só quando temos a convicção de que conseguiremos construir vantagens competitivas é que aceleramos a alocação de capital e o crescimento”, disse.

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Ele ressaltou que não se trata só de ter mais um país dentro do ecossistema da empresa. “Este não é um negócio global. O fato de sermos líderes em um mercado não nos habilita à liderança em outro”, afirmou.

Necessidade de reinvenção

Lasansky destacou o fato de que apenas 14 das 85 empresas que integram o Ibovespa têm mais de 20 anos de existência - a locadora completou 52 anos de vida e exatas duas décadas da abertura de capital em 2025.

Nesse período, a companhia saiu de uma frota com 30 mil veículos para mais de 630 mil; passou de R$ 780 milhões de capital investido para mais de R$ 50 bilhões e saltou de 1.800 funcionários para mais de 22.000.

“A despeito de nossos fundadores terem sonhado grande, são números inimagináveis. A companhia fez tudo isso gerando valor, com um retorno médio da ação de 22,4% ao ano, sendo a maior em valor de mercado do mundo no setor”, disse o executivo.

O market cap no fechamento nesta quinta-feira (5) foi da ordem de R$ 48 bilhões. No acumulado de 2025, a ação teve valorização perto de 40%.

O executivo afirmou que, ao longo dos anos, a companhia adquiriu o que apontou como uma capacidade de inovar e se reinventar mesmo em um cenário desafiador, com juros e depreciação elevados.

Como exemplo, Lasansky relatou que, desde o início da pandemia, em 2020, a Localiza tomou três grandes decisões: dobrar o investimento em tecnologia; lançar a solução de carro por assinatura, que hoje já conta com mais de 60 mil clientes; e realizar a fusão com a Locamerica (Unidas).

Essa união com a Unidas, concluída em 2022, foi considerada uma das operações concorrenciais mais complexas do país.

“A companhia está sempre buscando se reinventar, pois isso nos energiza a abrir caminhos”, disse.

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Para o próximo ciclo de 12 meses, o executivo destacou o foco no retorno do capital investido (ROIC), além da ampliação e do aprimoramento das soluções, tanto para pessoas físicas quanto jurídicas.

A locadora também tem como prioridade avançar na adoção de inteligência artificial generativa.

“A tecnologia permite oferecer experiências personalizadas, simples e com muito mais produtividade. E, além de jornadas customizadas, a nossa própria operação se torna muito mais eficiente.”

Segundo ele, a Localiza pretende manter a agilidade e a capacidade de adaptação para seguir em evolução. “No mundo de hoje, é preciso também liderar em agilidade”, disse.

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Juliana Estigarríbia

Jornalista brasileira, cobre negócios há mais de 12 anos, com experiência em tempo real, site, revista e jornal impresso. Tem passagens pelo Broadcast, da Agência Estado/Estadão, revista Exame e jornal DCI. Anteriormente, atuou em produção e reportagem de política por 7 anos para veículos de rádio e TV.