Fitch vê pressão crescente sobre empresas brasileiras com avanço do crédito privado

Agência de classificação de risco diz que exposição a fundos de crédito privado podem representar riscos maiores do que a credores tradicionais

Por

Bloomberg — As empresas brasileiras enfrentam pressão crescente devido à sua exposição a fundos de crédito privado, que se expandiram rapidamente nos últimos anos, segundo a Fitch Ratings.

Esses fundos podem hoje representar riscos de crédito maiores do que os de credores tradicionais, especialmente para companhias com governança frágil, pouca liquidez e desempenho operacional fraco, afirmou a agência de classificação de risco.

A demanda por dívida privada disparou à medida que a taxa básica de juros de 15% no Brasil levou as empresas a buscar alternativas de financiamento mais baratas fora do sistema bancário, ao mesmo tempo em que atraiu investidores que migraram de fundos multimercado e de ações em busca de retornos mais elevados.

“No entanto, o desempenho ruim dos fundos ou a incerteza no mercado podem levar investidores a pedir o resgate de seus recursos, o que pode forçar os gestores a liquidar ativos a preços desfavoráveis”, escreveram os analistas, entre eles Sergio Rodriguez Garza, em relatório publicado nesta segunda-feira (10). “Isso pode ampliar as perdas, gerar pressões de liquidez e criar riscos reputacionais.”

Leia também: Turbulência no mercado de dívida afeta planos de captação de empresas brasileiras

O Brasil enfrentou recentemente uma série de abalos no mercado de crédito — desde a queda dos títulos de empresas como Braskem e Ambipar até a desvalorização da dívida da joint venture de açúcar e etanol Raízen.

A Fitch comparou o cenário ao início de 2023, quando o colapso da varejista centenária Americanas praticamente paralisou o mercado local de crédito.

Embora em grande parte vistos como episódios isolados, e não como sinais de um problema sistêmico, os recentes episódios reduziram o apetite por títulos de novos emissores, empresas de menor porte e companhias mais alavancadas.

As preocupações “decorrem de eventos recentes de crédito, do ambiente de juros elevados e do crescimento da dívida bruta acima do Ebitda”, escreveram os analistas no relatório de 10 de novembro. “O risco é mais acentuado para empresas com baixa liquidez, alto endividamento e desempenho operacional fraco, além de negócios menores e com estruturas mais vulneráveis.”

Veja mais em Bloomberg.com

Leia também

Crises de dívida corporativa são casos pontuais, avaliam BlackRock, Itaú e Patria

No mercado de empresas brasileiras em crise, este banco global ganha protagonismo