Bloomberg — A Kraft Heinz se prepara para desmembrar alguns de seus negócios, disseram à Bloomberg News pessoas familiarizadas com o assunto.
De acordo com o plano, a gigante de alimentos de marcas como as que formam o seu nome poderia cindir grande parte de seu negócio de alimentos em uma nova entidade empresarial, segundo essas pessoas.
Isso permitiria que a empresa se concentrasse em segmentos de crescimento mais rápido, como o de molhos, disseram eles.
A Kraft Heinz ainda está em fase de finalização dos detalhes da cisão, que poderá ser anunciada nas próximas semanas, disseram as pessoas, que pediram para não serem identificadas para discutir informações confidenciais.
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As ações da Kraft Heinz estavam sendo negociadas com ganhos de 1,3% às 14h30 em Nova York nesta sexta-feira (11), o que representa um valor de mercado de cerca de US$ 31,7 bilhões. O Wall Street Journal informou sobre os planos no início do dia.
“Conforme anunciado em maio, a Kraft Heinz vem avaliando possíveis transações estratégicas para desbloquear o valor para os acionistas”, disse um porta-voz da empresa em resposta a uma consulta da Bloomberg News.
A Kraft Heinz foi formada em uma fusão avaliada em US$ 45 bilhões em meados de 2015, orquestrada pela 3G Capital, dos brasileiros Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira, e pela Berkshire Hathaway, de Warren Buffett.
O acordo criou um gigante de alimentos embalados com uma série de nomes conhecidos, desde o ketchup Heinz e o molho de tomate Classico até a gelatina e os cachorros-quentes Oscar Mayer, além do mac and cheese Kraft.
À época, era a quinta maior empresa de alimentos e bebidas do mundo.

Mas a empresa combinada tem enfrentado dificuldades para expandir suas vendas, com queda de receita nos últimos dois anos fiscais, à medida que o gosto do consumidor muda e a concorrência se intensifica.
A 3G Capital se desfez de sua participação na Kraft Heinz gradualmente nos últimos anos, até vender uma fatia de 16,1% que estava no quarto trimestre de 2023 - antes disso, já havia saído da gestão e do conselho.
A lucratividade, medida pela margem operacional, também caiu no ano mais recente. Em abril, a Kraft Heinz reduziu suas vendas anuais e suas perspectivas de lucro, citando a piora do sentimento do consumidor.
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As empresas de alimentos processados, de forma mais ampla, enfrentam o desafio da mudança de opinião dos consumidores, que optam por opções mais saudáveis, bem como por marcas de lojas mais baratas.
Órgãos reguladores federais também pressionam por listas de ingredientes mais curtas e mais naturais.
A reconfiguração do mundo dos alimentos embalados se acelerou nesta semana: a fabricante italiana de doces Ferrero, das marcas Nutella, Ferrero Rocher, Kinder e Tic Tac, concordou em adquirir a WK Kellogg, fabricante de Corn Flakes, Frosted Flakes, Froot Loops e outros cereais icônicos.
O valor dos negócios no setor de bens de consumo básico aumentou em mais de um terço este ano, chegando a US$ 138 bilhões, segundo dados compilados pela Bloomberg, impulsionados pelas empresas de alimentos.
A Bloomberg News informou na sexta-feira que o Performance Food Group atraiu o interesse de aquisição da US Foods Holding em um possível acordo que criaria uma empresa de distribuição de alimentos com vendas combinadas de aproximadamente US$ 100 bilhões.
-- Com a colaboração de Dinesh Nair.
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