Bloomberg — Warren Buffett, que transformou a Berkshire Hathaway em uma empresa avaliada em US$ 1,16 trilhão e se tornou um bilionário famoso por sua habilidade de investimento e frases espirituosas, deixará o cargo no final do ano após seis décadas no comando do conglomerado.
“Chegou a hora de Greg se tornar o Chief Executive Officer no fim do ano”, disse o investidor que se tornou uma lenda, hoje com 94 anos e oito meses.
Greg Abel, vice-presidente de operações na divisão que exclui seguradoras, assumirá o comando do conglomerado, disse Buffett neste sábado (3) ao fim da reunião anual de acionistas da empresa em Omaha, no estado de Nebraska.
“Não tenho nenhuma intenção, zero, de vender uma ação sequer da Berkshire Hathaway,” disse Buffett.
Segundo ele, trata-se de “uma decisão econômica, porque acho que as perspectivas da Berkshire serão melhores sob a gestão do Greg do que sob a minha.”
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A Berkshire cresceu ao longo das décadas com Buffett como presidente do conselho e CEO, com a escolha cirúrgica de aquisições e ações para o portfólio da empresa ao lado de seu assessor de confiança e vice-presidente, Charlie Munger, que faleceu em novembro de 2023 aos 99 anos.
O conglomerado adquiriu uma variedade impressionante de negócios, que Buffett frequentemente disse refletir a economia dos EUA como um todo dada a sua diversidade. Uma aposta na Berkshire, disse ele, era uma aposta na América.
E ele repetia: “nunca aposte contra os EUA”.
Com a saída de Buffett, uma era chega ao fim para a Berkshire Hathaway, e Greg Abel, 62 anos, assume o desafio de liderar a empresa em um futuro incerto, ainda que Buffett tenha dito que “continuará por perto”.
“Acredito que posso ser útil... se surgirem períodos de grande oportunidade ou algo assim,” mas Abel terá “a palavra final” em todas as decisões.
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A despedida na assembleia
Mais cedo, Buffett abordou as políticas tarifárias do presidente dos EUA, Donald Trump, e afirmou que o comércio “não deveria ser uma arma”.
“Você pode apresentar alguns argumentos muito bons para o fato de que o comércio equilibrado é bom para o mundo”, disse Buffett em resposta a uma questão sobre barreiras comerciais. “É um grande erro [aplicar as tarifas].”
“Não há dúvida de que o comércio pode ser um ato de guerra.” E acrescentou que os EUA “deveriam estar procurando negociar com o resto do mundo”.
“Na minha opinião, é um grande erro quando há 7,5 bilhões de pessoas [o tamanho da população mundial menos a americana] que não gostam muito de você, e 300 milhões que estão se gabando de alguma forma sobre o quão bem se saíram — eu não acho que isso seja certo, e não acho que seja inteligente.”
“Eu realmente acredito que, quanto mais próspero o resto do mundo se tornar, isso não será às nossas custas; quanto mais prósperos eles se tornarem, mais prósperos nós nos tornaremos — e mais seguros nós nos sentiremos, e os seus filhos se sentirão um dia", disse o investidor de 94 anos.
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“Os Estados Unidos ganharam. Nós nos tornamos um país incrivelmente importante, começando do nada 250 anos atrás. Não houve nada parecido.”
Caixa de R$ 348 bilhões
O lucro operacional da Berkshire Hathaway, liderada pelo CEO Warren Buffett, caiu 14%, para US$ 9,6 bilhões, conforme divulgado em um comunicado anterior à reunião anual em Omaha.
No fim de março, as cinco maiores participações da empresa ainda eram American Express, Apple, Bank of America, Coca-Cola e Chevron.
A Berkshire Hathaway foi uma vendedora líquida de US$ 1,5 bilhão em títulos de capital no trimestre, de acordo com o comunicado.
A receita de investimento da unidade de seguros aumentou 11% para US$ 2,9 bilhões, impulsionada por um aumento de 31% nos juros e outras receitas, à medida que a conglomerada detinha mais títulos do Tesouro.
O valor de mercado da Berkshire tem pairado acima de US$ 1 trilhão desde o final de janeiro, atingindo uma relação preço/valor contábil de 1,79 no fechamento do pregão de sexta-feira (2).
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