Ele foi diretor de vendas da Tesla. E agora quer reinventar a aviação comercial

Startup JetZero, liderada por Tom O’ Leary, pretende concorrer com Airbus e Boeing com um jato com design inspirado na forma de uma raia-manta; objetivo é começar a voar em 2027

A rendering of JetZero’s blended-wing jet.
Por Julie Johnsson
05 de Maio, 2025 | 02:32 PM

Bloomberg — A JetZero, startup que pretende concorrer com fabricantes de aviões que são líderes de mercado, está no caminho para colocar em operação o primeiro modelo em escala real de seu avião a jato em forma de raia-manta até o fim de 2027, afirmaram executivos na última sexta-feira (2).

A empresa está quase na metade dos principais marcos em seu processo de desenvolvimento para o chamado “avião demonstrador” e planeja fabricar e certificar as primeiras versões comerciais, disse Florentina Viscotchi, chefe de engenharia da JetZero, em entrevista na sede da empresa em Long Beach, na Califórnia.

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Os executivos “sentem-se muito confiantes” no primeiro voo até o final de 2027, conforme inicialmente projetado pela empresa, disse ela. “Ela está no caminho para ser realmente construída.”

Os próximos três anos serão críticos para a JetZero.

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A empresa está a poucas semanas de revelar um local de cerca de 400 hectares para sua fábrica principal - comparável em tamanho ao complexo da Boeing ao norte de Seattle ou a quatro campos de golfe, disse Tom O’Leary, um veterano da Tesla que é CEO da empresa em crescimento.

Ele foi diretor de Vendas e Marketing na empresa de carros elétricos de Elon Musk. E depois COO na startup BETA Technologies, que desenvolve eVTOL (veículos elétricos de pouso e decolagem vertical).

Ele também está alinhando parceiros industriais e financiamento, contando com um impulso à medida que o conceito do avião se aproxima da realidade.

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O’Leary descreveu sua visão para 2028: ter um avião no ar e uma fábrica no solo. “Essas são coisas que vão acontecer”, disse ele na entrevista.

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A empresa conquistou compromissos iniciais da Delta Air Lines e da United Airlines - e uma subvenção de US$ 235 milhões da Força Aérea dos EUA - para um conceito destinado a substituir o design tradicional de tubo e asa que dominou a aviação por décadas.

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O objetivo é acelerar o esforço em um momento em que a Boeing e a Airbus estão trabalhando com pedidos atrasados em níveis recordes e não planejam introduzir novos designs até meados ou final dos anos 2030.

No entanto levar seu design radical para o mercado é uma tarefa desafiadora, dado os bilhões necessários para estabelecer a fabricação e a cadeia de suprimentos, e os atrasos que as famílias de jatos estabelecidas da Boeing e da Gulfstream enfrentam para obter a certificação da Administração Federal de Aviação (FAA).

A aviação está repleta de empresas que tentaram desafiar o duopólio dos fabricantes de aviões, mais recentemente a aeronave C-Series da Bombardier.

O esforço quase quebrou a fabricante canadense, que vendeu uma participação majoritária para a Airbus por um valor simbólico de US$ 1.

A JetZero contratou uma equipe de engenharia e consultores que ajudaram a guiar o jato da Bombardier pela certificação.

Ainda assim, encontrou obstáculos, incluindo perder um modelo de jato em 12,5% da escala da versão final devido a um incêndio de bateria após um teste inicial, disseram executivos.

Os membros da equipe da JetZero, usando conceitos aprimorados durante seu tempo respectivo na Boeing e na McDonnell Douglas, estão desenvolvendo uma aeronave que acomodaria cerca de 250 pessoas em uma cabine de jato em forma triangular.

Ela é mais larga do que os jatos convencionais e ostenta uma fuselagem mais curta que contribui para sustentação e economia de combustível.

Há dois motores empilhados na parte traseira no lugar da cauda para fornecer energia e estabilidade.

“Não estamos dizendo que é fácil, mas temos pessoas que já fizeram isso antes”, disse Bethany Davis, ex-executiva da Gulfstream que é chefe de sistemas e certificação da JetZero.

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