Depois do táxi aéreo, Líder Aviação mira o agronegócio com nova base em Goiás

Um voo de ida e volta entre Goianápolis e Belo Horizonte em jato da companhia custa R$ 68.500 e leva cerca de 1h10; Bruna Assumpção, diretora superintendente de aviação executiva, contou à Bloomberg Línea o racional da estratégia

Jato HondaJet
18 de Setembro, 2025 | 10:37 AM

Bloomberg Línea — A Líder Aviação, um dos principais players em aviação executiva do país, decidiu ampliar sua presença no Centro-Oeste para atender à crescente demanda do agronegócio.

Desde agosto, a companhia posicionou um jato HondaJet no Aeródromo Liberty, em Goianápolis (GO), com foco no atendimento a empresários e produtores da região, que sofrem com a baixa oferta de voos comerciais, disse Bruna Assumpção, diretora superintendente de aviação executiva da companhia, em entrevista à Bloomberg Línea.

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“Estamos atentos ao crescimento da demanda por deslocamentos rápidos em áreas com pouca conectividade aérea. Ter uma aeronave estrategicamente posicionada em Goiás nos permite reforçar a proximidade com os clientes do agro”, disse a executiva.

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A movimentação faz parte de uma estratégia que busca ampliar a capilaridade da empresa em regiões escolhidas a dedo pelos executivos, explicou Assumpção, que contou que a região de Goiás está no radar da empresa desde o início do ano.

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Segundo dados do Instituto Brasileiro de Aviação (IBA), a aviação geral conectou 3.212 aeródromos no país em 2024, contra apenas 190 da aviação comercial. O Centro-Oeste concentra 27% dos jatos no Brasil, de acordo com a Associação Brasileira de Aviação Geral (ABAG).

Um voo de ida e volta entre Goianápolis e Belo Horizonte no HondaJet, com capacidade para até seis passageiros, custa R$ 68.500, com tempo estimado de 1h10.

No primeiro mês de operação, a aeronave superou a meta ao acumular 44 horas voadas, segundo a companhia.

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Bruna Assumpção, diretora superintendente de aviação executiva da Líder

Além de Goiás, a empresa mantém uma base no Centro-Oeste em Brasília (DF). A maior parte das operações, no entanto, está no Sudeste, com presença em aeroportos de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Espírito Santo.

Há ainda bases no Nordeste, em Salvador, Aracaju, Recife e Fortaleza; no Norte, em Belém e Manaus; e, no Sul, em Curitiba.

Planos no radar

Em 2024, a Líder registrou faturamento de R$ 1,2 bilhão, um crescimento de 23% em relação a um ano antes. Para este ano, a projeção da companhia está em linha com o desempenho do ano passado com um avanço de 22%.

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Fundada em Belo Horizonte (MG), a companhia é dividida em unidades de negócio: fretamento e gerenciamento de aeronaves; manutenção de aeronaves; serviços aeroportuários e operação de helicópteros para a indústria de óleo e gás, segmento que responde pela maior parte do faturamento, com mais de 1 milhão de horas voadas.

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O intuito da companhia é o de ser uma espécie de “one-stop-shop" do setor, para diferentes públicos e necessidades.

Para a executiva, um ponto que ajuda a entender o avanço da aviação executiva nos últimos anos é a relação das pessoas com o tempo, em que reside “o verdadeiro luxo”: “muitas vezes associam o setor ao luxo, mas, na prática, trata-se de uma ferramenta de trabalho que conecta empresários às regiões em que precisam estar. O tempo é o verdadeiro luxo”, disse.

Em abril deste ano, a CEO da Líder Aviação, Junia Hermont, disse em entrevista à Bloomberg Línea que o mercado brasileiro de jatos executivos ainda comporta expansão, com novos contratos de longo prazo principalmente nos setores de óleo & gás e oferta ampliada de aeronaves e bases operacionais em São Paulo para atender à demanda crescente.

Ao mesmo tempo, analistas do Citi apontaram em relatório recente que há uma mudança no perfil desse mercado: há maior procura por jatos de maior porte, com autonomia para voos internacionais, impulsionada não apenas pela expansão do agro e da indústria mas também pela internacionalização de empresas.

Próximos passos

O avanço no agro vem acompanhado de uma maior diversificação da companhia, com a entrada na área de mobilidade aérea elétrica.

Em agosto deste ano, a Líder anunciou uma parceria com a americana Beta Technologies para trazer ao Brasil aeronaves elétricas de decolagem convencional (eCTOL) e vertical (eVTOL).

A expectativa é que a Beta Technologies obtenha a certificação do modelo eCTOL nos Estados Unidos no fim de 2026 e, cerca de seis meses depois, no Brasil, com início da operação previsto para meados de 2027.

Até o momento, a empresa encomendou três aeronaves, com 50 opções de compra.

O custo de operação deve ser um dos atrativos do negócio: em um voo de teste nos EUA, o gasto com eletricidade foi de apenas US$ 8 para a rota entre os Hamptons e o aeroporto JFK, em Nova York, contou Assumpção.

A expectativa é que o custo seja até 50% menor do que o de helicópteros convencionais.

-- Com colaboração de Sérgio Ripardo.

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