De parceria com Nike ao jeans clássico: o plano da Levi’s para driblar as tarifas

Empresa eleva projeção de receita e surpreende o mercado ao prever crescimento mesmo com impacto das tarifas de Trump; houve também antecipação de importações e renegociação com fornecedores

Vendas em lojas incluíram novas categorias de vestuário, segundo os resultados financeiros
Por Lily Meier
11 de Julho, 2025 | 10:34 AM

Bloomberg — A Levi’s aumentou o guidance (projeção) de receita e agora a fabricante do icônico jeans 501 espera que o crescimento das vendas supere o efeito adverso das tarifas comerciais do presidente Donald Trump.

A empresa agora prevê que a receita aumente entre 1% e 2% para o ano fiscal atual, acima da estimativa média dos analistas e da visão anterior de que as vendas cairiam de 1% a 2%.

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Não que as tarifas não causem impacto: a Levi’s também reduziu ligeiramente o seu guidance para a margem bruta devido às taxas: a empresa considerou como 30% para produtos importados da China e 10% para o resto do mundo.

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As ações saltaram 7,1% nas negociações pré-mercado nesta sexta-feira (11). Até o momento, as ações avançaram 14% neste ano.

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Os resultados sugerem que os esforços da Levi’s para diversificação em novos produtos e categorias - parte do que a empresa chama de “estilo de vida denim da cabeça aos pés” - estão valendo a pena.

Liderada pela CEO Michelle Gass, a Levi tem procurado expandir suas ofertas, que incluem bonés e aventais.

A empresa acertou uma collab com a Nike para vender tênis Air Max 95 de brim e procura aumentar as vendas por meio de suas próprias lojas e site.

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Em uma call com analistas na tarde de quinta (10), Harmit Singh, diretor financeiro e de crescimento, atribuiu o bom desempenho da empresa ao “foco no lazer” na marca principal da Levi’s e à sua crescente estratégia direta ao consumidor.

“Nosso negócio de comércio eletrônico é agora um negócio lucrativo”, disse ele. “Costumava ser um empecilho.”

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Os jeans continuam no topo dos mais vendidos da empresa, mas ela progride na venda de camisas polo e camisetas para homens, e jaquetas, vestidos e tops para mulheres.

A empresa disse que observou uma maior venda de seus produtos de preço integral.

O impacto das tarifas sobre a lucratividade, excluindo os esforços de mitigação, deve ser de US$ 25 milhões a US$ 30 milhões até o final do ano, disse Singh em uma entrevista à Bloomberg News.

A receita do trimestre encerrado em 1º de junho aumentou 6%, para US$ 1,4 bilhão, superando a estimativa média dos analistas.

Em uma base anual, as vendas cresceram pelo quinto trimestre consecutivo, enquanto Wall Street esperava um declínio.

Antecipação de compras e negociação com fornecedores

Mais da metade das necessidades de mercadorias da Levi’s nos EUA para o resto do ano já foram importadas para o país, disse Singh. A empresa tentou mitigar o efeito das tarifas fazendo alterações de preços “direcionadas”, diversificando sua cadeia de suprimentos e negociando com os fornecedores.

No início deste ano, a Levi foi uma das primeiras grandes empresas de vestuário a divulgar seus lucros depois que Trump anunciou tarifas abrangentes em 2 de abril.

O guidance anterior da empresa não levou em conta as tarifas, mas, desde então, vários concorrentes sinalizaram seus efeitos esperados, juntamente com a cautela geral do consumidor.

A American Eagle Outfitters retirou totalmente seu guidance, citando descontos e excesso de estoque, entre outros problemas.

As ações da Gap despencaram no final de maio, depois que a empresa projetou um impacto tarifário de até US$ 300 milhões.

-- Com a colaboração de Subrat Patnaik.

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