De olho no agro: Ram venderá Dakota no Brasil para avançar entre picapes médias

Marca americana, parte da Stellantis, produzirá o veículo na fábrica de Córdoba, na Argentina, com vendas em mercados da América do Sul; no Brasil a partir de 2026, enfrentará líderes como Toyota Hilux, Chevrolet S10 e Ford Ranger

Dakota RAM
17 de Agosto, 2025 | 08:04 AM

Bloomberg Línea — A Ram, marca do grupo Stellantis, anunciou a chegada da nova Dakota ao Brasil. De olho na relevante categoria de picapes médias, que tem no agronegócio seu grande público, a montadora norte-americana deve disputar mercado com marcas líderes no campo como Toyota, Chevrolet e Ford.

A Ram apresentou o conceito do veículo na noite da última quarta-feira (13), em São Paulo. A produção será feita na planta de Córdoba, na Argentina, e faz parte do pacote de investimentos de R$ 2 bilhões da Stellantis no país vizinho até 2030. Na unidade também é fabricada a picape Titano, da Fiat.

PUBLICIDADE

A nova Dakota chegará ao mercado argentino no fim deste ano e ao Brasil no início de 2026.

A primeira geração da Dakota foi lançada em meados da década de 1980 pela marca Dodge, do grupo Chrysler.

O modelo chegou a ser fabricado no Brasil entre 1998 e 2001. Em 2009, a Chrysler decidiu transformar a Ram, que até então era uma família de picapes da Dodge, em marca independente. Em 2011, a Dakota foi descontinuada globalmente.

PUBLICIDADE

“Agora, somos o único grupo que produz picapes em todos os segmentos na região”, disse o CEO da Stellantis para América do Sul, Emanuele Cappellano.

Em Betim, Minas Gerais, a Fiat produz o modelo de entrada Strada; em Goiana, Pernambuco, são fabricadas as picapes Fiat Toro e Ram Rampage, ambas também de entrada.

Leia mais: IPI Verde: quais modelos de carros já estão à venda com desconto

PUBLICIDADE

As líderes em picapes médias no Brasil são velhas conhecidas do mercado local: Toyota Hilux, Chevrolet S10 e Ford Ranger, que, juntas, somam 76% do market share do segmento, segundo dados da Bright Consultoria Automotiva.

De acordo com o diretor de marketing de produto da Ram para a América do Sul, Vitor Bohnenberger, de 60% a 70% das vendas da nova Dakota têm potencial para ocorrer no interior do Brasil. “Esse tipo de veículo pode ser usado no dia a dia, para o trabalho, lazer. A picape é uma aliada do proprietário.”

ram dakota

Devido a um acordo automotivo firmado entre Brasil e Argentina, montadoras que atendem determinados requisitos, como índice mínimo de nacionalização, têm isenção de tarifas de importação no comércio entre os dois países.

PUBLICIDADE

A expectativa é que, da planta de Córdoba, as picapes Dakota também sejam exportadas para outros mercados da América do Sul.

Ampliação de portfólio

A Ram considera que a história da montadora deu um salto no país com a chegada, em 2019, da picape 2500 ao mercado local.

Desde então, as vendas da marca passaram de 650 unidades naquele ano para mais de 30.000 em 2025, segundo projeção do grupo.

O número de concessionárias Ram também foi multiplicado no Brasil, passando de cerca de 40 em 2019 para 140 nos dias de hoje.

Em termos de portfólio, a estratégia de produzir a picape Rampage (posicionada uma categoria abaixo da Dakota) em Goiana tornou a compra de um veículo da montadora mais acessível, afirmou o vice-presidente da marca Ram para a América do Sul, Juliano Machado.

“Nosso passo mais ousado foi o lançamento da Rampage produzida localmente. O Brasil é o maior mercado da Ram fora da América do Norte e ainda temos espaço para avançar mais”, disse o executivo.

Bohnenberger acrescentou que a nova Dakota representa para a Ram a possibilidade de conquistar uma fatia de mercado em um segmento em que até então a marca não estava presente.

“Trata-se do segundo produto [do grupo] produzido na Argentina, que completa nosso portfólio e representa uma grande oportunidade de aumentar a presença da marca nas ruas”, disse Bohnenberger.

Os executivos não comentaram sobre preços e expectativa de vendas. Na categoria de picapes médias, os preços dos modelos mais vendidos ficam na casa de R$ 350 mil.

“Não é o momento para falar de volumes de vendas, mas tenho certeza de que é a picape da Ram que o consumidor esperava”, afirmou Bohnenberger.

Leia também

Localiza vê avanço de carro por assinatura e mantém foco em rentabilidade, diz CEO

Redução do IPI de ‘carro popular’ é alívio para indústria e novo revés a locadoras

Juliana Estigarríbia

Jornalista brasileira, cobre negócios há mais de 12 anos, com experiência em tempo real, site, revista e jornal impresso. Tem passagens pelo Broadcast, da Agência Estado/Estadão, revista Exame e jornal DCI. Anteriormente, atuou em produção e reportagem de política por 7 anos para veículos de rádio e TV.