Dasa acelera expansão com agenda que vai de produtividade a novos produtos, diz CEO

Em entrevista à Bloomberg Línea, Rafael Lucchesi explica o plano por trás do crescimento de 12% em medicina diagnóstica no terceiro trimestre, com avanço de 27% no Ebitda comparável, e diz que resultado reflete a evolução em várias frentes

Unidade da Alta Excelência Diagnóstica, marca premium da Dasa (Foto: Reprodução/Instagram)
14 de Novembro, 2025 | 09:03 AM

Bloomberg Línea — Em sua nova fase de foco voltado ao core business de medicina diagnóstica, a Dasa acelerou o ritmo de crescimento, voltou a ampliar margens e reduziu sobremaneira a sua alavancagem, um fator de risco que pesou sobre a companhia por muitos anos, mas agora cada vez mais mitigado.

Os resultados do terceiro trimestre, divulgados na noite de quinta-feira (13), mostraram a evolução da empresa em diferentes frentes, sem que tivesse havido um evento não recorrente ou uma iniciativa com maior impacto.

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“Foi um trimestre em que conseguimos mais volume e mais receitas usando os nossos ativos atuais, com pouca expansão de metro quadrado, ou seja, com muito mais produtividade, e mantendo os níveis de qualidade do atendimento”, disse Rafael Lucchesi, CEO da Dasa, em entrevista à Bloomberg Línea.

“Mais importante do que o resultado do trimestre, que consideramos um marco, é o fato de que a Dasa tem evoluído com um plano de longo prazo, que prioriza a consistência da operação”, disse o executivo.

A receita bruta consolidada cresceu 12%, para R$ 2,286 bilhões, na métrica comparável de medicina diagnóstica, e isso mesmo com a queda na operação internacional em razão de efeito cambial. No segundo trimestre, o crescimento do segmento havia sido de 6%.

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A receita líquida avançou acima do esperado segundo o consenso de projeções de analistas pela Bloomberg.

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O Ebitda consolidado (métrica de geração de caixa operacional) ficou em R$ 691 milhões, acima dos R$ 582,9 milhões projetados no consenso da Bloomberg, com queda de 8% na base anual sob efeito da exclusão de hospitais segregados para formar a Rede Américas (a joint venture com a Amil).

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Com a exclusão de efeitos não recorrentes, alguns dos quais relacionados com a desconsolidação dos hospitais da Rede Américas, como equivalência patrimonial, o Ebitda comparável teve aumento de 26,9% no terceiro trimestre.

Segundo o executivo, a Dasa continuar a atuar em diferentes frentes para acelerar o crescimento.

O segmento premium, com a marca Alta Excelência Diagnóstica, teve aumento de penetração e expansão acima da média nacional, ou seja, superior a 14,6%, o que ajudou a elevar a alta consolidada, a exemplo do atendimento domiciliar.

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Houve aumento de 13,8% no número de exames e de 0,5% no ticket médio.

Outros dois destaques apontados foram o lab to lab, de atendimento a outros laboratórios no modelo B2B, que representam mais de metade dos exames realizados, para mais de 8.000 clientes em serviços terceirizados, conforme mostrado em reportagem recente da Bloomberg Línea; e novos produtos (veja mais abaixo).

“Não houve nem há uma única explicação para a melhora dos resultados. Há um ‘empilhamento’ de iniciativas”, disse Lucchesi.

O relacionamento com fontes pagadoras (operadoras de saúde) também ajudou a impulsionar o crescimento, com aumento do número de vidas atendidas.

Por outro lado, a Dasa teve “crescimento importante” do chamado out of pocket, que são clientes sem plano de saúde ou que contratam exames e outros serviços sem cobertura por sua operadora - e é uma frente de investimento em divulgação e marketing para atrair mais pessoas, segundo o executivo.

Rafael Lucchesi, novo CEO da Dasa: planos de avançar com agenda de digitalização de processos e de ganho de produtividade no grupo de medicina diagnóstica e de hospitais (Foto: Divulgação)

Houve ganhos de produtividade com iniciativas como uso de IA (Inteligência Artificial) em máquinas de imagens, com aumento do número de exames por equipamento, menos tempo para o paciente e maior assertividade para o resultado.

Os investimentos em digitalização se refletem no aumento do número de pacientes que realizam o agendamento de exames pelo app, bem como procedimentos de pré-atendimento, o que melhora o fluxo nas unidades. Isso também permite que a empresa consiga crescer no volume de exames com diluição de custos.

Essas iniciativas têm sido executadas sem que o nível de qualidade percebido pelos pacientes tenha sido afetado: o NPS (Net Promoter Score) ficou em 76,9, perto dos 76,4 do segundo trimestre e dos 77,4 do mesmo período em 2024.

Ao mesmo tempo, a Dasa manteve o seu programa de busca de eficiência operacional, com controle ou redução de custos, que incluiu, por exemplo, avanço na digitalização, renegociação de contratos com alguns fornecedores.

Lucchesi disse que a nova estrutura organizacional está mais “enxuta”, com uma composição que reúne novos executivos contratados e promoções internas.

Como reflexo dessas iniciativas e ajustes, as despesas comerciais, gerais e administrativas recuaram 8,7% no terceiro trimestre na base comparável.

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Tudo isso somado, a empresa conseguiu ampliar a margem bruta em cinco pontos percentuais em um ano, encerrando o terceiro trimestre em 33,8%.

Além da melhora operacional, a Dasa conseguiu avançar na frente das despesas financeiras, com redução de gastos com juros em razão da dívida menor - houve queda de 27,8% no resultado financeiro líquido (despesa).

A dívida financeira líquida, que exclui aquisições a pagar e antecipação de recebíveis, teve queda de R$ 685 milhões entre julho e setembro e passou para R$ 6,7 bilhões ao fim do período, graças à venda de ativos não estratégicos e à geração de caixa, que ficou em R$ 481 milhões.

“A nossa geração de caixa em nove meses pagou o capital de giro, o capex e os juros da dívida e que ainda ficou positivo”, afirmou o executivo.

Como consequência, a alavancagem medida pela dívida sobre o Ebitda LTM (últimos doze meses) recuou para 2,62x, versus 2,82x no segundo trimestre e 4,07x no mesmo período de 2024, período em que a empresa estava pressionada.

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Essa combinação de mais receitas e menores despesas financeiros permitiu que a Dasa encerrasse o trimestre com lucro líquido de R$ 97 milhões, em reversão ao prejuízo líquido de R$ 87 milhões no mesmo período de 2024.

A Dasa iniciou uma nova fase com o closing do acordo da joint venture em hospitais com a Amil, que resultou na formação da Rede Américas, em abril.

Isso abriu caminho para que um dos maiores grupos de saúde do país, controlado pela família Bueno, voltasse a contar com a medicina diagnóstica como prioridade, sob a liderança de Rafael Lucchesi, que já liderava a vertical de negócios.

Lucchesi ressaltou que a Dasa tem uma agenda de longo prazo que é tratada internamente com a analogia a uma árvore, com mudas e sementes - estas são iniciativas que evoluem gradualmente para gerar crescimento futuro.

Ao longo de 2025, a companhia lançou 80 produtos e soluções, com avanço destacado em oncologia, saúde da mulher, infectologia e doenças raras.

Um exemplo apontado é o da biópsia líquida, desenvolvida em colaboração com instituições globais de referência e que permite identificar alterações genéticas relevantes para o tratamento de câncer por meio de coleta de sangue.

Os novos produtos também tiveram papel para o crescimento das receitas, como citado anteriormente - e esse efeito tende a aumentar com o tempo.

As ações da Dasa (DASA3) estão praticamente estáveis no acumulado de 2025, mas subiram 60% no segundo semestre.

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