Da alta renda ao Minha Casa Minha Vida: a estratégia de expansão da Moura Dubeux

Incorporadora líder em alto padrão do Nordeste avança com a marca Mood, criada para renda média, que entra no Minha Casa Minha Vida com chegada da faixa 4; segmento Única, voltado para a faixa 3 do programa, será lançado no final do ano

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Bloomberg Línea — A Moura Dubeux, incorporadora líder em alto padrão no Nordeste, tem ampliado o “apetite” por imóveis voltados para média e baixa renda. Os dois segmentos combinados podem responder por até 50% das vendas até 2030.

A expectativa da empresa pernambucana é alcançar R$ 4 bilhões em vendas, com metade do valor vindo da marca Moura Dubeux, de alto padrão.

Os outros R$ 2 bilhões viriam da Mood e da Única, as marcas do grupo criadas para média e baixa renda, respectivamente.

“Nossa ambição seria alcançar um resultado meio a meio”, afirmou Diego Villar, CEO da Moura Dubeux, em entrevista à Bloomberg Línea.

A companhia tem, atualmente, um patamar de R$ 1,25 bilhão em vendas brutas segundo o resultado do segundo trimestre de 2025.

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A Mood foi lançada pela incorporadora em 2023 para atender famílias com renda mensal de R$ 8.000 a R$ 15.000 – segmento que, à época, estava imediatamente acima da faixa atendida pelo programa habitacional federal Minha Casa Minha Vida (MCMV).

Com a criação de um novo segmento de renda para o programa, o faixa 4, os lançamentos da Mood ficaram parcialmente cobertos pelo MCMV.

A nova faixa, criada em abril de 2025, enquadra no programa as famílias com renda de R$ 8.000 a R$ 12.000.

“Ainda é cedo para dizer que a faixa 4 será transformacional para a Mood. Mas vemos como positivo ter mais uma linha de crédito para o cliente com juros menos exorbitantes”, avaliou.

O segmento é definido como uma das vias mais importantes de crescimento da empresa. Abrigou 13 lançamentos desde 2023 e respondeu por 22,4% do valor geral de vendas (VGV) da companhia no segundo trimestre.

“Nós nos concentramos no segmento de entrada da classe média - e no de altíssimo padrão. Isso explica parcialmente o bom resultado operacional, apesar da perspectiva macroeconômica mais desafiadora”, afirmou o CEO.

A incorporadora irá continuar fora da fatia de média renda que fica entre os empreendimentos da Mood e os de alto padrão lançados da marca Moura Dubeux.

Para os próximos meses, a incorporadora deve aumentar ainda o apetite no MCMV com a estreia da marca Única, que tem dois lançamentos programados para o fim deste ano de 2025.

Os projetos devem ser enquadrados na faixa 3 do MCMV, que atende famílias com renda de R$ 4.700 a R$ 8.000.

O novo passo na baixa renda virá após o que Villar classificou como “consolidação” da companhia.

“Saímos de uma empresa que lança de R$ 2 bilhões a R$ 3 bilhões por ano para outra que lança R$ 4 bilhões. É uma mudança de patamar que agora se consolida”, disse.

A Moura Dubeux apresentou na quarta-feira (13) um lucro líquido recorde de R$ 120 milhões, alta de 60,6% frente ao resultado apresentado no mesmo período do ano anterior.

A receita, por sua vez, alcançou R$ 665 milhões, avanço de 69,6% em base anual.

No segundo trimestre de 2025, a incorporadora lançou seis empreendimentos que somam R$ 1,86 bilhão em VGV líquido – crescimento de 192,4% em relação ao segundo trimestre do ano passado.

Na avaliação de Villar, o avanço da Moura Dubeux ainda não foi precificado pelo mercado.

As ações da companhia (MDNE3) fecharam o pregão da quarta-feira negociadas a R$ 23,21 – pouco acima dos R$ 19 da oferta pública inicial de ações (IPO) realizada em 2020.

“A ação só vai estar razoavelmente no preço quando avançar de 40% a 60% em relação ao patamar atual. Falta o mercado entender que esse novo tamanho de companhia é algo perene”, avaliou.

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