Cosan estrutura captação de R$ 10 bi com BTG Pactual e Perfin para reduzir dívida

Grupo de Rubens Ometto fará duas ofertas de ações no total de 2 bilhões de papéis; primeira operação terá participação garantida de BTG Pactual, Perfin e family offices de Ometto

Brazil's Sugar Leader Raizen To Sell Assets, Cut Investments
21 de Setembro, 2025 | 08:32 PM

Bloomberg Línea — A Cosan (CSAN3), do bilionário Rubens Ometto, estruturou uma captação de pelo menos R$ 10 bilhões, podendo alcançar R$ 12,75 bilhões, com participação garantida do BTG Pactual (BPAC11) e da Perfin Infra, gestora de fundos em energia, rodovias, saneamento e carbono.

O movimento visa quitar dívidas e dar fôlego financeiro ao grupo que atua nos setores de energia, açúcar e etanol e logística.

PUBLICIDADE

A operação inclui duas ofertas de ações que podem chegar a 2 bilhões de papéis, com preço fixo de R$ 5 por ação, segundo fato relevante divulgado neste domingo (21).

A transação marca uma tentativa da Cosan de resolver seus problemas financeiros com apoio de investidores de peso do mercado brasileiro. A operação representa uma desalavancagem, reduzindo entre um terço e quase metade da dívida bruta da holding.

Leia mais: Ricardo Mussa deixa Cosan depois de 17 anos no grupo de Rubens Ometto

PUBLICIDADE

O acordo de captação da Cosan foi celebrado entre a companhia e acionistas controladores nas holdings Aguassanta Investimentos e Queluz, family offices da família de Rubens Ometto, fundador e chairman do grupo.

O BTG Pactual e a Perfin garantiram a compra de pelo menos 1,45 bilhão de ações por R$ 5 cada uma. Essa primeira venda pode crescer 25% se houver demanda. Os family offices de Rubens Ometto também vão participar da primeira oferta.

A captação de R$ 10 bilhões a R$ 12,75 bilhões reduzirá a dívida bruta da Cosan entre 36,1% e 46%, passando dos atuais R$ 27,7 bilhões para uma faixa de R$ 14,95 bilhões a R$ 17,7 bilhões. O impacto na dívida líquida corporativa será de uma redução entre 42,2% e 53,8%, saindo de R$ 23,7 bilhões para R$ 10,95 bilhões a R$ 13,7 bilhões.

PUBLICIDADE

A primeira oferta seguirá as regras da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) para empresas grandes. Não haverá direito de preferência para os atuais acionistas. O BTG e a Perfin já se comprometeram a comprar todas as ações disponíveis.

A segunda venda será diferente. Os atuais donos de ações da Cosan terão prioridade para comprar até 550 milhões de papéis. O preço será o mesmo da primeira oferta.

Juntas, as duas operações não podem ultrapassar 2 bilhões de ações. Se necessário, a segunda venda será reduzida para não passar desse limite.

PUBLICIDADE

As ações terão períodos diferentes de venda restrita. Metade dos papéis comprados por outros investidores ficará bloqueada por dois anos.

O BTG Pactual e a Perfin aceitaram as regras de lock-up. Metade de suas ações ficará bloqueada por quatro anos. O restante não poderá ser vendido por 100 dias.

Já as ações da segunda oferta poderão ser negociadas livremente. Isso protege os atuais acionistas que exercerem o direito de preferência.

Próximos passos

A Cosan diz que usará todo o dinheiro da captação para pagar dívidas. A empresa enfrenta pressão por causa do alto endividamento, que limita sua capacidade de investimento.

A companhia quer “promover desalavancagem relevante de sua estrutura de capital”, segundo o fato relevante. O objetivo é dar mais flexibilidade financeira e destravamento de valor para os acionistas.

Leia mais: Raízen encerra joint venture com a Femsa e deixará de ser sócia da Oxxo no Brasil

A operação precisa ser aprovada em assembleia. Os acionistas devem autorizar o aumento do capital da empresa para até 8 bilhões de ações. Também será necessário dispensar o BTG Pactual e a Perfin da obrigação de fazer oferta pública de aquisição (OPA) por participação relevante.

A Cosan tem até três dias úteis para convocar a assembleia. A primeira oferta deve ser concluída até 14 de novembro.

O BTG Pactual e a Perfin são considerados investidores estratégicos e possuem carteiras diversificadas em infraestrutura.

Setor em transformação

O setor sucroenergético brasileiro enfrenta desafios. Os preços das commodities são voláteis e há necessidade de investimentos em modernização.

A desalavancagem pode dar à Cosan mais espaço para investir em seus negócios principais. A empresa também poderá ter mais flexibilidade para aproveitar oportunidades de mercado.

No final do primeiro semestre, a dívida bruta da Cosan (excluindo arrendamentos, mas incluindo ações preferenciais) permaneceu estável em R$ 27,7 bilhões, um incremento de R$ 31 milhões no trimestre.

“É importante ressaltar que a Cosan continua a desfrutar de um nível amplo de liquidez, com cerca de R$ 4 bilhões em caixa e nenhuma dívida com vencimento até 2028 (R$ 3,7 bilhões)”, ressaltaram analistas da XP, em recente relatório sobre o balanço do segundo trimestre divulgado em agosto.

Também a dívida líquida corporativa da Cosan no nível da holding (incluindo o valor de resgate de ações preferenciais de R$ 6,2 bilhões) ficou praticamente estável em R$ 23,7 bilhões, alta de R$ 268 milhões no trimestre.

A Cosan fará teleconferência pública na segunda-feira (22), às 9h, para explicar a operação. As consultorias BR Partners e G5 Partners darão opinião sobre se os termos são justos para os acionistas. Um acordo entre os investidores será assinado quando a primeira oferta for concluída.

Leia também

Como o BTG Pactual passou de uma força em sales & trading a um império bancário